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HIROSHI BOGÉA ON-LINE: Contaminação da água do rio Tocantins e permanente descarte de lixo na orla de Marabá preocupam professora da Unifesspa

Publicado: Terça, 08 de Fevereiro de 2022, 11h09 | Última atualização em Terça, 08 de Fevereiro de 2022, 11h34 | Acessos: 1707

Veículo: Hiroshi Bogéa On-line

Data:  04/02/2022

Link: https://www.hiroshibogea.com.br/contaminacao-da-agua-do-rio-tocantins-e-permanente-descarte-de-lixo-na-orla-de-maraba-preocupam-professora-da-unifesspa/

 

As metas planejadas no âmbito da campanha de conscientização e coleta de lixo no rio Tocantins, durante a enchente de 2022,  foram amplamente alcançados.

Os resultados, no entanto, são preocupantes.

Informação é da professora e  pesquisadora da Unifesspa (Universidadee Federal do Sul/Sudeste do Pará) Andrea Hentz, que idealizou e está à frente da execução do projeto.

Os parâmetros,  sobre a qualidade da água são apresentados a partir da coleta de amostras de água no rio Tocantins em Marabá, e em um raio de 400 m2 a partir da Orla Sebastião Miranda, abrangendo os bairros Santa Rosa e Cabelo Seco.

Análises da água  coletada em 40 pontos definidos previamente na orla do rio, mais precisamente nos bairros Santa Rosa e Cabelo Seco, revelam que 90% das amostras observaram a presença de coliformes totais ( grupos de bactérias), enquanto que em 84,74% dos laudos avaliados,  a água não possuía condição satisfatória para consumo humano.

Quanto à presença de Escherichia coli, bactéria que pode causar infecção intestinal, urinária e em muitas outras partes do corpo, foi observada a presença em todas as amostras analisadas.

As coletas foram realizadas na semana do dia 20 à 23 de janeiro de 2022, durante o pico da cheia  ocorrida em Marabá, quando o nível das águas do Rio Tocantins variou entre 13,07m à 12,14m.

Resultados da amostragem preocupam muito  a pesquisadora, porque são dados  alarmantes para os índices aceitáveis de acordo com a legislação vigente que é de 103 unidades formadoras de colônias de coliformes fecais e totais.

“Em relação a qualidade das águas do rio Tocantins às margens da Orla de Marabá, os parâmetros microbiológicos indicadores de sua qualidade foram observados, através da análise realizada no mesmo período,  sendo que a quantidade de colônias de coliformes totais e fecais foram observadas em todas as amostras de água, variando entre 1010 à 1023 unidades formadoras de  colônias de coliformes fecais e totais em cada mL de água analisado”, explica Andrea Hentez.

Exames das amostras das coletas realizadas na orla de Marabá foram feitos no laboratório da Unifesspa.

LIXO NÃO PARA DE SER JOGADO NO RIO

Em relação ao lixo, foram coletados nas águas do rio Tocantins, em toda a extensão de sua orla, aproximadamente 4 toneladas de resíduos sólidos e orgânicos, e uma gatinha que encontrava-se ilhada ao meio dos resíduos.

“Os resultados são preocupantes, pois percebe-se a dificuldade dos ribeirinhos  em seguirem as principais medidas de higiene, como por exemplo, lavar as mãos com frequência, e prevenção das doenças de veiculação hídricas. Com o nível das águas baixando, desde o dia 22 de janeiro, ainda observa-se muito lixo nas águas, o que preocupa ainda mais os pesquisadores, no caso de uma nova enchente, devido o famoso repique das águas”, revela a pesquisadora.

Como as atividades da campanha de preservação do rio Tocantins prosseguirão durante todo o mês de fevereiro, Andrea entende que deveria haver maior envolvimento da sociedade quanto aos cuidados no descarte do lixo.

“Ressaltamos a necessidade de gestão e cumprimento das políticas ambientais na região sudeste do Pará,  principalmente as relacionadas ao saneamento básico e tratamento dos resíduos domésticos, para o controle da contaminação das águas, a preservação das nascentes e  preservação das matas ciliares às margens do rio Tocantins em Marabá”, desabafa.

Na manhã desta sexta-feira, 4, Andrea gravou mais um vídeo, direto da beira do Tocantins, relatando o trabalho do dia.

O espanto e a decepção dela, na manhã de hoje, foram grandes – ao constatar muito lixo espalhado no rio,  por toda a extensão do orla.

Vejam a narrativa.

Preocupada com a possibilidade de surgimento de doenças de veiculação hídrica, a professora da Unifesspa esclarece.

“A degradação socioambiental é um aspecto presente na realidade amazônica, com implicações para o grau de vulnerabilidade social da região. Este contexto combinado ao perfil epidemiológico durante as enchentes em Marabá e a pandemia do coronavírus, reforça a preocupação e urgência por medidas para conter os efeitos devastadores do vírus e das doenças de veiculação hídrica, principalmente quando atinge áreas em que as pessoas estejam submetidas a condições socioambientais degradantes”, diz.

As atividades realizadas até agora pela equipe montada por Andrea Hentz, constaram de uma campanha de conscientização,  através da distribuição de panfletos, sobre a importância de não se jogar o lixo nas águas do rio Tocantins, devido a possibilidade de  agravamento da contaminação das águas, coleta do lixo por toda a extensão da orla e nas ruas alagadas, bem como a realização de  coletas de amostras de água para a determinação da qualidade microbiológica.

Todas as ações foram amplamente divulgadas pela mídia local e sites da prefeitura  de Marabá e da Unifesspa, o que tornou as ações do projeto mais visíveis a toda sociedade marabaense.

As atividades estão sendo desenvolvidas no âmbito do Projeto intitulado “Estado e Políticas Sociais na Amazônia”: diálogos críticos sobre apropriação de territórios e recursos naturais, mobilidades humanas e desestruturação de sistemas de conhecimento” (Procad- AM), e que tem como objetivos  analisar as políticas desenvolvimentistas praticadas pelo Estado em escala nacional e regional e seus impactos ambientais, culturais e sociais aos territórios e às territorialidades dos sujeitos a eles concernidos.

Andrea Hentz faz questão de citar o envolvimento de muitas pessoas no projeto, agradecendo a todos.

“Assim, desde o dia 16 de janeiro de 2022, muitas atividades foram desenvolvidas, com o apoio de 10 colaboradores, sendo os  bolsistas de iniciação científica dos projetos Procad_AM e Pibic/CNPq Fapespa/Unifesspa, pesquisadores de outras instituições federais, empresários locais,  jornalistas, pescadores e ribeirinhos”, finaliza a pesquisadora.

Barqueiro Reitemberg dos Reis Silva, popularmente chamado de “Tripa”: ele tem sido um baluarte no dia a dia da campanha de limpeza do rio, levando a equipe de Andrea e ajudando na coleta e registro de imagens. A foto mostra um dos pontos de muito lixo, nesta quinta-feira, 3.
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