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Coluna #ComCiência: os desafios econômicos para a Amazônia

  • Publicado: Quarta, 27 de Novembro de 2024, 14h09
  • Última atualização em Quarta, 27 de Novembro de 2024, 14h09
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daniel onu Recentemente, tive a oportunidade de representar o Pará em um evento das Nações Unidas (ONU) e levar a um importante espaço de discussão internacional um tema que é central para pensarmos o presente e futuro da nossa região: o impacto da dependência de commodities na Amazônia. Foi uma experiência enriquecedora que me fez refletir ainda mais sobre a complexidade do nosso desenvolvimento econômico e os desafios que enfrentamos para garantir um futuro sustentável.

A economia do Pará é um bom exemplo desses desafios. Por um lado, as exportações de minérios e produtos agrícolas fazem o Produto Interno Bruto (PIB) disparar e colocam o estado em destaque nos rankings de crescimento. Por outro, essa “prosperidade” esconde uma realidade de desigualdades marcantes, com elevados índices de pobreza e extrema pobreza, falta de acesso a saneamento básico, problemas ambientais - como a ampliação das queimadas e a piora na qualidade do ar - e uma pressão crescente sobre as comunidades locais. Durante minha fala na ONU, tentei enfatizar esses contrastes para mostrar que, enquanto os números macroeconômicos podem parecer promissores, a vida de muitos paraenses conta uma história bem diferente e que também precisa ser considerada.

As trajetórias de milhares de pequenos agricultores na região são exemplos de como a expansão das commodities, como a soja, a mineração e a pecuária, transforma o cotidiano de quem luta para manter a produção familiar em meio a desafios enormes, como a ampliação do custo de vida, a falta de infraestrutura, entre outros problemas. A resiliência e as dificuldades enfrentadas por essas comunidades são lembretes de que, por trás dos dados, estão pessoas com histórias, sonhos e batalhas diárias.

Na apresentação, defendi que não basta apenas buscar o crescimento econômico a qualquer custo. Precisamos de políticas públicas que redistribuam a riqueza produzida e priorizem um desenvolvimento econômico sustentável. A solução não é simples e passa por muitos caminhos. Um deles é a construção de políticas tributárias mais justas, que distribua os ganhos econômicos dessas atividades para o conjunto da população. Cabe destacar que as atividades da mineração e da produção do agronegócio, além de não serem as principais responsáveis na geração de emprego do estado, pagam muito menos impostos que outras atividades, como o comércio e os serviços.

Outro caminho importante é construir incentivos às atividades econômicas que preservem os recursos naturais, e desenvolver programas sociais e econômicos que fortaleçam as comunidades locais, em especial os nossos povos tradicionais. Se queremos que a Amazônia prospere sem sacrificar seu povo, é essencial colocar as pessoas no centro do debate.

Voltar a Marabá depois dessa experiência na ONU me trouxe uma renovada sensação de responsabilidade. É preciso trazer essa conversa para perto de nós, discuti-la nas escolas, nas associações de bairro e nas rodas de conversa. A dependência de commodities não é apenas uma questão econômica; é um desafio social e ambiental que diz respeito a todos que vivem na Amazônia, e desejam contribuir para que a nossa região se veja como protagonista na busca por soluções que alinhem desenvolvimento econômico e justiça social. Este é um convite para que todos nós, participemos ativamente dessa reflexão e ação.

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Artigo escrito pelo professor Daniel Nogueira (IEDAR/Unifessspa)

Originalmente publicado na coluna #ComCiência, do jornal Correio de Carajás, edição nº 4270 - dias 23 a 25 de novembro de 2024.

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