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Elas fazem ciência: os avanços, desafios e iniciativas para ampliar a participação feminina na produção científica

  • Publicado: Quarta, 12 de Fevereiro de 2025, 08h39
  • Última atualização em Quarta, 12 de Fevereiro de 2025, 11h47
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dia das mulheres e meninas na ciência laboratorio

No dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data definida pela Assembleia Geral das Nações Unidas com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a importância da igualdade de gênero no campo científico. Ciente da importância deste assunto, a Unesco vê a igualdade de gênero como uma prioridade mundial. Apoiar meninas com educação e desenvolvimento de habilidades garante que suas vozes sejam ouvidas, impulsionando o avanço e a paz.

No Brasil, os dados do relatório Elsevier-Bori de 2024 mostram que 49% da produção científica nacional tem pelo menos uma mulher entre os autores, um avanço de 29% nas últimas duas décadas. No entanto, a presença feminina ainda enfrenta desafios, especialmente conforme a carreira avança. Esse fenômeno, conhecido como "efeito tesoura", ocorre devido a fatores como a sobrecarga feminina, estereótipos de gênero e culturas masculinas excludentes.

Na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), mulheres têm liderado pesquisas importantes, contribuindo para o desenvolvimento da ciência, da região e do país. Apesar dos avanços, a equidade ainda não foi alcançada. Segundo os dados mais recentes, a maioria dos projetos de pesquisa ativos na instituição é liderada por homens e eles também são maioria no quadro de docentes atuantes em programas de pós-graduação.

Avanços e desafios na Unifesspa

Contudo, para Lygia Policarpio, diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Unifesspa, os números recentes também indicam progressos significativos. Das 720 pessoas diplomadas na pós-graduação, 384 são mulheres, representando mais da metade dos concluintes. Na pesquisa, os dados também são animadores: dos 212 bolsistas ativos, 140 são mulheres.

"Isso mostra que nós, mulheres, estamos conquistando espaços e protagonizando cada vez mais a produção científica da instituição", afirma Lygia. No entanto, ela destaca que há muito a ser feito e que a Unifesspa, por meio da Propit, tem avaliado a criação de programas de incentivo às mulheres na ciência, como bolsas específicas e projetos que promovam o empoderamento feminino na pesquisa. "Precisamos continuar incentivando essas mulheres para que avancem em suas carreiras acadêmicas e conquistem espaços de liderança na ciência".

estudante victoriaMulheres na ciência: os exemplos que motivam e fazem a diferença

A realidade dos desafios enfrentados por mulheres na ciência é vivenciada por estudantes como Victoria Maria Damaceno, aluna de Engenharia Florestal na Unifesspa. "Sempre tive uma conexão forte com a natureza e acredito no poder transformador da ciência. No entanto, sendo mulher, muitas vezes precisamos provar nossa capacidade o tempo todo", relata.

Victoria conta que escolheu a Engenharia Florestal para entender melhor os ecossistemas da Amazônia e ajudar a preservar a biodiversidade, beneficiando as comunidades que dependem da floresta. Sobre os desafios enfrentados por ser mulher na ciência, ela avalia que a presença feminina na Engenharia Florestal ainda é menor do que deveria, mas enxerga mudanças acontecendo. “Às vezes, sentimos que nossa presença é subestimada, mas esses desafios me tornaram ainda mais determinada a conquistar meu espaço", diz.

A acadêmica também comenta sobre a pressão extra que muitas mulheres enfrentam para provar suas competências. "Muitas vezes, o esforço precisa ser dobrado para demonstrar capacidade, mas isso também fortalece minha confiança e resiliência." Ela ressalta, ainda, a importância de referências femininas na construção de novos talentos e destaca a inspiração que recebeu das professoras Edna Souza e Gabriela Paranhos, docentes do curso de Engenharia Florestal da Unifesspa, a quem considera exemplos de força e dedicação.

"Divas Digitais": despertando o interesse de mulheres pela Computação

A participação das mulheres na Ciência, especialmente em Tecnologia da Informação, ainda é marcada por desafios, como a baixa representatividade e a falta de modelos femininos na área. Apesar dos avanços, elas continuam sendo minoria nos cursos e no mercado de TI. No entanto, algumas iniciativas têm ajudado a mudar esse cenário, incentivando mais meninas a ingressarem e permanecerem nesse campo.

Um exemplo é o projeto de extensão "<div>as digitais", coordenado pela professora Marcela Alves, da Faculdade de Engenharia da Computação (FEC) da Unifesspa. O projeto capacita meninas do ensino médio em Marabá, promovendo a equidade de gênero na Tecnologia da Informação (TI) e integra a rede de parceiros de outro grande projeto, o “Meninas Digitais”, da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

divas digitaisO “<div>as digitais” oferece cursos, palestras e uma comunidade virtual para apoio e troca de experiências, combatendo estereótipos de gênero e promovendo a inclusão digital. " O projeto busca criar um ambiente de acolhimento e incentivo, além de apresentar modelos femininos de sucesso na área. Com isso, reduzimos barreiras culturais e sociais que afastam as mulheres da tecnologia, mostrando que esse também é um espaço para elas", afirma Marcela.

A professora destaca que, embora o projeto seja recente, as primeiras participantes demonstraram entusiasmo e mais confiança em seguir carreiras na computação. "Queremos que as meninas se sintam seguras para ocupar esses espaços. A tecnologia precisa da criatividade, inteligência e visão das mulheres para inovar e transformar o mundo".

 

A ciência como espaço de realização

Lygia Policarpo acredita que a presença feminina na pesquisa está se tornando cada vez mais naturalizada e reconhecida. "A pesquisa é um dos poucos ambientes profissionais em que não sinto discriminação por ser mulher. A relevância do trabalho se sobrepõe a questões de gênero", afirma. Ela destaca que as publicações e citações científicas consideram apenas o sobrenome, tornando o reconhecimento independente do gênero.

ligya propitComo diretora de pesquisa, Lygia tem trabalhado para fomentar o crescimento da participação feminina e garantir que mais mulheres ocupem espaços de liderança na academia. "Ver o crescimento da participação feminina e saber que podemos inspirar outras mulheres a seguir esse caminho é algo muito gratificante", finaliza.

Programação alusiva

Para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o projeto de extensão "Harpias" promove uma edição especial do "Bora fofocar?", que acontece no dia 11 de fevereiro, a partir das 15h, no Espaço do Servidor (Bloco V) da Unidade II, em Marabá. O evento será uma oportunidade para discutir os desafios e a inclusão das mulheres na ciência, além de celebrar as conquistas alcançadas nos últimos anos.

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