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Universidades públicas em estudo: a cada R$1 investido em um aluno, R$3,28 retornam para toda a sociedade

  • Publicado: Quarta, 31 de Março de 2021, 16h10
  • Última atualização em Terça, 06 de Abril de 2021, 17h44
  • Acessos: 5814

Aluna Estudando 1Um estudo recente, divulgado pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), convidou a opinião pública a refletir sobre a relação investimento versus cortes em educação pública, em particular nas universidades. Segundo o estudo, cada aluno matriculado em uma universidade federal no Brasil custa cerca de R$30 mil por ano e o retorno econômico que o aluno da Unifei dá à sociedade em forma de impostos supera os R$32,5 mil reais no mesmo período. Você já parou para pensar o quanto cada aluno da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) devolve aos demais setores da sociedade e qual o impacto econômico de um discente formado na região?

Essa relação nos levou a consultar o professor Dyego Guedes, que é doutor em Economia e diretor da Faculdade de Economia da Unifesspa, para refletirmos sobre a nossa realidade. Para o docente, o investimento em educação aparece como marcador fundamental da divisão entre países com melhor desempenho econômico e aqueles ainda emergentes. “Quando comparamos o desempenho econômico entre os países em termos de crescimento e desenvolvimento, é possível perceber alguns padrões que diferenciam aqueles que são mais ricos e desenvolvidos daqueles que são mais pobres e menos desenvolvidos. Em geral, e desconsiderando alguns outros fatores que também são relevantes, os países mais desenvolvidos são aqueles cujo padrão educacional é melhor e, consequentemente, as pessoas têm mais incentivos e oportunidades para dedicarem mais tempo aos estudos com o objetivo de se tornarem mais qualificadas e mais bem preparadas para o mercado de trabalho”, afirma o docente.

Outra forma de ler os dados da Unifei revela a seguinte proporção: a cada um real investido em um aluno da universidade, os demais setores da sociedade, a população como um todo, recebe mais que o triplo de volta (R$3,28). A pesquisa aponta ainda que o investimento nas universidades tende a gerar que a taxa de retorno ou a rentabilidade desse investimento está na casa dos 22%, índice que supera o de grandes empresas de capital aberto, como as grandes mineradoras.

Alunos Externa 1Trata-se de uma relação que conduz a um desenvolvimento progressivo nos locais onde as universidades estão instaladas e em suas regiões de influência. “Cidadãos mais qualificados em termos educacionais tendem a auferir mais renda, pois provavelmente irão desempenhar funções de maior produtividade. Isso, em economia, é o que chamamos de ciclo virtuoso, ou seja, uma política pública com efeitos positivos para a sociedade e economia tem a capacidade de desencadear outros efeitos também positivos que geram melhorias econômicas e sociais que se auto reforçam cumulativamente”, explica Guedes.

No entanto, diante dos progressivos cortes orçamentários nas universidades, que, inclusive, geraram reajustes internos na Unifesspa, conforme Resolução nº 051/2021 do Conselho Superior de Administração, paira a dúvida sobre o porquê não investir em educação superior. E mais: por que cortar os investimentos existentes?

Esta é uma situação comum às 69 Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs). Para a Associação nacional das IFEs (Andifes), “o cenário é preocupante e agravado pela pandemia. Os aportes não são suficientes, inviabilizando o funcionamento das universidades federais para esse ano”.

A despeito dos cortes, instituições de todo o país seguem em articulação para evitar maiores danos nas instituições e garantir os avanços que iniciaram no Brasil ainda na década de 1990 e se ampliaram e consolidaram na década de 2000. “É possível identificar que, apesar dos desafios que o Brasil ainda enfrenta no processo de melhoria da educação em suas diversas etapas, os investimentos nesta área ainda são a melhor opção para gerar ganhos econômicos para a sociedade e, mais ainda, são essenciais para produzir desenvolvimento socioeconômico para a localidade em que os polos de produção de conhecimento estão inseridos”, conclui Guedes.

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