Conquista histórica: Restaurante Universitário abre as portas para a comunidade

“Antes eu acordava às 5h da manhã para preparar minhas refeições que trazia para a universidade”. Era essa parte da rotina da estudante Isabela Alves, do curso de Educação do Campo, uma das primeiras alunas beneficiadas com a inauguração do Restaurante Universitário da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Para (Unifesspa), que ocoorreu na manhã desta terça-feira (01), em Marabá.

Inicialmente o restaurante tem a capacidade de produzir até mil refeições diárias, que atende alunos, servidores e comunidade externa. “São trinta anos de ensino universitário público aqui no Sul e Sudeste do Pará. E é o primeiro restaurante universitário. Nós, mediante toda a crise orçamentária, estamos lutando para aumentar o número de pratos com subsídio para os alunos. É um momento muito importante para toda a comunidade”, destacou Lúcia Cavalcante, pró-reitora de extensão e assuntos estudantis (Proex).

Uma conquista histórica, o RU teve sua construção iniciada no segundo semestre de 2017 e concluída em 2020. Totalmente climatizado, o prédio possui área de 870 m², contemplando a área da cozinha industrial e do refeitório. O espaço está adaptado para atender pessoas com deficiência (PCDs), com rampa de acesso, elevadores e banheiros acessíveis.

Em virtude da pandemia, neste primeiro momento o RU teve seu espaço limitado um terço da capacidade, respeitando o distanciamento entre as cadeiras e mesas. A disponibilização de álcool em gel e pias para assepsia das mãos, além do uso obrigatório de máscaras enquanto não estiver fazendo a refeição também estão entre as medidas para acesso e permanência no RU.

Ampliação de direitos - O restaurante já começa a transformar a vida de acadêmicos como Izabel Moraes, que antes gastava, diariamente, cerca de 15 reais para almoçar. A fim de amenizar esse gasto em seu orçamento, ela tinha que dividir a refeição com outro colega, o que nem sempre dava para saciar a fome. “Era muito complicado gastar com alimentação. Somos de um curso [Educação no Campo] que já mostra que a gente vem de uma renda muito baixa. Então, receber esse cartão [do RU] representa uma ajuda e um incentivo para nós”, afirma a estudante, uma das contempladas com o subsídio que garante a refeição a R$ 2,50.

Outro estudante que comemora essa conquista é Erivaldo Prohcahti Krikati, do curso de Educação do Campo, que todos os dias, vem da aldeia Mejon Krikatejê em busca do conhecimento universal. Para ele, a abertura do restaurante universitário trará mais comodidade porque permite que ele faça uma refeição de qualidade, num preço acessível e dentro da universidade. “Estou me sentindo muito feliz em participar da inauguração do RU. Antes eu tinha que sair da universidade para almoçar e agora tá muito fácil para eu poder fazer a refeição aqui”, enfatiza.

Alimentação de qualidade - A nutricionista Bianca Cabral, chefe do Departamento de Gestão dos Espaços de Alimentação Coletiva (DEGEALC), explica que todo o processo de chegada, armazenamento e produção dos alimentos até a distribuição da refeição à comunidade universitária será fiscalizado de perto pelo setor.

O cardápio de refeições será montado pela empresa e avaliado pela equipe da Unifesspa. “Essa aprovação será de acordo com o que foi previsto no contrato. Ela deverá incluir alimentos regionais e observar os hábitos locais. Também iremos fazer pesquisas para identificar se os usuários estão satisfeitos com a alimentação servida, de forma a adaptar e atender da melhor forma a comunidade”, destaca Bianca.

A nutricionista informa ainda que além da função fisiológica, a alimentação tem outro aspecto importante no processo de aprendizado. “Uma pessoa com fome dificilmente tem concentração nas aulas e isso pode atrapalhar em seu rendimento acadêmico. Temos alunos que passam o dia inteiro na universidade e precisam se alimentar por aqui. A alimentação, assim como outros direitos básicos, é benéfica para melhorar a qualidade de vida”, conclui.

Valores - Atualmente, os valores das refeições são distribuídos da seguinte forma: R$ 2,50 para alunos bolsistas do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que é voltado ao acolhimento de estudantes de baixa renda e R$12,75 para o público geral - discentes não bolsistas, servidores e visitantes.

Já receberam o benefício do subsídio estudantil, 100 alunos, que estão em aula de curso de graduação modular, garantindo o valor de R$ 2,50. A forma como será disposto o subsídio para os alunos regulares está sendo dialogado com a comunidade acadêmica. 

“Entendemos que as conquistas não estão todas realizadas, mas a gente tinha que começar. Então, começamos hoje alimentando cem alunos que, dentro da avaliação da nossa assistência social e mediante concorrência por meio de edital, são os que efetivamente precisam de mais subsídio na refeição”, pontua a pró-reitora de extensão e assuntos estudantis, Lúcia Cavalcante.

Segundo a pró-reitora, a instituição está em diálogo com a representação estudantil para discutir conjuntamente sobre os recursos. “Daqui para frente, junto com as representações dos centros acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), vamos discutir conjuntamente o que vamos fazer com a entrada de outros recursos que estamos levantando. Mas, só de estar aqui e olhar essas pessoas que não tinham como se alimentar é uma vitória de toda a comunidade”, enfatizou.

Diálogo - Durante o evento, estudantes da instituição se reuniram com a gestão para dialogar sobre a possibilidade de ampliação do subsídio que fornece desconto na refeição. A finalidade é encontrar meios para que mais alunos sejam beneficiados. Após ouvir as demandas, a reitoria da Unifesspa informou que já está estudando meios para alocação de recursos da instituição para que seja possível ampliar ainda mais o subsídio, como também busca novas fontes de recursos. Sobre esse mesmo assunto, a gestão e a representação estudantil devem se reunir na próxima quarta-feira (02).

O reitor da Unifesspa, Francisco Ribeiro, explica que a universidade já avançou muito e que deve avançar ainda mais. “Queremos que a quantidade de alunos beneficiados com uma alimentação acessível seja ainda maior. Em diálogo com a comunidade acadêmica encontraremos meios para que isso aconteça. Estamos comprometidos em buscar novas fontes de recursos para que mais alunos sejam contemplados com o subsídio”, destacou.