Coletivos indígenas e quilombolas dão suporte e orientação aos novos estudantes originários
Os coletivos indígenas e quilombolas são de grande importância para os povos originários que estão ingressando na Universidade. A maioria deles vem de outras cidades e/ou estados e são os coletivos que auxiliam a se encontrar dentro da nova realidade acadêmica. Entre os assuntos discutidos na manhã desta quarta-feira (13), no auditório central da Unidade II, da Unifesspa em Marabá, esteve a importância dos coletivos no acolhimento para a jornada acadêmica.
Na mesa-redonda, que debateu sobre a “Presença Indígena e Quilombola na Unifesspa”, estiveram presentes o discente indígena, David Kakoktyire Valdenilson de Souza, do curso de Educação do Campo; a egressa quilombola, Paula de Menezes Baia, do curso de Direito; a Professora indígena, formada em antropologia, Rosani de Fátima Fernandes, da Universidade Federal do Pará (UFPA); e o egresso indígena, Deuzimar Tarracanã Karajá, do curso de Geografia.
Durante a mesa de diálogo os componentes apresentaram alguns dos desafios que fazem parte de quem está ingressando no ensino superior, dando destaque a realidade vivida por eles. “Sair da sua casa e começar e ir morar em outro lugar para estudar requer enfrentar muitas barreiras. A maioria dos indígenas e quilombolas que vêm para Unifesspa vêm apenas com a cara e a coragem, sem dinheiro, sem abrigo e sem nada. Por isso é tão importante esse momento de fala aqui para que os calouros saibam que os coletivos estão aqui para dar suporte, para acolher e os ajudar na sua jornada acadêmica. Eu enfrentei muitos desafios quando era aluna de direito, mas somando forças com outras pessoas que estavam passando por situações parecidas, recebi encorajamento em vários momentos”, lembra Paula de Menezes.
O estudante do curso de Educação do Campo, David Kakoktyire, destaca a força e importância que o coletivo tem. “Quando a gente entra na universidade a gente vai percebendo as reais necessidades. A própria questão psicológica e a questão acadêmica também. Um exemplo disso, é que hoje na instituição temos alunos do Oiapoque, na Guiana Francesa, eles falam francês constantemente além do português e nós percebemos que eles têm dificuldades com o português então junto a Unifesspa nós conseguimos formalizar um grupo de estudos da língua portuguesa. Esse tipo de coisa faz a diferença e percebemos isso no contato do dia-a-dia. A instituição hoje junto com o coletivo tem avançado”.
Além disso, o coletivo ajuda com apoio psicológico, pedagógico assim como dá suporte com orientações para que os calouros que precisam, recebam suporte financeiro. Nestes casos, os alunos são apresentados e orientados a buscar auxilio estudantil por meio de alguns programas como: Programa de Apoio ao Estudante Indígena (Paind) e ou com Programa de Acolhimento Estudantil Diversidade (Paed).
David Kakoktyire, discente que participa do coletivo de indígena se coloca à disposição para apresentar os novos estudantes também indígenas para apresentar o coletivo. “Podem me acionar pelo WhatsApp que eu adiciono ao nosso grupo. Meu número é (94)98405-2894. Lá um ajuda o outro, damos suporte, orientação e mostramos que o parente não está sozinho. Somos apoio uns aos outros”, destacou.
A antropóloga Rosani de Fátima, destaca a importância das políticas públicas para a permanência dos estudantes na Universidade. “A assistência estudantil foi implementa no decorrer do tempo para ajudar a garantir a permanência desses estudantes na faculdade, com o intuito de diminuir o índice de desistentes. Hoje também há uma seleção específica para estudantes indígenas e quilombolas e isso é um grande avanço na conquista de direitos e de inclusão social”, afirmou reforçando que é necessário conhecer a história dos povos, das pessoas para poder respeitá-las lembrando do papel da universidade nisso. “A universidade é um espaço que oportuniza a convivência de diferentes povos e culturas, um espaço para conhecer o outro”.
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