Estudantes ingressantes, veteranos e egressos discutem o combate às práticas do racismo institucional
Debater sobre as diferentes formas em que o racismo se mostra dentro das instituições. Com esse objetivo, a Calourada 2022 trouxe aos ingressantes mais uma urgente pauta social que deve abordada dentro e fora do espaço universitário, a fim de promover efetivas mudanças na sociedade.
Reveja aqui a mesa-redonda: Racismo institucional!
Foram convidados para o debate, Salomão Santos, representante da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu), a profa. Dra. Mirian Cristina dos Santos, docente no Instituto de Estudos do Xingu da Unifesspa e a discente Rotokwyi Valdenilson, do curso de direito da universidade. A mesa foi mediada pela, também discente, Regilane Guajajara, do curso de Psicologia.
Um dos primeiros a falar foi Salomão Santos, representante da Malungu. Ele ressaltou como o tema é importante de ser discutido, principalmente dentro da universidade, por acreditar que é a partir das escolas e instituições de ensino que se combate o racismo institucional. “O racismo é um assunto importante que precisa ser debatido, seja ele o mais comum ou o institucional”, afirmou.
Ainda em sua fala, Salomão contou como foi sua experiência durante a sua trajetória acadêmica e refletiu dizendo que “esse primeiro processo trouxe e mostrou aquilo que já se sabia: a universidade não está preparada para nos receber. Que a própria estrutura da universidade, que já tem décadas, foi construída para as elites”, analisou.
Já a profa. Dra. Mirian Santos, do Instituto de Estudos do Xingu (IEX), dividiu sua participação em dois momentos. No primeiro deles, ela relembrou pontos de sua trajetória enquanto estudante e profissional e, depois, levantou questões envolvendo o racismo institucional. Mirian contou que foi uma pessoa que estudou majoritariamente em escola pública e que conseguiu alçar uma universidade federal depois de muita luta. Além disso, a professora trouxe dados sobre os discentes negros na universidade.
“O racismo institucional se manifesta quando corpos de estudantes ou professores negros são confundidos com os de pessoas que prestam serviço à universidade. Quando duvidam da nossa capacidade intelectual, de produzir conhecimento, de falar em público, e até, por exemplo, na escolha de bolsistas”, destacou a docente que ressaltou, ainda, a necessidade de mais políticas públicas e um debate intenso dentro das instituições sobre o racismo para que se possa avançar em uma convivência mais respeitosa entre todos.
A última pessoa a falar foi a estudante do curso de direito, Rotokwyi Valdenilson, que trouxe um pouco de sua trajetória acadêmica para conversar na mesa. A veterana frisou que mais de 200 indígenas adentraram na universidade, porém, diversos alunos acabaram desistindo durante a graduação e poucos chegaram, de fato, a se formar.
Ela contou, ainda, que decidiu escolher o curso de direito por escutar desde a sua infância que o seu povo vivia em constantes disputas e que isso lhe levou a buscar entender como que funcionava o mundo fora de sua aldeia pelo olhar do direito e também para saber quais os direitos ela possuía. Por fim, a discente deu as boas-vindas aos alunos que estão chegando na universidade, “Eu dou as boas-vindas aos calouros e vou dizer que não é fácil. Seja você indígena, quilombola, negro ou qualquer outro. A universidade não é fácil, mas para aqueles que têm determinação, vocês conseguem chegar lá”, finalizou.
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