FIA CINEFRONT 2023: Evento não competitivo tem como objetivo socializar obras que tratem questões sobre a Amazônia
A partir da próxima quarta-feira (12), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em parceria com o Instituto Zé Cláudio e Maria (IZM), além de outros movimentos sociais da região, iniciam mais uma rodada de exibições e debates de filmes no 8º Festival Internacional Amazônida e Cinema de Fronteira (FIA Cinefront). Este é um festival não competitivo, que tem como objetivo socializar obras que tratem de questões sobre a Amazônia, além de promover um debate político-pedagógico sobre essas problemáticas.
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O professor Evandro Medeiros, um dos idealizadores do festival, lembra que o FIA Cinefront nasceu dentro da chamada Semana Camponesa, um evento de debate sobre a questão agrária realizada pela universidade federal em Marabá no início dos anos 2000.
“Nós sempre buscamos por filmes que retratem temas relacionados às questões indígenas, à luta dos povos originários por direitos, aos conflitos agrários, às consequências dos grandes empreendimentos instalados aqui desde os anos 60, usinas hidrelétricas, projetos de mineração, enfim... questões que permeiam o cotidiano de quem vive no sudeste do Pará”, conta o professor.
“Até o período de realização do festival foi escolhido com um propósito. O mês de abril é emblemático, porque foi quando aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996. É um episódio triste e marcante, que não pode ser esquecido”.
Nesta edição do festival, títulos como “Amazônia, a nova Minamata?”, de Jorge Bodanzky, e “Pisar Suavemente sobre a Terra”, de Marcos Cólon, estão entre os títulos em cartaz. Este último, tem como temática a luta indígena pela preservação de sua cultura e seu território, ameaçado pela grande mineração.
“Os filmes serão exibidos na cidade, mas também irão para as escolas de zona rural e a Terra Indígena Mãe Maria. Porque isso é tudo o que as comunidades querem, o reconhecimento de suas lutas, o reconhecimento das suas pautas, seja no campo ambiental ou dos direitos humanos”, afirma Claudelice Santos, coordenadora do IZM. “Porque o que é mais comum a gente ver é uma produção robusta de conteúdo, seja acadêmico, audiovisual, mas sem um retorno às comunidades que estão retratadas ali. E isso é muito importante. Devolver à sociedade, devolver ao povo, aquilo que lhes é de direito”.
Sobre o festival - O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (FIA Cinefront) teve sua primeira edição realizado no ano de 2015, fruto de mobilização da comunidade acadêmica (professores, técnicos e alunos) em parceria com os movimentos e organizações sociais envolvidas com a luta pela terra e defesa dos direitos humanos no sudeste paraense, Amazônia Oriental.
O festival tem suas raízes na Semana Camponesa, evento com atividade acadêmicas, políticas e pedagógicas e sessões de cineclube realizadas ao longo da primeira década dos anos 2000, sempre durante o mês de abril, como forma de homenagear os camponeses assassinados no Massacre de Eldorado dos Carajás (1996). Além disso, pôr em debate a luta pela terra e por direitos no campo, a questão agrária e os impactos da mineração e hidrelétricas na Amazônia.
A proposta é realizar mostras de obras fílmicas que expõem a dinâmica social e contradições próprias das regiões de fronteira, envolvendo a vida, trabalho e cultura dos povos que nesta região habitam. Trata-se de um evento colaborativo, de caráter não-competitivo, organizado por uma ampla comissão formada por diversas instituições, entre elas, a Unifesspa por meio da Faculdade de Edcuação do Campo (Fecampo) e Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Nuade).
Suas seis edições anteriores contaram com a participação de diretores e realizadores locais e regionais, bem como de nomes com atuação nacional e internacional. As sessões, com filmes de diferentes gêneros e temáticas, sempre tiveram caráter gratuito, e foram realizadas em espaços convencionais (salas de cinema, auditórios), do mesmo modo que em espaços não-convencionais, como acampamentos de movimentos sociais, aldeias indígenas, escolas da cidade e do campo etc.
*Com informações de Tay Marquioro (O Liberal)
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