“O que queremos para educação superior publica na Amazônia?” foi tema do Painel apresentado pelos reitores da Unifesspa no Encontro em Porto Seguro
As reitoras e reitores das universidades federais foram recebidos esta semana para o II Encontro das Universidades Novíssimas e Super Novas. O evento aconteceu nos dias 18 ao dia 19 de junho, na Universidade do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro. O tema do encontro foi gestão estratégica universitária em instituições públicas federais. A programação contou com a participação da reitora da universidade anfitriã, bem como dos dirigentes das Universidades Federais do Cariri (UFCA), do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Oeste da Bahia (Ufob), do Delta do Parnaíba (UFDPar), de Jataí (UFJ), de Catalão (UFCat), de Rondonópolis (UFR), do Norte do Tocantins (UFNT) e do Agreste de Pernambuco (Ufape).
Os encontros entre as universidades novíssimas e supernovas são anuais e foram iniciados em 2023. O objetivo é a troca de experiências e o compartilhamento de perspectivas entre as instituições. Criadas em 2013, a UFCA, a Unifesspa, a UFSB e a Ufob são chamadas de novíssimas, ao se considerar o conjunto das demais federais — algumas, centenárias. Alguns anos depois, em 2018, foram criadas as supernovas (UFDPar, UFJ, UFCat, UFR, UFNT e Ufape).
O evento iniciou oficialmente na terça-feira, dia 18, com a formação da mesa de Boas-Vindas, composta pela professora Joana Angélica Guimarães da Luz, reitora da UFSB; o professor Jacques Antonio de Miranda, reitor da UFOB; a professora Analy Castilho Polizel de Souza, reitora da UFR; o professor Airon Aparecido Silva de Melo, reitor da UFAPE; o professor Francisco Ribeiro da Costa, reitor da Unifesspa; o professor João Paulo Sales Macedo, reitor da UFDPar; o professor Tiago Alencar Viana, pró-reitor de Administração da UFCA; o professor Christiano Peres Coelho, reitor da UFJ; o professor Airton Sieben, reitor da UFNT; e a professora Roselma Lucchese, reitora da UFCAT.
O secretário da Secretaria da Educação Superior(Sesu), Alexandre Brasil, conduziu a palestra de abertura, em que destacou a importância das universidades novíssimas e supernovas como instituições estratégicas para o desenvolvimento do país. Ele ressaltou o investimento do governo federal na educação e a relevância dessas universidades interiorizadas. “Elas, hoje, representam 3,32% das matrículas de todas as universidades federais. Reconhecemos sua importância e a necessidade de avançarmos na consolidação dessas instituições. Elas respondem por 11,3% das obras que serão iniciadas neste ano no Novo Programa de Aceleração do Crescimento, o Novo PAC, das universidades”, afirmou. O secretário também dialogou com os reitores sobre demandas das instituições sobre pessoal, recursos e políticas voltadas para a consolidação dessas novas universidades.
A gestão universitária em discussão
A programação contou com mesas-redondas e painéis nas quais diferentes aspectos do tema central foram abordados. Em todas as exposições, os pontos mais evidenciados foram: o de reivindicação de mais recursos de pessoal e financeiros para a consecução dos objetivos institucionais, mesclado com a demonstração dos esforços das comunidades universitárias para expandir as ações de ensino, pesquisa e extensão e colaborar para o desenvolvimento nacional a partir dos respectivos territórios de atuação.
A primeira mesa redonda, “A educação superior pública como agente de transformação socioambiental”, ampliou o tema da gestão universitária para além da educação. O público pôde conhecer experiências de instituições de ensino superior que atuaram em temas que envolvem as universidades brasileiras como fomentadora de alternativas e ações transformadoras.
Na sequência, o reitor João Paulo Sales Macedo (UFDPar) explanou sobre “O pacto agroecológico e socioambiental entre a Universidade e os Povos Tradicionais para o combate à fome, à pobreza e às desigualdades na região do Delta do Parnaíba e Norte do Piauí”. Foram apresentados ao público projetos e ações direcionadas à segurança alimentar da população, com sustentabilidade e acompanhamento técnico, ajudando diferentes comunidades a alcançar crédito e tecnologia para qualificar e fortalecer produção e escoamento.
No segundo dia do evento, mais mesas-redondas aconteceram, cujos temas foram “Gestão estratégica, ferramentas de gestão, gerenciamento de riscos” e a “Gestão de Riscos como ferramenta estratégica para alcance de objetivos e fortalecimento da governança pública”, com o pró-reitor de Administração da UFCA, professor Tiago Alencar Viana, e “Assimetrias nas novíssimas e supernovas universidades federais do Brasil e seu impacto na gestão estratégica”, com o reitor Christiano Peres Coelho (UFJ) e moderação pelo pró-reitor de Planejamento da UFSB, Franklin Matos.
A última atividade do encontro foi a mesa Territorialização, interiorização do ensino superior público, aonde o reitor Ariton Sieben (UFNT) falou sobre A Territorização da UFNT no Norte do Tocantins, enquanto a reitora Roselma Lucchese (UFCAT) tratou do tema “Os desafios da expansão do sistema público de ensino superior: interiorização e financiamento”, com a moderação do pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFNT, José Manoel Sanches.
A Unifesspa no Encontro de Supernovas e Novíssimas
A participação da Unifesspa no Encontro em Porto Seguro, como era de se esperar foi potente e participativo. Além do Painel que foi apresentado pelos reitores, durante a fala de Alexandre Brasil(Sesu), a professora Lucélia, pediu a palavra a fim de marcar a importância das universidades tratarem o tema inclusão de populações historicamente marginalizados, em especial, pessoas com deficiências, pessoas dentro do espectro autista e pessoas com altas habilidades ou superdotação.
Para Lucélia, existe uma enorme boa vontade das universidades em tratar o tema. Que tanto a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) quanto a Sesu tem sido aliados nesta luta, mas, que há necessidade da criação de um setor específico para atuar com inclusão e acessibilidade desta população. E chamou a atenção que, apensar de serem garantidos por Lei, esta minoria tem sido, muitas vezes, invisibilizada nos discursos dentro de nossas universidades.
Por fim, a professora perguntou se a Sesu está aberta a receber as demandas para fortalecer a experiências destes cidadãos nas universidades. “Garantir o acesso através de cotas e a bolsa permanência, não é suficiente para possam viver a universidade plenamente”, defendeu. Para ela, é necessário recursos para investir em tecnologia, tecnologia esta que não atinge apenas os discentes, mas, os servidores e servidoras com deficiência. “É urgente a criação de políticas que garantam de fato a inclusão de pessoas com deficiência nas universidades”, concluiu.
Os professores Francisco Ribeiro da Costa e Lucélia Cardoso Cavalcante, Reitor e Vice-reitora da Unifesspa, ficaram responsáveis por apresentar o painel “O que queremos para a educação superior pública na Amazônia?”. Em suas falas, trouxeram as dificuldades e as potencialidades da vida na região amazônica formando um pano de fundo, possibilitando a eles contarem um pouco das ações desenvolvidas junto às comunidades atendidas pela universidade.
Em relação à fala do reitor da UFJ sobre “Assimetrias”, Christiano Peres Coelho, o professor Francisco, além dos parabéns, revelou estar contemplado pela apresentação e apontou que as dores são as mesmas, em especial, as vagas para docentes e técnicos. Apontou que as vagas de servidores estão concentradas no Sudeste do país. “As informações públicas apontam que seis Ifes acumulam 28% dos códigos ociosos para professores, 27% para técnicos de nível superior e 30% para técnicos de nível médio. O restante é das outras universidades. A concentração é absurda!”, revelou.
Redes Sociais