#ComCiência: Os desafios contra o câncer de mama na Amazônia
O câncer de mama é uma das principais causas de morte entre mulheres em todo o mundo, sendo uma preocupação central nas políticas de saúde pública, especialmente no Brasil. A alta prevalência da doença e as dificuldades de acesso ao diagnóstico precoce tornam a situação ainda mais preocupante em regiões remotas, como a Amazônia, onde os desafios logísticos e a falta de informações adequadas muitas vezes retardam a identificação e o tratamento dessa condição.
O Outubro Rosa é um momento oportuno para ressaltar a importância dos diagnósticos precoces. A atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental, envolvendo médicos, enfermeiros, farmacêuticos, sanitaristas, psicólogos e outros profissionais que desempenham papéis essenciais na jornada de cuidado das pacientes com câncer de mama.
O diagnóstico precoce é a estratégia mais eficaz para reduzir a mortalidade por câncer de mama. Estudos mostram que a detecção em estágios iniciais da doença pode aumentar significativamente as chances de cura. No entanto, a realidade na região amazônica é marcada por grandes dificuldades no acesso à informação e aos serviços de saúde especializados, o que impede muitas mulheres de realizarem exames preventivos, como a mamografia, em tempo hábil.
A mamografia é o principal exame para o rastreamento do câncer de mama, porém, na Amazônia, muitos municípios não contam com equipamentos adequados, e as barreiras geográficas tornam essa recomendação difícil de ser cumprida. A falta de infraestrutura é um dos principais entraves para o diagnóstico precoce do câncer de mama na região. O número limitado de centros de diagnóstico, a carência de profissionais capacitados e as longas distâncias que as pacientes precisam percorrer para realizar exames são desafios diários enfrentados pela população.
As campanhas de conscientização, embora sejam realizadas nacionalmente durante o Outubro Rosa, precisam ser reforçadas localmente e adaptadas à realidade das comunidades amazônicas, levando em consideração as peculiaridades culturais e sociais da região. A equipe multiprofissional é também composta por psicólogos, cuja atuação é indispensável no cuidado às mulheres que enfrentam o câncer de mama. O diagnóstico de uma doença grave como o câncer provoca um impacto emocional profundo, gerando sentimentos de medo, ansiedade e insegurança.
Outro aspecto crucial para o sucesso do diagnóstico precoce e tratamento é o desenvolvimento de habilidades específicas para o manejo da doença, o domínio de técnicas de rastreamento e a capacitação para lidar com os aspectos emocionais e sociais dos pacientes são elementos fundamentais que precisam ser promovidos de forma constante. Na Amazônia, onde os recursos humanos são limitados e muitos profissionais precisam atuar em diversas áreas simultaneamente, é essencial que os governos estaduais e municipais invistam na formação e atualização das equipes de saúde que estão na linha de frente.
Para que o tratamento do câncer de mama seja eficaz, é imprescindível que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível. No entanto, para alcançar esse objetivo em uma região tão vasta e complexa como a Amazônia, é necessário um esforço conjunto entre governo, profissionais de saúde e sociedade civil. A expansão do acesso aos exames de rastreamento, o fortalecimento das redes de atendimento e a capacitação dos profissionais que atuam diretamente com as populações mais vulneráveis são estratégias fundamentais para melhorar os índices de detecção precoce e aumentar as chances de cura.
Por fim, o Outubro Rosa, ao trazer o câncer de mama para o centro das discussões de saúde pública, serve como um lembrete da importância de investir em políticas que garantam o acesso equitativo à informação, ao diagnóstico e ao tratamento. Na Amazônia, onde os desafios são maiores, é essencial que a conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama seja uma prioridade constante, não apenas durante o mês de outubro. Somente com um compromisso contínuo de toda a sociedade será possível garantir que as mulheres da região tenham acesso a um atendimento digno e de qualidade, independentemente de onde vivam.
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Artigo escrito pelo Prof. Dr. Luann Wendel de Sena (IESB/Unifessspa)
Originalmente publicado na coluna #ComCiência, do jornal Correio de Carajás, edição nº 4258 - dias 19 a 21 de outubro de 2024.
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