Comunidade acadêmica lota auditório durante palestra de pesquisador sobre diversidade na Amazônia
Calouros e veteranos, professores, técnicos administrativos e convidados lotaram o auditório da Unidade 1 do Campus da Unifesspa em Marabá na manhã desta sexta-feira (2), para assistir a palestra “Diversidade na Amazônia: universidade como território de disputa”, ministrado pelo professor doutor e pesquisador Alfredo Wagner Berno de Almeida, vinculado à Universidade Federal da Amazônia (UFAM). Alfredo Wagner é Mestre e Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Conselho Consultivo da Cátedra Livre de Estudos Brasileiros da Universidade de Buenos Aires e veio a Marabá para participar, como palestrante e convidado, da IV Semana de Recepção e Integração dos Calouros da Unifesspa.
Alfredo Wagner relatou as experiências de pesquisas realizadas na região Sul e Sudeste do Pará, refazendo o percurso de pesquisadores externos que vieram a região para estudar o ciclo do caucho, do diamante, do ouro, da colonização pelo latifundiário, da agricultura familiar, da produção e exploração dos castanhais pelos empresários e do massacre de trabalhadores nessas áreas e a garantia de território para os indígenas, sempre em processo de disputa.
“A produção científica para a universidade começa com planejamento setorial – estudos de comunidade, anos 50; no Museu Nacional nos anos 60; nas empresas de consultoria nos anos 70; e nos trabalhos de organismos privados e públicos, entre eles, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA) nos anos 80”, descreveu Alfredo. Ao referenciar esses temas, Alfredo Wagner refletiu sobre a importância de se estudar e pesquisar sobre outra perspectiva: a da cultura de quebradeiras de coco, de populações indígenas, de quilombolas, de sem-terra e de explorados pela mineração, dentre outros temas, ligados a grupos que não tiveram voz, na região, durante muito tempo.
Para o conferencista, a diversidade da região Sul e Sudeste do Pará é importante para a produção local de conhecimento. “A diversidade faz com que as quebradeiras de coco, os indígenas e os sem terras reflitam sobre o conhecimento de seu habitat e de sua cultura. Ao fazer as discussões a partir de outra perspectiva, que não seja a do dominador. A história dessa região é a história das famílias que sempre dominaram aqui, seja pela exploração dos castanhais, o controle da terra, do crédito, das riquezas, seja controlando a força de trabalho e a política local”, advertiu.
Durante a palestra, o professor falou, ainda, sobre os desafios atuais para o ensino superior. Para Alfredo Wagner, há uma pressão pelo sucateamento da universidade pública, para que possa ser privatizada. "O conhecimento é uma busca de se converter em dinheiro e passou a ser explorado pelo capitalismo e a universidade pública tem uma função crítica, de reverter o senso comum”, disse.
Alfredo Wagner é bolsista CNPQ e ministra disciplinas nos Programas de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia e Pós-Graduação em Antropologia Social na Universidade Federal do Amazonas – UFAM; Pós-Graduação em Cidadania e Direitos Humanos em Segurança Pública; Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas na Universidade do Estado do Amazonas – UEA; e Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.
Alfredo Wagner também coordena os Projetos “Cartografia da Cartografia Social: uma síntese das experiências” (UFAM /Fundação Ford); “Centro de Ciências de Saberes: experiências de criação de Museus vivos na afirmação dos saberes e fazeres representativos dos povos e comunidades tradicionais” - MCTI/CNPQ/SECIS, realizado pela UEA em parceria com o Museu de Astronomia/MCTI; “Cartografia Social como Estratégia de Fortalecimento do Ensino e da Pesquisa Acadêmica: Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia e Projeto Mapeamento da Região Ecológica do Babaçu” (Fundação Ford) e o “Projeto Nova Cartografia Social: Quilombolas do Brasil(SEPPIR/PNUD)”.
Programação
A programação da IV Semana de Recepção e Integração dos Calouros seguiu à tarde com a terceira mesa-redonda do evento, denominada “Educação pública: a (re) existência se dá pela resistência” ministrada por representantes de movimentos sociais da região e professores. Os calouros participaram ainda de oficinas de tranças e turbantes; Hip Hop; Capoeira; Stencil; Fotografia; Batucada; Mandalas e Filtros dos Sonhos. À noite, o encerramento é com atividades culturais de música, dança e confraternização dos envolvidos. A festa começa a partir das 20h.
Exposições
Uma exposição artística do curso de Artes Visuais no Espaço “Namorada das Artes” no pátio interno do Campus 1, tem chamado a atenção das pessoas. No local é demonstrado a produção de escultura, xilogravura e desenhos. Dentre os trabalhos individuais, o espaço abriga três exposições “Sombras da minha cidade” de autoria de Paula Correa; “Nanquim Amazônico”, do aluno Rildo Brasil, vencedor do prêmio Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (PROEX/Unifesspa); e Pitá com “Zines, poesias e desenhos”.
Estandes
O pátio, os corredores das salas de aula e o NAEM foram os locais em que a Unifesspa montou estandes para apresentação de setores que atendem aos estudantes. Dentre os setores que estão expondo seus trabalhos estão: o Laboratório do Media Lab; o Núcleo de Educação Especial; Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA); Nùcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Relações Étnico-Raciais, Movimentos Sociais e Educação; Hemopa; Lar São Vicente de Paulo de Marabá; Curso de Saúde Coletiva; Diretório Central dos Estudantes; Diretoria de Ação Cultural, Centro de Registro e Controle Acadêmico; Departamento de Apoio Psicopedagógico; SEPLAN; Ouvidoria da Unifesspa; Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação; Diretoria de Assistência Estudantil e Sistema de Biblioteca (Sibi).
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