Laboratório de Computação Científica da Unifesspa tem papel decisivo em estudo sobre cálculos da reforma da Previdência
Revisar o conjunto de cálculos atuariais que justificam a reforma da Previdência, proposta pelo governo brasileiro. Esse foi o principal objetivo dos professores da Unifesspa, Carlos Renato Lisboa Francês e Marcelino Silva e Silva, em parceria com pesquisadores de outras universidades federais, ao desenvolver um trabalho acadêmico que revela inconsistências do modelo de projeção atuarial apresentado ao Congresso Nacional.
O estudo que envolveu economistas, engenheiros e especialistas em Ciência da Computação e Matemática Computacional renomados está publicado no livro “A Previdência Social em 2060: as inconsistências do modelo de projeção atuarial do governo brasileiro” e só foi possível ser concluído em curto prazo graças à estrutura oferecida pelo Laboratório de Computação Científica (LCC) da Unifesspa. O livro possui uma tiragem de mil exemplares e também está disponível no formato digital, podendo ser acessado gratuitamente no link: http://plataformapoliticasocial.com.br/previdencia-social-como-acreditar-nas-previsoes-do-governo-para-2060/.
Os professores doutores Renato Francês e Marcelino Silva e Silva participam de dois dos três artigos publicados na obra. Eles assinam os artigos: “Quão acuradas são as projeções financeiras e atuariais do Regime Geral de Previdência Social” e “A necessidade do cálculo de dispersão para projetos sobre o comportamento de sistemas previdenciários”. O livro teve grande repercussão no meio político e científico ao expor uma série de imprecisões nos cálculos feitos pelo Governo Federal ao longo dos últimos 15 anos, além de contestar premissas utilizadas para calcular o déficit do setor, tornando-se ponto de inflexão no debate entre congressitas.
Com a contribuição da pesquisa, o Governo alterou vários itens da proposta inicial, entre eles, a relação do tempo de contribuição e equiparação da idade entre homens e mulheres para o equilíbrio das contas da Previdência. O Governo recuou reduzindo para 40 anos o tempo de contribuição para receber 100% do benefício, e não mais 49 anos como havia sido proposto inicialmente. Segundo Renato Francês, os pesquisadores chegaram a participar das reuniões nas comissões para apresentar o estudo aos parlamentares, sendos os pesquisadores citados nominalmente em diversas ocasiões pelos congressistas. O trabalho acadêmico também foi anexado aos votos em separado de alguns partidos de oposição e um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada com base no conjunto de discrepâncias observado pelos pesquisadores, o que demonstra a grande repercussão política e social do estudo.
“O trabalho mostrou a fragilidade dos modelos atuariais para justificar uma reforma de tamanha repercussão e profundidade no país; e a Unifesspa teve um papel fundamental para que esse estudo fosse realizado colaborando com o debate”, ressaltou Renato Francês.
O livro
O livro “A Previdência Social em 2060: as inconsistências do modelo de projeção atuarial do governo brasileiro” é dirigido à classe trabalhadora; aos sindicatos, associações e movimentos sociais que se mobilizam em defesa da Previdência e da Seguridade Social; às entidades de representação profissional e empresarial comprometidas com o aperfeiçoamento das regras da Previdência e Assistência Social; aos partidos e parlamentares que irão discutir a reforma da Previdência na sociedade e no Congresso Nacional; e até ao governo que é autor da Proposta de Emenda Constitucional n. 287, de 7 de dezembrode 2016 (PEC 287).
A obra foi editada pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais (Anfip), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Plataforma Política Social.
O papel do LCC na pesquisa
De acordo com os pesquisadores, o laboratório foi crucial no desenvolvimento do estudo não apenas pela estrutura sofisticada de equipamentos, com alta capacidade de processamento, mas principalmente pelo conjunto de bases de dados previdenciários, econômicos e demográficos já tratado e atualizado, o que facilitou o trabalho dos pesquisadores. Todos os cálculos extraídos para obtenção dos resultados constantes nos artigos e nos quadros e tabelas ilustrativas foram efetuados nos computadores do LCC.
“A despeito da competência dos pesquisadores, esse estudo feito em tão curto tempo, só foi possível porque contamos com a estrutura oferecida pela Unifesspa, existente em raríssimas universidades do país. O LCC foi extremamente importante para que esse trabalho fosse concluído a tempo de ser apresentado à sociedade, colaborando decisivamente com o debate sobre a reforma da Previdência. Não se tratava apenas de capacidade de processamento, mas de um conjunto de programas e de bases já tratadas, com milhares de variáveis já atualizadas, ou seja, já havia todo esse mapeamento entre as bases do Censo e das Pnads pré-produzido pela Unifesspa”, detalhou Renato Francês, um dos coordenadores do Laboratório.
O Laboratório de Computação Científica da Unifesspa desenvolve, implanta e aplica técnicas e modelos matemáticos e computacionais para a resolução de problemas científicos e tecnológicos dos diversos grupos de pesquisa da Instituição, além de disponibilizar um ambiente computacional distribuído e de alto desempenho. O LCC fica localizado na Unidade 2, do Campus de Marabá, ao lado do CTIC (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação).
O LCC tem o objetivo de se fixar como um centro de excelência em Computação Cientifica na região Norte do país; ser suporte à consolidação dos demais centros de excelência em pesquisa da Unifesspa; cuidar da absorção de novos conhecimentos e tecnologias computacionais e oferecê-los como serviços aos grupos de pesquisa mencionados; realizar consultoria nos temas de processamento paralelo, visualização científica, reconhecimento de padrões, big data e análise estatística e cálculo de indicadores; capacitar os pesquisadores da Unifesspa no uso dos serviços oferecidos pelo LCC; e ser um laboratório de estudo e pesquisa para discentes de áreas de computação e engenharia. A Computação Científica envolve uma massa de dados cada vez maior (observações e simulações numéricas estão à beira de gerar petabytes), enquanto que as requisições de redução de consumo de energia se intensificam, este projeto visa à pesquisa de estratégias e arquiteturas computacionais capazes de lidar com tais exigências.
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