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Comunidade acadêmica da Unifesspa faz manifesto contra violência no campo

  • Publicado: Segunda, 24 de Julho de 2017, 14h36
  • Última atualização em Terça, 25 de Julho de 2017, 10h55
  • Acessos: 5690

Manifesto01Estudantes, professores, técnicos administrativos, representantes de movimentos sociais e de outras instituições lotaram o auditório da Unidade I do Campus da Unifesspa em Marabá para um ato público contra a violência no campo na região Sul e Sudeste do Pará. O manifesto solidário foi convocado após os recentes ataques violentos sofridos pelos trabalhadores rurais sem-terra do acampamento Hugo Chaves, no Município.

A atividade contou ainda com participação de cineastas internacionais e de Julie Ward, deputada inglesa do Parlamento Europeu, que está em Marabá. O movimento solidário é uma ação popular em resposta a toda essa violência e faz parte da jornada de atividades realizada pelas instituições e organizações que estão prestando solidariedade às famílias acampadas e denunciado publicamente a violência no campo na Região.

O ato público teve adesão ampla de outras instituições como o IFPA, o Instituto Transformance pelo Projeto Rios de Encontros, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o NEILS da PUC-SP, o GEPOLIS, da Universidade Federal do Maranhão, entre outras presentes no ato de lançamento do Manifesto.  

Manifesto

Durante o ato público foi lançado um abaixo assinado para solicitar ação dos órgãos competentes para mediar e solucionar os conflitos. O manifesto foi lido e assinado pelas diversas representações. A deputada também levará para o Parlamento Europeu, as denúncias de violação dos direitos humanos nos acampamentos e assentamentos do Sul e Sudeste do Pará. O objetivo é internacionalizar as denúncias, chamando a atenção das autoridades nacionais e internacionais para evitar mais mortes. 

Durante o ato, o público ouviu relatos de trabalhadores vítimas dos ataques ao Acampamento Hugo Chaves e do Acampamento Frei Henri, que também vem sofrendo com atos de violência. A situação jurídica desses dois acampamentos também foi esclarecida ao público presente pela CPT. Nos próximos dias, o documento com mais de duzentas assinaturas será protocolado em órgãos governamentais relacionados com a questão agrária, exigindo providências urgentes no que se refere à regularização para fins da Reforma Agrária, das terras ocupadas pelos trabalhadores dos acampamentos Hugo Chaves e Frei Henri. "Difícil entender a morosidade dos órgãos públicos em punir os pistoleiros e regularizar as áreas, numa situação em que novas mortes podem ocorrer nessa região já tão assolada pela violência contra camponeses", alertou a professora da Unifesspa Célia Regina Congílio. 

Posicionamento das universidades

A vice-reitora da Unifesspa, professora doutora Idelma Santiago, destacou a importante contribuição das universidades na defesa dos povos vulneráveis, vítimas da violência no campo e na cidade, denunciando a crescente violência na Região. Ela relembrou a carta aberta assinada pelos reitores da Amazônia, manifestando solidariedade à luta dos povos indígenas e demais populações vulnerabilizadas, repudiando os atos de violência registrados contra indígenas no país. O manifesto aconteceu depois do ataque genocida contra o povo Gamela, em Viana, no Maranhão. Segundo a vice-reitora, a Unifesspa também vai empreender esforços para criar um espaço permanente de pesquisa e ação relacionado ao tema dos conflitos agrários e violência no campo no Sul e Sudeste do Pará. "A constituição desse espaço se dará numa interlocução dialógica com os movimentos sociais do campo", detalhou Idelma Santiago.

A Carta assinada em maio deste ano pelos reitores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal do Amapá (Unifap), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA) demonstrava preocupação extremada com os níveis de violência e impunidade especialmente na região onde as universidades estão inseridas; e chamou a atenção das comunidades universitárias e de toda sociedade para o risco de naturalização da intolerância na sociedade. “Estas barbáries no campo são reproduzidas com intolerância e violência nas manifestações políticas nas cidades, tal qual a agressão gratuita da polícia contra Mateus Ferreira, o estudante da Universidade Federal de Goiás, ainda hospitalizado. Estes não são fatos isolados, mas mostram que estamos à margem do Estado de direito, caminhando em direção a um regime de exceção, com todos os temores que isso implica para a sociedade”, ressalta o documento. 

Leia a Carta de Reitores na íntegra!

Atos de violência

No acampamento Hugo Chávez, localizado na Fazenda Santa Tereza, em Marabá, foram registrados ataques a tiros e um incêndio entre os dias 15 e 16 de julho. Os trabalhadores rurais que vivem na ocupação relataram que os ataques partiram de duas caminhonetes ocupadas por vários homens. Segundo eles, o primeiro ataque aconteceu por volta de 23h de sábado (15/07). Homens em uma caminhonete passaram em frente ao acampamento e teriam feito vários disparos em direção à entrada do local. No domingo (16/07), por volta das 13h, os homens, que eles acreditam serem pistoleiros, atearam fogo no acampamento, destruindo roças de alimentos já em condições de colheitas.

Em Curionópolis, na Fazenda Fazendinha, onde está localizado o Acampamento Frei Henri, também vem sendo registrados conflitos entre acampados e produtores rurais. Há um mandado de reintegração de posse desta área expedido a favor do Incra, que nunca foi cumprido. 

 

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