Boletim econômico: Lainc/Unifesspa divulga primeiro Índice de Preço ao Consumidor de Marabá
O Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá (LAINC) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) divulgou nesta segunda-feira (11), os primeiros resultados das pesquisas de preços realizadas em locais de compras de Marabá, ao longo dos últimos quatro meses.
A partir de agora, os consumidores marabaenses terão acesso aos índices de inflação, mês a mês, a partir do acompanhamento da variação dos preços de bens e serviços na cidade, para famílias com renda de um a cinco salários mínimos.
Durante solenidade de apresentação dos dados, realizada no auditório do Senai, professores, alunos e técnicos administrativos da Unifesspa comemoraram a conclusão de uma etapa importante do projeto, que permitirá a socialização de informações valiosas, com indicadores econômicos que possam auxiliar a população na gestão e controle do orçamento familiar. Um momento considerado histórico para a Universidade.
Os dados já coletados, de agosto a novembro, serão transformados em quatro boletins e disponilizados pelo LAINC no site da Unifesspa. Além disso, o Laboratório está trabalhando em parceria com estudantes da UFPA na elaboração de um Aplicativo, para demonstrar a inflação do mês em relação ao anterior, permitindo, ainda, uma simulação de gastos e uma análise do poder de compra em função da inflação e da renda familiar. O aplicativo deverá ser lançado e disponibilizado à sociedade nos próximos meses.
Neste primeiro momento, o laboratório apresentou o Índice de Preço ao Consumidor de Marabá, enquanto indicador da inflação local. O próximo passo será a mensuração do custo de vida de Marabá. A expectativa é que este indicador analítico esteja disponível à sociedade a partir do mês de março de 2018. Para o reitor da Unifesspa, o lançamento do primeiro IPC de Marabá é um marco para a sociedade e para a Unifesspa, que cumpre seu papel, ao concretizar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Compuseram a mesa de lançamento do boletim econômico, o reitor da Unifesspa, Maurilio de Abreu Monteiro; o coordenador do Lainc, Prof. José Stênio; o diretor-adjunto do IEDAR, Prof. Dr. Giliad de Souza Silva; o Prof. Jarbas Carneiro, representando a Faculdade de Agronomia; Magno Andrade, representante do Armazém Paraíba e Juliana de Almeida representando a Secretaria da Indústria e Comércio e Mineração de Marabá.
30 mil preços coletados por semana
O trabalho do Laboratório, iniciado há mais de um ano, enfrentou muitos desafios que foram superados pelos alunos e professores com muita determinação e aprendizado. O primeiro deles era determinar uma cesta de consumo para a cidade de Marabá, uma vez que não existiam dados específicos para o município.
“Ao abrirmos a base de dados do IBGE descobrimos que os dados na Pesquisa do Orçamento Familiar (POF) não demostravam o interior e só dava visibilidade à capital e a metrópole. Ou seja, Marabá na base de dados do IBGE era igual a outras cidades como Santarém, Bragança. Então, fizemos novos estudos, entrevistamos pessoas, fomos às ruas, para descobrir o perfil socioeconômico de Marabá até chegarmos numa cesta de consumo construída para Marabá, com suas especificidades, entendendo as despesas e consumo das famílias em função da renda familiar da cidade”, detalhou o professor Stênio.
A Cesta de Consumo de Marabá é composta por nove grupos de despesa: Alimentação e bebidas, Habitação, Artigos de residência, Vestuário, Transporte, Saúde e cuidados pessoais, Educação e Comunicação. Na composição da cesta de consumo, os destaques são os grupos Alimentação e bebidas e Habitação, com maior peso, representando quase metade das despesas das famílias do município. Vale salientar que no grupo Habitação estão incluídos itens como combustíveis, gás butano e energia elétrica.
Para apresentar os números da inflação em Marabá nos últimos quatro meses, os alunos e professores envolvidos no projeto realizaram pesquisas de preços em diferentes locais de venda na cidade. Toda semana, são pesquisados os preços de 283 produtos, distribuídos em nove grupos de despesas, em 110 locais de compra no município. São mais de 30 mil preços coletados por semana pelos pesquisadores do Lainc. Estão envolvidos no projeto, com apoio da Fapespa, seis professores, dois técnicos administrativos e 12 alunos bolsistas e voluntários da Unifesspa.
Números da inflação
O Lainc apresentou o IPC-Marabá no período de agosto a novembro de 2017, registrando inflação positiva na maioria dos meses, exceto em setembro, fato também registrado em outras capitais segundo diversos índices (Exemplo. “INPC = -0,02%”, IBGE). Segundo os pesquisadores, de agosto a setembro a retração de 0,14% nos preços no grupo de alimentos e bebidas, assim como de suaves quedas nos preços médios dos grupos de “artigos de residência, -0,01% ”, “vestuário, -0,06% ” e “saúde pessoal, -0,03%” contrapõem a expansão de 0,13% no grupo de habitação, explicam o IPC de -0,06%, sem perder de vista o registro da estabilidade dos preços de mercado nos grupos de despesas pessoais, educação e comunicação.
“Na média, a nossa inflação não está distante de outros estados e municípios. Apesar de sermos uma cidade que importa tudo em termos de bens e consumo, na história da inflação, a gente percebe que o grande vilão é o setor habitação, porque neste grupo estão itens como combustíveis, gás butano, energia elétrica, que tem um peso muito forte”, afirmou o pesquisador.
Em dezembro e janeiro, o maior impacto deverá ser relacionado com a educação, devido ao aumento na compra de materiais escolares. De acordo com o professor e coordenador do Lainc, José Stênio, a decisão de mensurar a inflação é valiosa, “porque é imperativo socializar informações no sentido de otimizar a renda familiar quando da decisão de adquirir os bens e serviços de sua cesta de consumo para uma família com renda de um a cinco salários mínimos. É algo importante se considerarmos que 66,21% dos domicílios marabaenses, as famílias possuem renda de até um salário mínimo", ressaltou.
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