Estudante com paralisia cerebral supera dificuldades e é aprovada no curso de Sistemas de Informação na Unifesspa
Uma terça-feira chuvosa para ficar na memória de Jennifer Viana dos Santos. Nem mesmo o diagnóstico de paralisia cerebral a impediu de realizar um sonho comum aos jovens da sua idade, o de entrar numa universidade e poder fazer um curso superior. Acostumada a frequentar o ambiente da Unifesspa para participar de eventos e cursos, ontem (6), ela entrou na Unidade I do Campus de Marabá para tornar seu sonho realidade.
Ela foi aprovada no curso de Sistemas de Informação na Unifesspa e fez sua matrícula na Instituição. O momento foi acompanhado e comemorado pela família, por sua professora e pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (Naia) da Unifesspa. Um momento histórico para ela e para a Universidade. “Esse momento é muito importante para minha vida porque eu lutei, sonhei e cheguei com garra e determinação e com ajuda de Deus, da minha família e amigos. Estou muito feliz”, disse a estudante.
A mãe de Jennifer, emocionada, relembrou a trajetória de luta pelo desenvolvimento da sua filha. "Quando ela tinha três meses, eu cheguei a ouvir de uma neurologista que minha filha era um "vegetal". Eu tinha 19 anos, e meu mundo desabou. Hoje eu vejo como essa profissional estava errada. Ela é grande, muito mais do que eu sonhei, ela lutou muito e conseguiu. Se todos tivessem a força de vontade e garra que ela tem, o mundo seria muito melhor. Aliás, o mundo é o limite pra ela agora", declarou Adenilce Viana dos Santos, destacando que a Unifesspa será a casa de Jennifer pelos próximos quatro anos. "Minha filha contou com apoio dessa instituição desde o início, o Naia deu todo apoio no proceso de inscrição, entre tantos outros momentos, sei que ela será bem acolhida aqui", acrescentou.
A avó da caloura, Rosailda Souza Mendes, também fez questão de falar do orgulho da neta que venceu muitos desafios para perseguir seus sonhos. “Para ela chegar a essa conquista foi uma vitória muito grande. É uma grande alegria pra nós, pois pelo estado dela sabemos que não foi fácil. Nem todos acreditavam que ela pudesse chegar aonde chegou”, desabafou.
A Unifesspa adota a reserva de vagas para pessoas com deficiência. São reservadas, anualmente, duas vagas em cada um dos 37 cursos oferecidos pela Instituição. Com essas e outras ações afirmativas, a Unifesspa se destaca cada vez mais como uma universidade inclusiva, ajudando a transformar a vida de milhares de pessoas, em especial, na região sul e sudeste do Pará.
“A Unifesspa é uma das universidades que mais tem avançado com políticas de ações afirmativas. Nos últimos quatro anos, duplicamos o número de pessoas com deficiência. Estamos construindo uma cultura inclusiva, compreendendo que esse cidadão tem direito à educação e pode aprender como qualquer outro, desde que seja assegurado a ele as condições de acessibilidade. A universidade oportuniza espaço de formação acadêmica e profissional, fazendo com que exerçam também o seu direito ao mercado de trabalho”, afirmou a professora Lucélia Cavalcante, coordenadora do Naia.
Segundo Lucélia Cavalcante, as atitudes de discriminação e preconceito muitas vezes são resultado da falta de informação e a chegada de alunos com deficiência na Unifesspa vem ajudando a transformar a realidade da Instituição, com mudanças de atitudes da própria comunidade acadêmica e até mesmo mudanças do espaço físico, revitalizando os ambientes, tornando-os cada vez mais inclusivos. “Como Instituição temos o compromisso de assumir os desafios e garantir recursos necessários para o sucesso acadêmico dos nossos alunos com deficiência. Toda a universidade, professores, técnicos e alunos, todos precisam contribuir para esse processo de inclusão acadêmica", ressaltou a coordenadora do Naia.
Outro motivo de orgulho para a Universidade é o fato de Jennifer ter sido aluna do cursinho popular da Unifesspa, o Emancipa, participando das aulas durante todo o ano de 2017. O cursinho tem colaborado na aprovação de inúmeros alunos de escolas públicas, ofertando gratuitamente a preparação dos alunos para a prova do Enem e facilitando o acesso ao ensino superior.
O Naia também tem desempenhado papel decisivo no processo de ingresso dos alunos com deficiência à Universdiade, com diversas ações de apoio e assistência, seja no processo de inscrição no Enem, Sisu ou auxiliando na mediação nas provas. Em 2017, diversos integrantes do Naia trabalharam no Enem, garantindo assistência aos candidatos com deficiência, com equipes de ledores. “O Naia tem buscado apoiar os alunos com deficiência antes mesmo de entrar na universidade, mediando essas questões que envolvem a realização das provas do Enem, inscrições do Sisu, oferecendo ferramentas assistivas, enfim, garantindo as condições necessárias para que essas pessoas tenham o seu direito de acesso à educação garantido”, acrescentou Lucélia Cavalcante.
Além de Jennifer, a Unifesspa também deve receber outros alunos com deficiência, aprovados no Sisu 2018. A expectativa é que mais estudantes efetuem sua habilitação nos cursos para os quais foram aprovados de acordo com os prazos previstos no edital de convocação.
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