II Jepe: Vencedora do Prêmio Proex de Artes Visuais apresenta o “ExCamas”
O “ExCamas com “x” é para dar esse entender da coisa que não pertence mais àquilo de origem”: é assim que Paula Corrêa, estudante de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), explicou o nome de seu trabalho vencedor do Prêmio Proex de Artes Visuais.
Sob orientação do professor Alexandre dos Santos Filho, mais conhecido como Alixa, do Instituto de Linguística, Letras e Artes (Illa), Paula elaborou seu trabalho a partir da experimentação com o uso de escamas de peixes consumidos na região de Marabá, explorando novas possibilidades de uso dessa matéria-prima até então reaproveitada apenas para a confecção de bijuterias e transformando-as em obras de arte.
A ideia do projeto envolveu ensino, pesquisa e extensão, sendo muito apropriada sua primeira exposição na II Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unifesspa, realizada no período de 18 a 21 de setembro.
Após a disciplina “Laboratório Bidimensional”, a artista fez uma pesquisa nas feiras da cidade e lá, além das escamas, também adquiriu com os peixeiros, os instrumentos que eles utilizam no trato do peixe, como facas, escamadores e madeiras.
“Utilizando esses materiais, eu transformei os objetos em esculturas e os coloquei nesses boxes para, por dentro e com o uso de espelhos, trabalhar as dimensões da peça e criar uma miríade de várias imagens, dando a impressão de um caleidoscópio. Também quis trazer a comparação da escama com a nossa pele. Diante do espelho, podemos verificá-la, que nos protege e muda a cada 28 dias. As escamas também, vistas no reflexo que simulam as águas, trazem essa mudança ao peixe – depois que lhe são retiradas, não o protegem mais. Além disso, o exterior do box é composto por azulejos e rejuntes, simulando o box em que o peixeiro trabalha”, explicou Paula sobre suas peças.
Este é o segundo Prêmio Proex que Paula Corrêa vence. O primeiro, intitulado “Sombras da minha Cidade”, foi exposto em Marabá e também em outras cidades, como Salvador, durante o 11º Encontro Nacional dos Estudantes de Arte (Enearte).
A intenção de Paula, após conclusão de pelo menos mais 3 peças, é também expor o “ExCamas” nas feiras da cidade, para valorizar o trabalho do peixeiro.
“Durante a execução do projeto, pude ver como é trabalhoso recolher as escamas e, principalmente, como o trabalho do peixeiro é árduo. E isso ressalta a extensão na universidade e é o que o Prêmio Proex nos possibilita. Tu vais além da universidade, conhece outras pessoas, faz uma pesquisa fora e tu podes depois levar isso de volta para dentro da feira, vai chamar atenção das pessoas, valorizando o trabalho deles. Quero mostrar, na exposição, o suor do trabalho deles”, ressaltou Paula, que além das escamas incluiu nas obras o uso da pigmentação a partir de elementos naturais como café, beterraba, casca de cebola, urucum – também usados no cozimento do peixe.
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