IEX: Realizados Seminários Multicampi de Extensão & Assistência Estudantil
Os Seminários Multicampi de Extensão & Assistência Estudantil foram realizados no último dia (28), em São Félix do Xingu. As temáticas foram discutidas com os presentes em uma mesa-redonda, com a participação da comunidade acadêmica e da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex), na sala de cinema da Praça Céus.
Seminário Multicampi de Extensão
A mesa-redonda “A Extensão na Região Sul e Sudeste do Pará sob a perspectiva do Novo Marco Regulatório” possibilitou o diálogo entre a comunidade acadêmica sobre as práticas extensionistas realizadas no Instituto de Estudos do Xingu (IEX) e as estratégias de adequação às Novas Diretrizes da Extensão homologadas pelo Ministério da Educação, no fim de 2018.
O professor José Nazareno fez um panorama sobre a extensão no campus de São Félix do Xingu e ressaltou a atualização nos Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos (PPCs). “Temos feito um esforço constante para atualizar os PPCs dentro do marco legal com 10% de carga horária voltada para extensão, promovendo atividades multidisciplinares para envolver os cursos e montar um calendário de eventos para que possamos divulgar o que tem sido feito pela Unifesspa aqui”, destacou Nazareno.
As novas diretrizes destacam o primado da extensão como forma de diálogo e transformação de outros setores da sociedade a partir de suas demandas. Nesse sentido, o professor Nazareno ressaltou que, além dos projetos de extensão desenvolvidos no campus, no calendário de eventos existem ações que envolvem temáticas para dialogar com a população. “Ano passado, fizemos um evento relacionado à biologia, em parceria com letras, com enfoque étnico-racial. A ideia é trazer a temática indígena esse ano, mais relacionado à letras, mostrando diferentes olhares a respeito da valorização da cultura, já que há memória estigmatizada a respeito dos povos indígenas que aqui vivem”, elencou o professor.
“A Universidade não pode se apropriar do conhecimento popular, mas aprender com ele e transformar a realidade junto a esses sujeitos e, principalmente, se transformar. O que eu consigo perceber nos colegas que atuam comigo é que aos poucos há o entendimento de que a extensão é um espaço de pesquisa. Uma ação extensionista que vá modificar o lugar onde está o Instituto é mais valiosa que qualquer artigo que possamos publicar”, disse Nazareno.
Para falar dos projetos desenvolvidos em 2019 no campus, duas estudantes do IEX também integraram a mesa e apresentaram os projetos em que atuam e relataram suas experiências como bolsistas.
Lívia Brito, estudante de Letras, tem atuado no projeto direcionado à formação de professores do quadro de escolas nas aldeias Kayapó. “Percebemos que estudantes do ensino básico têm sido alfabetizados em uma segunda língua. Entendemos a importância desse conhecimento, no entanto, esse processo afasta as crianças e jovens de sua cultura e seus significados”, disse Lívia.
De acordo com os levantamentos feitos pelo projeto para formulação de oficinas aos professores e demais interessados no assunto, há uma dupla deficiência: há a alfabetização das crianças na segunda língua, no entanto, o professor precisa de um intérprete para ensinar porque não conhece a língua de quem está alfabetizando.
“Nossa ideia, ao fim do curso, após as oficinas e outras atividades que contribuam com o intercâmbio de saberes entre as línguas e culturas, é produzir dicionários e outros produtos que apoiem o professor na aldeia”, destacou a estudante.
Juliana Lourenço participa de um projeto sobre etnobotânica, com foco em plantas medicinais. “O objetivo é valorizar e conservar esses conhecimentos tradicionais relacionados a plantas medicinais e ver por meio de instrumentos de pesquisa como esse conhecimento a este recurso tem sido usado. Depois, iniciar o incentivo a esta prática, já que essa região é marcada pela forte presença indígena e eles têm em sua cultura diversas formas de uso dessas plantas”, explicou Juliana.
Um próximo passo do projeto é disponibilizar mudas e oficinas sobre seu uso para, posteriormente, iniciar a produção de remédios. “A bacia do Xingu é um local de comunidades tradicionais, indígenas, e esse estilo de vida tem sido comprometido pelo aumento do extrativismo predatório que é insustentável e causador de desequilíbrios nos ecossistemas e compromete as populações”, ressaltou a estudante de Biologia.
O professor Normando Viana, responsável pelo acompanhamento de programas e projetos na Proex, trouxe em sua fala as Novas Diretrizes da Extensão e apresentou a resolução do MEC que a aprovou. “Entre todas as regulações e inovações que estas diretrizes estão, é nosso deve pensar e ressignificar nosso entendimento sobre a extensão na Unifesspa e de como estamos cumprindo o nosso papel social. Por isso, o esforço deve ser primeiro entender a demanda dos outros setores da sociedade, da comunidade aqui do lado, para poder propor intervenções permeadas pelo diálogo”, disse Normando.
Para encerrar a mesa, o professor Diego Macedo, pró-reitor da Proex, destacou a partir das falas, o papel social da Universidade ao realizar práticas extensionistas. “Não é papel da Proex realizar estas ações, mas fomentar, dar suporte, ao que a comunidade acadêmica entenda como importante, como demanda, tanto com bolsas de extensão, como através de outros suportes que permitam que a Unifesspa realize seu papel social: intervir na realidade a partir da demanda da sociedade, sempre através do diálogo”, concluiu Macedo.
Proposição de projetos e programas por estudantes e técnicos, conciliação de vida acadêmica com trabalho e quais tipos de ações se configuram como extensão foram temas das perguntas apresentadas pelos presentes e respondidas pelos integrantes da mesa.
Seminário de Assistência Estudantil
“Diálogos sobre a Política de Assistência Estudantil da Unifesspa” foi o tema que regeu o Seminário de Assistência Estudantil. A Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantil dividiu a mesa-redonda com estudantes dos cursos de Letras, Português e Biologia.
Os assistentes sociais Elino Benício e Valdelina Queiroz apresentaram aos estudantes o que é o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e os programas executados na Unifesspa por meio dele. “Pior que não colocar um aluno no ensino superior é não dar condições para que ele permaneça em seu curso. Por isso, nossa missão é criar, garantir e ampliar as condições de acesso, permanência e conclusão no ensino superior”, destacou Elino Benício.
Fábio Araújo, diretor de Assistência e Integração Estudantil da Proex, destacou em sua fala como os recursos do PNAES são utilizados na Unifesspa considerando a pesquisa de perfil do estudante de graduação e quais estratégia foram traçadas para dirimir as demandas dos estudantes.
Sueila Soares, estudante de Letras, apresentou as demandas dos estudantes do IEX sobre os assuntos estudantis. “Foi muito bom ser convidada para essa mesa porque eu entendia a assistência estudantil como auxílio da Universidade. Quando fui me preparar para essa fala, vi que é um direito e, representando meus colegas, indico que entre nossas dificuldades têm sido do acesso às informações para acesso à assistência estudantil”, falou Sueila.
A estudante de Biologia, Juliana Mendes, ressaltou a necessidade da atenção ao processo de inscrição e do espaço do seminário como momento de dirimir as dificuldades. “Muitos consideram que é burocrático, ou desistem quando são indeferidos. Eu quero dizer que vale a pena tentar porque é um direito nosso, conquistado ao longo do tempo para aproximar o povo da Universidade”, disse Juliana.
No diálogo com os estudantes presentes foi possível tirar dúvidas sobre os programas executados na Unifesspa, suas formas de seleção e sobre diversas questões relacionadas à suas vivências no IEX.
“Eu vim para o seminário cheia de dúvidas, mas saio esclarecida, com informações e ferramentas para entender a assistência estudantil e lutar por nossa permanência no curso. Foi um momento de fortalecimento dos discentes”, disse Lucivânia Tavares, do curso de Letras.
“O seminário foi o momento em que substituímos a ideia de que as pró-reitorias são instâncias distantes, como a Proex se mostrou hoje: menos burocrática e mais acessível para qualquer dúvida sobre os editais”, destacou Venceslau Costa Neto, estudante de Letras Pronera.
“Vocês devem considerar todos os espaços democráticos como lugar de debate para construir a Universidade que querem, sonham, democrática, de livre pensar. A Universidade em que vocês podem dizer o que querem, serem respeitados, tendo consciência de que tudo o que está aqui é de vocês e por vocês”, concluiu Fábio Araújo.
A programação em São Félix do Xingu teve continuidade no dia 29 de março com a Rede de Saberes “Unifesspa & Educação Básica”, às 14h, no Centro Nazaré e participação da secretaria municipal de Educação e da única Escola de ensino médio da cidade, Carmina Gomes, em uma mesa-redonda com a Proex.
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