Mostra de Extensão da Unifesspa é realizada em espaço público
A extensão foi para a rua no último dia do II Fórum de Extensão e Assuntos Estudantis, integrante da III Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Nessa quinta, 26 de setembro, a comunidade acadêmica levou a apresentação da Mostra de Extensão de programas, ações institucionais e projetos por comunicações orais e pôsteres, para o estacionamento da VP 8, Folha 28, Nova Marabá.
Por dois dias, no evento, realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex), estudantes e coordenadores de programas e ações institucionais no formato de comunicação oral, no Auditório da Unidade I. O espaço com um número significativo de participantes, possibilitou a discussão em torno do que as atividades extensionistas, como o curso de educação popular, da Rede Nacional Emancipa, que em Marabá tem o nome de “Zé Cláudio e Maria”.
“Pelo cursinho popular conseguimos trabalhar os conteúdos mais próximos da realidade dos estudantes. Os conflitos agrários na Amazônia, por exemplo, que estão nosso cotidiano, são trabalhados não só em sua conceituação e resgate de confrontos, mas com foco na intervenção da realidade. Inclusive, os estudantes participaram da Romaria dos Mártires, em Nova Ipixuna, e puderam conhecer o lote do Zé Cláudio e Maria, para além da discussão em torno de sociologia na sala de aula”, revelou o coordenador Rigler Aragão.
Outra temática apresentada pelos trabalhos do Emancipa foi a autodeclaração de cor, trabalhada pela educadora bolsista de extensão, Rebeca Pereira. “Ao invés de trabalhar a visão tradicional por meio da escravidão, trabalhamos a questão negra por meio do cotidiano, mas expondo as práticas comuns de racismo e preconceito e percebemos uma mudança na identificação deles como negro”, disse a estudante.
“O Emancipa contribui comigo de forma pessoal, já que sempre fui muito tímida e reservada; e hoje, consigo ter mais segurança ao falar em público, ao ministrar aulas, já que estudo licenciatura; e me fez crescer como profissional e desenvolver abordagens com base na realidade deles e com empatia”, concluiu Rebeca.
Na Mostra dos projetos de extensão em pôster, no estacionamento da VP 8, os contemporâneos de curso técnico no Instituto Federal do Pará (IFPA) trocavam experiência sobre seus projetos desenvolvidos agora enquanto estudantes da Unifesspa. Lucas Gomes, de licenciatura em Geografia, e George Guajajara, da Economia, têm um mesmo interesse de estudo: povos do campo.
“Quando eu era estudante do IFPA participei de projeto de iniciação científica, mas vejo que na extensão temos a possibilidade de maior contato com o cotidiano do nosso objeto de estudo. Nesse projeto em que fazemos construção de plano de uso quadrienal (2020-2023) do recurso repassado pela Vale ao povo Xikrin, identificamos a necessidade de instrumentá-los para que eles sejam os protagonistas de sua realidade e que a última palavra sobre os valores seja deles, e não de um não-indígena, como tem acontecido”, destacou o estudante.
“Nós somos amigos desde o IFPA e vejo de suma importância o interesse dele, como indígena, de produzir conhecimentos ao povo dele”, disse Lucas.
Vindos de São Félix do Xingu em caravana para apresentar os projetos desenvolvidos no Instituto de Estudos do Xingu (IEX) da Unifesspa, o estudante Fernando Brito e o professor José Nazareno, do curso de Biologia, conversaram com os presentes de como utilizar as lendas amazônicas para abordar questões ambientais em sala de aula.
“Criamos um plano de ensino com as lendas para conscientização ambiental. Por exemplo, usamos a cobra grande para tratar da poluição nos rios e mineração; e o uirapuru para falar de desmatamento e queimadas, problemática recorrente em São Félix do Xingu”, destacou Fernando.
Essa é uma das primeiras atividades extensionistas do professor José Nazareno. “Eu fui formado para ser um cara tecnicista, para laboratório. No entanto, a região pede outra postura. Tivemos a dificuldade de inserção nas escolas, mas conseguimos o interesse dos professores, o que demonstra que a extensão é espaço de contato direto e efetivo na comunidade e cumpre a missão da universidade de interferir na realidade local”, relatou o professor.
“A mostra contou com a participação de estudantes e professores de outras unidades da Unifesspa fora de sede. No entanto, sem a presença de todos, já que o bloqueio orçamentário da Unifesspa fez com que a ação prevista para participação dos estudantes em eventos acadêmicos, fosse uma entre as mais de 200 suspensas”, justificou o diretor de ação intercultural da Proex, professor Evaldo Gomes Jr.
Estudante do Instituto de Estudos do Trópico Úmido (Ietu), Fernanda Franco, foi uma das que apresentou um projeto de extensão junto à educação básica, provando que essa relação não deve ser restrita às áreas comuns, como Pedagogia e demais Licenciaturas “Eu sou de Xinguara, estudei lá o ensino fundamental e não tive base nenhuma sobre solo. Aprendi na Unifesspa, no meu curso. Por isso, foi gratificante ensinar isso a eles na escola e de ver como eles aprenderam”, disse a estudante de Zootecnia.
Foi possível ver entre os trabalhos apresentados que essas áreas comuns à educação básica podem intervir para além da formação direta de professores, como o projeto da Brinquedoteca, apresentado pelo estudante Kaio Coelho. “Dentro desse projeto, tive crescimento acadêmico e pessoal. Temos tido contato com crianças de diferentes idades e realidades sociais, então acabamos ressignificando nossa compreensão do que é infância, da teoria sobre a infância, tendo o contato com a criança nesse espaço que promove o protagonismo infantil. Vemos como é importante o brincar nessa fase infantil e o nosso crescimento como graduandos em pedagogia”, ressaltou o estudante que também aproveitou o momento para distribuir panfletos para divulgar o projeto e discutir temáticas como direito de brincar.
Quem pegou um dos panfletos e ficou interessado em parceria com o projeto da Brinquedoteca foi José Carlos da Silva, o professor Kostas, do curso de Artes Visuais. Ele já desenvolve um projeto de arte-soldagem, em parceria com Engenharia Mecânica. “Cheguei aqui e me interessei por cinco trabalhos, como a brinquedoteca. E, com eles, já pensei em uma parceria para, quem sabe, utilizar obras artísticas ou produzidas no projeto de arte e solda para promover o lúdico com as crianças. Essa é a forma que temos de estabelecer parceria e processos interdisciplinares para promover a extensão na Unifesspa.
O diretor do Instituto de Estudos em Direito e Sociedade (Ieds) da Unifesspa, professor Jorge Luís Ribeiro acompanhou a mostra e destacou a extensão como meio de diálogo e inserção da universidade em outros setores da sociedade. “Tem uma coisa que devemos desmistificar: a universidade tem que sair dos seus muros. Nós já estamos fazendo isso. É só olhar para os trabalhos que estão sendo apresentados na Mostra e ver que nas mais diversas regiões, escolas, localidades, povos, a universidade está. Ela já pulou esse muro”, falou o professor.
“Os trabalhos, desenvolvidos ao longe de 2018 e 2019, mostraram o envolvimento dos trabalhos com os diversos setores da sociedade: assentamentos, movimento sociais, empresas públicas e privadas e, principalmente, na rede de educação básica municipal e estadual, não só de Marabá, mas nos lugares onde a Unifesspa está, além de seus campi”, destacou o pró-reitor de Extensão e Assuntos Estudantis, professor Diego Macedo.
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