Professores Maurílio e Idelma falam sobre a escolha do novo reitor e pedem união da comunidade
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa, na manhã desta quinta-feira (17), os professores Maurílio Monteiro e Idelma Santiago se pronunciaram, pela primeira vez, sobre a recente decisão do Governo Federal em nomear o último colocado da lista tríplice para o cargo de reitor da Unifesspa.
A coletiva foi transmitida, ao vivo, pela internet. Maurílio Monteiro iniciou sua fala lamentando, o que chamou de “duro golpe na autonomia universitária”, o fato do governo federal contrariar a decisão da comunidade universitária, em mais uma Instituição Federal de Ensino Superior.
Monteiro havia sido reeleito pela comunidade da Unifesspa, com 84,4% dos votos, em votação on-line realizada no dia 21 de maio. Na última terça-feira (15), o Diário Oficial da União publicou decreto presidencial nomeando o professor Francisco Ribeiro, terceiro colocado na votação, como reitor da Unifesspa para os próximos quatro anos.
Ele afirmou que essa decisão também se opõe às manifestações de apoio de outras Instituições. As Câmaras de Vereadores das cidades onde há campus da Unifesspa enviaram, ao MEC, requerimentos em que reconheciam a decisão da comunidade universitária, os avanços da Unifesspa nos últimos anos e pediam a nomeação de Maurílio Monteiro, primeiro colocado da lista tríplice.
“Agradeço o grande apoio e as demonstrações de solidariedade que temos recebido da comunidade acadêmica, classe política, entidades e sociedade civil. A cada mensagem ou telefonema, são lembranças do que nós fizemos e dos planos que tínhamos para que a Unifesspa continuasse crescendo”, disse.
Emocionado, Maurílio também elogiou e agradeceu o trabalho da vice-reitora, professora Idelma Santiago, de toda a equipe de professores e técnicos da Unifesspa, além dos estudantes. “Encerramos nosso mandato de cabeça erguida. Lutamos muito, enfrentamos diversas dificuldades e vencemos a maioria delas, construindo uma universidade viva, aberta ao diálogo e que conta com o apoio da sociedade paraense”.
Ao finalizar seu pronunciamento, Monteiro pediu que a comunidade acadêmica mantenha-se unida, evitando conflitos internos. “Nosso chamamento, a toda comunidade, é para não internalizarmos o conflito, que pode ser destrutivo para nós. A Unifesspa tem que crescer e se fortalecer ainda mais. Por isso, vamos colaborar e nos mantermos vigilantes. O melhor caminho para resistir é ampliar a democracia na universidade”, declarou.
Já Idelma Santiago frisou o papel da universidade pública como promotora da transformação social e falou sobre democracia. “Garantir os processos de democracia, de forma interna e externa, é parte da legitimação social das universidades. Assim, essa decisão autoritária que nos acontece agora é também um ato contra a sociedade”, disse ao citar a autonomia universitária, prevista na Constituição Federal.
A professora classificou como lamentável e digno de repúdio que a Unifesspa, em seu segundo processo democrático para escolha de dirigente, tenha que enfrentar uma decisão que contraria a ampla vontade expressa pela comunidade universitária. Disse, ainda, esperar que esse ato não alcance o objetivo de enfraquecer as relações internas da Instituição.
“Esperamos que nossa comunidade entenda isso e tenha sabedoria, capacidade e criticidade para seguir defendendo e contribuindo para a construção de uma universidade pública, gratuita, inclusiva, diversa e popular”.
Quase 500 pessoas acompanharam, simultaneamente, a transmissão dos pronunciamentos. Diversos comentários demonstravam apoio, agradecimento ao trabalho dos professores, bem como destacavam os avanços conquistados na gestão que se encerra. Para assistir ao pronunciamento, na íntegra, clique aqui.
Trajetória
Muito querido e respeitado dentro e fora do espaço universitário, Maurílio Monteiro foi nomeado reitor pró-tempore da Unifesspa, em 2013, ano de criação da universidade, a partir do desmembramento do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Em 2016, pela primeira vez, foi eleito pela comunidade universitária para o cargo de reitor da Unifesspa, tendo a professora Idelma Santiago como vice. Sua gestão foi marcada pela notória capacidade de diálogo, articulação política e engajamento.
Mesmo diante de forte restrição orçamentária, principalmente nos últimos anos, com a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que instituiu o teto de gastos na Administração Pública e reduziu repasses às instituições, a gestão Maurílio e Idelma seguiu com importantes avanços.
De 2013 para cá, o número de estudantes matriculados em cursos de graduação e pós-graduação subiu de 2,5 mil para 6,5 mil. Mais de 2,5 mil alunos já foram diplomados. Atualmente, a Unifesspa oferta 42 cursos de graduação, 13 mestrados (6 próprios e 7 em parceria), 3 doutorados (em rede) e 8 especializações. São 11 unidades acadêmicas (ou institutos), que mantém estudos e pesquisas nas principais áreas do conhecimento humano.
Já o quadro de servidores (técnicos administrativos e professores) passou de 175, em 2013, para mais de 730, em 2020. Mesmo com esse expressivo crescimento, o reitor Maurílio sempre defendeu que o número ainda é insuficiente frente às demandas institucionais da Unifesspa.
Outra grande marca da gestão foram os avanços na infraestrutura. Em sete anos, a Unifesspa mais que quadruplicou sua área física, saindo de pouco mais de 10 mil m², em 2013, para quase 45 mil m² de espaço construído. Foram mais salas de aula, bibliotecas, laboratórios e auditórios para o melhor desenvolvimento das atividades acadêmicas e administrativas, em todos os cinco campi da Unifesspa.
Foto da coletiva: Chagas Filho/Grupo Correio
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