Tese de professor da Unifesspa ganha prêmio da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
A tese de doutorado do professor Jax Nildo Aragão Pinto, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), ganhou o Prêmio Saúde Pública de Tese, concedido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Osvaldo Cruz (Ensp/Fiocruz). Esta é a primeira edição do prêmio, que busca reconhecer os melhores trabalhos do Programa Nacional de Saúde Pública.
A solenidade de premiação ocorreu na tarde desta segunda-feira (7), durante a Plenária virtual de Doutores da Pós-Graduação em Saúde Pública. Intitulada “Saúde Pública Acesso à terra, condições de vida e saúde no meio rural amazônico: estudo de caso no Assentamento Palmares II”, a tese premiada foi defendida em julho deste ano, com orientação do Prof. Dr. Marcelo Firpo.
Além do reconhecimento da qualidade e relevância de sua pesquisa, o professor também foi premiado com o valor de R$ 5 mil. Os recursos deverão ser utilizados em ações para divulgação do trabalho vencedor. Também foram premiados o orientador da pesquisa e outras duas alunas do Programa, Suelen Oliveira (2º lugar) e Lorena Ferreira (3º lugar).
“Esse prêmio representa muito. Como pesquisador, ele abre possibilidade de contribuições e diálogos importantes no meio rural Amazônico, discutindo a questão da saúde pública. Além disso, um dos artigos da minha tese possibilita um diálogo importante entre comunicação e saúde”, afirma o professor Jax Pinto.
Ainda segundo o pesquisador, o trabalho premiado reafirma sua atuação histórica de comprometimento com os trabalhadores da terra. “Trabalhei muito tempo na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e minhas produções acadêmicas têm muito a ver com contribuições relativas à questão da terra, especialmente a participação dos camponeses na Amazônia”, diz.
Em sua fala, Marcelo Firpo ressaltou a complexidade do tema escolhido pelo prof. Jax Pinto, que aborda a reforma agrária, território e a transformação de uma região que envolve indígenas, quilombolas e camponeses. Firpo destacou, ainda, a necessidade da formação de uma rede de professores e pesquisadores da região amazônica, no campo da Saúde Coletiva, e a produção de trabalhos acadêmicos de qualidade junto aos movimentos sociais.
Sobre a tese
O objetivo da pesquisa foi compreender em que medida o acesso a terra tem possibilitado melhorias nas condições de vida e saúde de famílias migrantes sem terra do meio rural amazônico, tendo como referência o Assentamento Palmares II, localizado no sudeste Paraense.
De acordo com a pesquisa, o Assentamento representa, desde o início dos anos 1990, com a espacialização do MST no sudeste paraense, o epicentro das ações do Movimento, sendo uma das expressões organizativa das ações do campesinato na fronteira amazônica. Como resultado e estrutura da tese foram produzidos quatro artigos que problematizam e analisam o objeto de estudo proposto.
O primeiro deles discute as condições de vida e a promoção emancipatória da saúde, a partir dos referenciais sobre a luta pelo acesso à terra no sudeste paraense. O segundo artigo reflete sobre as transformações nas condições de vida e saúde das famílias assentadas na Palmares II.
Já o terceiro artigo aborda a correlação entre o garimpo de Serra Pelada e o acesso à terra, marcada pelo conflito, violência e precárias condições de vida e saúde. Por fim, o quarto artigo problematiza a importância da comunicação dialógica e os veículos de comunicação alternativos como potência colaborativa das lutas sociais camponesas para a construção de melhores condições de vida.
Com isso, a tese produziu evidências que indicam que as alterações nas condições de vida e saúde são possíveis quando sujeitos sociais se juntam em processos de mobilização, articulação e luta para atingir objetivos comuns, meio a diversidade de relações e trocas de saberes.
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