Com participação da Unifesspa, Atlas da Notícia mostra a importância do jornalismo local em meio às crises na região Norte
Marcado pela pandemia de Covid-19, o ano de 2020 foi conturbado na região Norte. Em novembro, o Amapá passou por um apagão de 20 dias, que deixou a população em situação caótica.
No Amazonas, a primeira e a segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus expuseram nas manchetes da imprensa o total colapso do estado. Tendência observada também nos estados vizinhos Rondônia, Roraima e Pará.
Ainda sobre o estado do Pará, os índices alarmantes de desmatamento e queimadas somados aos conflitos territoriais decorrentes de atividades ilegais continuam a expor crises sociais e econômicas da Amazônia.
É neste cenário que a quarta edição da pesquisa Atlas da Notícia mapeou veículos de jornalismo local, chegando ao total de 960 veículos nos sete estados da região Norte — dos quais são 347 online, 291 rádios, 206 TVs e 116 impressos. Desde o ano passado, a Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) integra esse projeto, ajudando a mapear veículos produtores de conteúdo jornalístico – especialmente de jornalismo local – no território brasileiro. A Unifesspa é a única do estado a firmar parceria com o Atlas da Notícia.
De acordo com os dados levantados, Pará e Amazonas, os maiores estados da região Norte, seguem com maior número de veículos, sendo 256 e 184, respectivamente. A quantidade de desertos de notícias continua alarmante: 314 dos 450 municípios nortistas não possuem nenhum veículo jornalístico mapeado no Atlas.
Na versão anterior da pesquisa, a região Norte, com uma proporção de 71,8%, perdia apenas para o Nordeste, com 73,5%, em relação à quantidade de desertos de notícia. Nesta quarta edição, o Norte superou o Nordeste, passando a ocupar o primeiro lugar com uma proporção de 69,8% dos municípios sem cobertura jornalística, enquanto o Nordeste registrou uma proporção de 66,3%.Norte e Nordeste amargam números que refletem a desigualdade social em comparação a outras regiões do país. Reivindicação de longa data, ambas regiões reclamam visibilidade para a imprensa local e para suas pautas na cobertura de veículos nacionais.
Segundo os estudos, as redes de comunicação continuam fortes na estrutura da região Norte. Na segunda edição do Atlas da Notícia, foram destacados como conglomerados de mídia, geralmente ligados à famílias com histórico na política partidária, representam a grande imprensa na região Norte. Com o levantamento de 2020, foram identificadas a filiação e criação de novas redes de mídia nos estados nortistas. A pesquisa destaca os casos das rádios de Rondônia e de uma rede de portais online no Pará.
Cobertura jornalística no estado do Pará
O desmatamento na Amazônia ganhou destaque no debate público nos últimos anos em razão de índices inéditos de aumento. Em 2020, o Pará completou quinze anos como estado mais desmatado e com mais focos de calor, representando 46% e 41%, respectivamente, do total na Amazônia. A desertificação na Amazônia se dá também pela insuficiência e fragilidade da imprensa local cobrindo a agenda ambiental.
Os dados levantados pela quarta edição do Atlas da Notícia apontam que 95 dos 144 municípios paraenses seguem sem veículos jornalísticos próprios. No entanto, a diminuição desse número é uma possibilidade a ser observada nas próximas edições da pesquisa, a exemplo de Rondon do Pará que até 2019 não possuía nenhuma iniciativa jornalística, mas agora conta com a cobertura do Rondon Notícias.
O portal é uma produção laboratorial e experimental da Faculdade de Comunicação da Unifesspa. Em 2020, promoveu o primeiro debate entre candidatos à prefeitura nas eleições municipais e também tem uma frente de checagem de fatos.
Esforço colaborativo fortalece o Atlas da Notícia
O levantamento de veículos jornalísticos realizado pelo Atlas da Notícia é um esforço coletivo possível devido à colaboração de vários grupos de pesquisadores e jornalistas em todas as regiões do país.
Pela Unifesspa, colaboraram nesta edição as professoras Elaine Javorski Souza e Janine Bargas, e os estudantes de jornalismo Alexandre Franco da Cruz João Carlos Oliveira Marques. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Centro Universitário do Norte (Uninorte) e Universidade Federal de Rondônia (Unir) também apoiam a iniciativa
*Texto adaptado do original de Jéssica Botelho. Para ler o conteúdo integral acesse: https://bit.ly/3rt2Wqd
*Foto 1: Reprodução/Atlas da Notícia
*Foto 2: Reprodução/Rondon Noticias
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