Agricultura familiar e identidade campesina ganham destaque em memorial em Rondon do Pará
Rondon do Pará ganhará um espaço para convivência, reconhecimento da identidade campesina e da produção cultural de moradores e agricultores da cidade: o Memorial da Agricultura Familiar. O projeto, proposto pela professora Elaine Javorski, da Faculdade de Comunicação da Unifesspa, em parceria com o fotógrafo Ricardo D’Almeida, foi aprovado pela Lei Aldir Blanc (Pará), em edital destinado a criação e difusão de Museus e Memoriais de base comunitária.
A proposta é transformar o Mercado Municipal Eduardo Ribeiro de Aquino, hoje local da feira realizada semanalmente às sextas-feiras e sábados, em espaço mais agradável para a convivência e intercâmbio cultural entre moradores da cidade e agricultores locais. O projeto ambiciona, ainda, a utilização do local para exposições de artistas, cursos e debates, atuando também como um espaço gastronômico e de artesanato.
"A ideia do memorial surgiu da convivência que a universidade tem com agricultores da feira e das parcerias que temos feito, a exemplo da Embrapa Oriental, com a qual temos trabalhado a questão do jornalismo comunitário para as comunidades rurais. Tudo isso nos fez ficar mais próximos dessas pessoas e nos colocou em contato com as dificuldades e os anseios que elas tinham, além das melhorias que poderiam ser feitas ali”, afirma a professora Elaine Javorski.
De acordo com a professora, Rondon do Pará tem cerca de 17 comunidades rurais cadastradas, totalizando 300 famílias. O Mercado Municipal é muitas vezes o principal ponto de encontro dessas pessoas. “Esse movimento da feira é o que nos fez perceber a importância do local e de sua posição estratégica para o encontro de quem vende com quem compra. A ideia é mostrar a importância desses pequenos produtores para economia e para cultura da cidade”, diz.
No momento, está sendo realizado um levantamento biográfico dos agricultores familiares e a construção do perfil histórico da agricultura familiar na cidade, com ênfase no trabalho dos moradores e dos migrantes na construção dessa trajetória. O resultado prevê uma exposição permanente de diversos painéis com fotografias e textos sobre os mais antigos agricultores participantes da feira. Será feita também uma reabilitação estética do espaço, a instalação de equipamento de som para a rádio na feira, além de um espaço gastronômico, artesanatos e cursos.
“Este é um projeto muito bonito de valorização do espaço da feira, dos feirantes e dos agricultores. Esperamos que as pessoas possam perceber a importância desse tipo de iniciativa para o reconhecimento e preservação dessa cultura tradicional de produção e comercialização de alimentos”, ressalta Ricardo D’Almeida.
O fotógrafo, que também teve projeto aprovado na categoria de cultura digital, celebra a Lei Audir Blanc, fruto das lutas de movimentos culturais em todo o país. Para ele, a lei não pode se resumir a este momento excepcional de pandemia. “Que a sociedade e os políticos percebam como esse tipo de iniciativa não apenas faz circular recursos financeiros, mas também valoriza a autoestima do povo ao mostrar a força das tradições e a beleza da iniciativas e festas populares”, finaliza.
Com informações do portal Rondon Notícias
Foto: Reprodução.
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