Em parceria com docente da UFF, professor de História da Unifesspa lança coletânea sobre Sérgio Buarque de Holanda
Na próxima quarta-feira, dia 31 de março, às 16h30, ocorrerá o lançamento virtual da coletânea intitulada “Visão do Paraíso, de Sérgio Buarque de Holanda, seis décadas de um ensaio”, obra organizada pelos professores André Furtado (IETU/Unifesspa) e Giselle Venancio (UFF). O lançamento será realizado via Google Meet, por meio do seguinte link: https://meet.google.com/bsr-jpgv-rpv.
A publicação é fruto do interesse dos pesquisadores pela obra “Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, texto defendido como tese para a cátedra de História da Civilização Brasileira da Universidade de São Paulo (USP), em 1958, e publicado pela Livraria José Olympio Editora (LJOE) no ano seguinte.
O livro analisa os édens terrestres, as descrições sobre o clima ameno e a boa temperança dos ares como traços recorrentes nas narrativas de viajantes e cronistas que percorreram as terras do Novo Mundo. Este é um universo composto por fontes da juventude, Eldorados, frutos exóticos, animais fantásticos e figuras mitológicas.
Segundo os autores, a instabilidade desta obra, nem sempre prestigiada, despertou o interesse para a organização da Jornada de Estudos intitulada Visão do Paraíso, de Sérgio Buarque de Holanda, seis décadas de um ensaio, que, agora, reúne em coletânea homônima parcela significativa de seu rico debate, ocorrido em novembro de 2019 junto ao Instituto de História (IHT), da Universidade Federal Fluminense (UFF).
À época, o evento contou com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), que igualmente financiou a presente publicação, pois tal agência concedia, na ocasião, uma bolsa de Pós-doutorado ao professor André Furtado, hoje docente da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), que era supervisionado pela professora Giselle Martins Venancio, da já referida UFF. Ambos foram, desse modo, os organizadores do livro.
Mais sobre a obra - A coletânea integra o catálogo da coleção de “História” da Fino Traço Editora, de Belo Horizonte (MG), e possui ao todo seis capítulos e um encarte com imagens. No primeiro estudo, Robert Wegner, professor da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), avalia um quadro receptivo específico de docentes dos Estados Unidos – das áreas de teologia, literatura e história das religiões –, que se apropriaram do livro buarqueano, estabelecendo diálogos com o autor.
O segundo, de Eliana de Freitas Dutra, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), corresponde a uma tradução de sua pesquisa apresentada originalmente em um colóquio ocorrido em Paris, em 2004, e, até esse momento, inédito em português, na qual analisa o legado ibérico investigado nos escritos de Sérgio Buarque.
No terceiro capítulo, de Renato Martins, doutor em História pela citada USP, pode-se acompanhar a reflexão da maior autoridade sobre o assunto na atualidade, autor de uma tese de 2017 dedicada, na íntegra, ao livro buarqueano em apreço, e que nos apresenta a exclusividade nos argumentos de Visão do Paraíso.
Ao centro da coletânea, são inserida Ilustrações, antecedidas pela explicação de Mariana Tavares, doutora em História pela UFF, no qual se reproduz parte de uma exposição montada na Biblioteca Central do Gragoatá (BCG) por ocasião do evento, feita com fotografias, cartas e gravuras pesquisados no Fundo documental de Sérgio Buarque, que se encontra junto ao Sistema de Arquivos da Universidade Estadual de Campinas (Siarq-UNICAMP).
No capítulo seguinte, do organizador André Furtado, acompanha-se os difíceis caminhos da tese-livro junto às suas comunidades de leitores, analisando resenhas, negociações e processos editoriais, enquanto seu autor conquistava prestígio e espaços, fixando melhor seu reconhecimento como historiador.
No quinto capítulo, da também organizadora Giselle Venancio, prosseguem as avaliações nos domínios da História do Livro, da Edição e da Leitura, sua especialidade ao lado da área de Teoria e Metodologia da História, que renova as perspectivas dos estudos buarqueanos ao propor uma mirada latino-americana, pois explora a primeira e única tradução do livro para o espanhol, realizada junto à coleção venezuelana da Biblioteca Ayacucho.
Como palavra final, a obra apresenta o estudo de Ronaldo Vainfas, professor da UFF e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que descortina questões decisivas a qualquer reflexão historiográfica criteriosa, sobretudo por apontar o viés letrado da cultura mobilizada no livro sobre os motivos edênicos, que ignora – escolha buarqueana legítima, conforme anota Vainfas –, relatos não impressos.
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