Pesquisa de servidora da Unifesspa resulta em manual técnico de boas práticas na utilização de concreto na construção civil

A servidora técnico-administrativa da Unifesspa, Dalila Amorim, em sua dissertação no Mestrado de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (PROFNIT), elaborou um manual de operação técnica com foco no gerenciamento do controle da qualidade do concreto usinado para ser utilizado em obras da construção civil.

O interesse de Dalila pelo tema é antigo. Antes de ser servidora pública, ela trabalhou por quase uma década no setor da construção civil, desempenhando a função de Engenheira de Qualidade em obras de construção de linha de transmissão de energia. Nesse período, pode perceber como é problemática as atividades de concretagem. 

Isso porque, segundo ela, demandava um planejamento que envolvia variáveis de controle (temperatura, tempo, água adicionada, adensamento, cura) mão de obra interna, equipamentos, logística, materiais e agentes externos. Todos esses deviam estar alinhados em prol ao atendimento das normas regulamentadoras que regem essa atividade. Caso contrário, poderiam causar retrabalhos e prejuízos ao empreendimento.

Ao ingressar no curso de mestrado, Dalila recordou os diversos problemas que uma má concretagem pode causar a uma estrutura, a exemplo de acidentes e prejuízos. “Como o concreto é um dos materiais mais utilizados e que mais emprega mão de obra com baixa escolaridade em obra civil, resolvi escolher o tema concreto usinado para abordar na dissertação do mestrado”, afirma a servidora, que atualmente é chefe do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Infraestrutura da Unifesspa.

Pesquisa - A defesa da dissertação intitulada “Transferência tecnológica e lições aprendidas em canteiros de obras: elaboração de manual de operação técnica do gerenciamento de controle tecnológico do concreto usinado”, ocorreu no último dia 12 de julho. O trabalho foi orientado pelo prof. Dr. Elias Fagury e teve coorientação da profa. Dra. Gilmara Lima.

A pesquisa envolveu a realização da prospecção tecnológica no banco de dados INPI, levantamento bibliográfico em catálogos de editoras e publicações científicas. Foram usadas, também, as lições aprendidas em canteiros de obra referente ao controle tecnológico do concreto usinado e de assuntos que, de alguma maneira contribuem com o tema.

Foi realizado, ainda, uma pesquisa de campo como um estudo exploratório de natureza quali-quantitativa do conhecimento dos operadores (usuários e executores) sobre o tema concreto e seus controles tecnológicos. “Nos registros do INPI não havia abordagens sobre o controle tecnológico do concreto e, na pesquisa de campo, foi detectado que muitos dos entrevistados que operavam o concreto não tinham o grau de instrução e qualificação necessária”, relata a servidora.

Daí a proposta de elaborar um manual técnico, que segundo a pesquisadora, será de grande valia aos operadores do concreto usinado. “Trata-se de um documento com informações consolidadas e documentadas sobre os controles que devem ser observados com o concreto usinado, para a melhor eficiência da aplicação e melhor qualidade e segurança do produto”, diz.

Manual técnico de boas práticas –  Uma das preocupações da mestranda foi produzir um material de fácil compreensão do leitor, de forma que o público-alvo, desde dos usuários de baixo grau de instrução, construtores independentes e até os engenheiros responsáveis das obras, pudessem ter um documento que instruísse a chegar numa concretagem de boa qualidade.

O manual, que ainda será disponibilizado gratuitamente à sociedade, pretende conscientizar a população de que o processo de produção do concreto não é simples e que demanda conhecimento técnico para se executar, já que exigências devem ser atendidas, antes, durante e depois do lançamento na obra.

“A ideia é conscientizar e quebrar o paradigma de que fazer o concreto arcaicamente é a melhor maneira. Existem muitas variáveis que devem ser atendidas para que o sucesso de uma concretagem seja atingido e isso não é tão simples”. Ainda de acordo com a servidora, de maneira geral, o manual é útil para que a sociedade possa:

• Saber escolher uma concreteira correta e de confiança;
• Saber o que colocar no contrato de aquisição da compra;
• Saber que é importante ter um profissional técnico responsável da obra (independente do tamanho);
• Saber que a concreteira é responsável pela garantia da qualidade do material entregue em sua obra;
• Saber que mesmo depois de concretado o objeto em sua residência ou em um empreendimento o controle de qualidade do concreto ainda deve ser acompanhado.