Jornada de Estudos em Matemática é bastante prestigiada
O Curso de Matemática da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (FAMAT/Unifesspa) promoveu, no período de 27 a 30 de novembro passado, no Campus 2, a I Jornada de Estudos em Matemática, que reuniu professores da Unifesspa, universitários de diversos cursos de ciências exatas, notadamente os de matemática, e visitantes – professores das redes municipais e estaduais; e particulares de Marabá, de cidades próximas e de Belém.
O tema principal do evento foi “O local e o universal na produção e disseminação do conhecimento matemático” e subtemas escolhidos pelos organizadores estiveram presentes nas mesas de palestras e debates acalorados entre os participantes.
Três professores doutores de universidades distantes e de grandes centros urbanos participaram do evento: Saddo Ag Almouloud, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); Leo Akio Yokoyama, do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ); e Denilson da Silva Pereira, da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba (UFCG).
A conferência de abertura da programação aconteceu, na noite daterça-feira, dia 27, com a palestra de Saddo Ag Almouloud (PUC/SP), que falou sobre o “Contexto e a contextualização nos processos de ensino e aprendizagem da matemática”. Saddo Ag apontou a necessidade de os professores de matemática estar atentos “a erros cometidos nos livros didáticos e que os professores reproduzem nas salas de aulas”.
Abordando o tema proposto em sua palestra, Saddo disse que é necessário haver um ensino contextualizado sobre a matemática, de forma que os assuntos que estão sendo abordados em sala de aula para os alunos façam sentido para estes no cotidiano em que se encontram. Ele defendeu que os professores busquem contextos, também, de fora da matemática, podendo ser da química, da física, das finanças, da geografia, da ecologia, por exemplo, e apliquem na sala de aula “na construção do conhecimento matemático”.
Saddo elogiou o I JEM e a participação de professores do ensino público e privado e disse que o evento serviu como “um lugar de formação continuada para professores”. Ele sugeriu que no próximo evento, sejam feitas, especificamente, Oficinas sobre Ensino de Matemática.
Segundo dia
Os professores Francisco Ferreira de Sousa (Unifesspa), Sávio Bicho de Oliveira (Unifesspa) e José Rodrigues Sales (SEMED) abriram o segundo dia do evento com a mesa redonda “Produção e disseminação do conhecimento matemático: pesquisas e espaços acadêmicos”.
Na mesma manhã do dia 28, aconteceu apresentação de trabalho dos alunos com comunicações orais e relatos de experiências nas salas do prédio de Física, Tapiri, Auditório do Campus 2 e miniauditório de Geologia.
O professor doutor Narciso das Neves Soares (Unifesspa) palestrou sobre “Aplicações de Programação Linear usando o Método Simplex”. Surgido após a II Guerra Mundial (1939-1945), o Método Simplex tem como objetivo resolver projetos de programação linear, que vão maximizar ou otimizar (lucro máximo ou gasto mínimo a depender do fenômeno matemático que estiver estudando ou trabalhando), explicou Narciso.
Nasegundamesa do dia 28, os professores Rafael Silva Patrício (UEPA), Rigler da Costa Aragão (Unifesspa) e André Scheidegger Laia (UEPA/Campus Marabá) e mestrando em Física na Unifesspa palestraram sobre “Conhecimento matemático: o abstrato em movimento” e repercutiram o conteúdo da palestra do professor Saddo Ag.
A polêmica ficou estabelecida no debate desde a formação das crianças nos primeiros anos de ensino. “Quem está ensinando matemática às crianças? Na educação infantil quem está ensinando? Pedagogos. Em sua maioria, que não gostam de matemática. Foram fazer Pedagogia. “Um projeto integrado entre os professores de Pedagogia e de Matemática no acompanhamento do aluno desde as primeiras series seria o ideal”, defenderam os palestrantes. Para eles, é preciso uma formação continuada do profissional- que passe a gostar de matemática.
Uma discussão sobre as responsabilidades envolvidas no ensino desde o Governo, como instituição, a família – o ambiente em casa para exercitar o aprendizado da sala de aula –, os professores – enquanto profissionais – e o aluno com o interesse de aprender tomou conta do auditório. Para André Scheidegger, é necessário que o professor de matemática “entenda que faz parte de um corpo”. “Vamos trabalhar integrado. Faça a sua parte e não interessa se o outro não faz; e não fique só criticando”.
Terceiro dia
O professor especialista Geraldo Lopes Daltro da Silveira, que lecionou por mais de 50 anos na UFPA (Universidade Federal do Pará) e atualmente se dedica a mesma atividade de docência na Faculdade Metropolitana atraiu a atenção da plateia ao abordar equações matemáticas complexas de maneira simples. Em quadro negro, fez e explicou diversos cálculos.
Após a palestra dele sobre “Discussões de alguns tópicos de Cálculo e de Fundamentos de Topologia”, aconteceu à mesa “A matemática e as múltiplas linguagens para o ensino”, com as professoras Ana Cledina Rodrigues Gomes (Unifesspa), Claudete Marques de Medeiros (SEDUC), Renata Lourinho da Silva (Unifesspa) e o professor Gilenno Rocha, do Clube do Xadrez de Marabá.
Claudete Marques de Medeiros defendeu o estágio supervisionado “para se tornar professor, temos que constituir uma série de saberes e entre eles, o aprender e ensinar, fato que a meu ver, se estabelece com a experiência da prática do ensino no contexto da sala de aula”.
A professora Renata Lourinho da Silva apresentou os resultados parciais de sua pesquisa de mestrado profissional a ser defendida na UFPA (Universidade Federal do Para), em Belém. Renata trabalha com o desenvolvimento da linguagem com os jogos manipulados com os alunos do Laboratório de Ensino de Matemática no polo da Universidade Aberta do Brasil no município de Cametá (PA), desde a sua implantação em 2013. “O jogo manipulado tem regras, espaços e tempos para acontecer”.
O professor Gilenno Rocha trabalha desde 2004, em Marabá, no ensino fundamental e médio e diz que quase 20 escolas entre públicas e privadas adotam o xadrez como parte das técnicas de ensino. Esporte reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional, o xadrez tem 16 pedras para cada pessoa gerenciar e a habilidade de se jogá-las desenvolve concentração, treino e cálculo nas partidas. “É preciso encontrar saídas e possibilidades dentro da partida com o outro adversário”. No ensino de matemática, o xadrez chega com a proposta de inovar o ensino e trazer algo diferente. “Um instrumento pedagógico, no ensino da matemática e da interdisciplinaridade”, defende Rocha.
Quarto dia
A conferência de encerramento na manhã dasexta-feira, dia 30, foi com o professor Denilson da Silva Pereira, que expôs sobre “Soluções nodais para uma classe de problemas elípticos com crescimento exponencial em R^2”, parte de sua pesquisa de doutoramento.
Exposição artística
Uma exposição artística foi montada no corredor de acesso aos blocos de aulas com a exposição de telas da Galeria Vitória Barros. Paralelamente aconteceu exposições artísticas, apresentações culturais, mostras de recursos didáticos de matemática e exposição de livros.
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