Professor da UFRJ debate sobre Matemática e Síndrome de Down
Apresentador do programa Matemática em Toda Parte (TV Escola) e autor do livro sobre “Matemática e Síndrome de Down”, Leo Akio, desenvolve atividades com professores do Instituto Benjamin Constant e do Instituto Nacional da Educação dos Cegos, ambos no Rio de Janeiro, como multiplicadores do Método de Matemática inclusiva por ele criado, especialmente para portadores de síndrome de Down.
O professor doutor Leo Akio Yokoyama, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), palestrou no terceiro dia da I Jornada de Estudos em Matemática, na quinta-feira, 29/11, no auditório do Campus 2, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) sobre a “Matemática e a Síndrome de Down”, fruto de sua pesquisa para a tese de doutoramento defendida na Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN/SP), em 2012, com o título “Uma abordagem multissensorial para o desenvolvimento do conceito de número natural em indivíduos com síndrome de Down” e parte do livro “Matemática e Síndrome de Down”, lançado pela Editora Ciência Moderna.
Pela manhã, do mesmo dia, Leo Yokoyama havia participado de uma sessão de Cine Ciência denominada de “Matemática em Toda Parte”, vídeo-aulas criadas em parceria com o Ministério da Educação. Nessa área audiovisual, Leo Akio preparou aulas de matemática para a TV Escola, emissora do Governo Federal. Foi a primeira vez que ele veio a Marabá (PA) e asegundaque esteve no Norte do País. Leo Akio está percorrendo parte do País a convite de instituições de ensino para apresentar o Método Leo Akio para ensinar matemática inclusiva para pessoas portadoras de síndrome de Down.
Leo disse que ficou feliz de estar em Marabá e que não esperava que seu trabalho de doutorado gerasse tanta repercussão nos ambientes acadêmicos e de mercado. Segundo ele, no processo de aprendizagem todas as crianças passam pelos mesmos estágios e obstáculos cognitivos. As crianças com desenvolvimento típico não necessitam de um acompanhamento mais atento para aquisição do conceito de número relacionado à quantidade. Elas aprendem naturalmente com brincadeiras, jogos, vivências do dia-a-dia. Já as crianças com síndrome de Down, têm dificuldades em entender o conceito de número.
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ASCOM – Como a matemática pode ajudar a produzir resultados na vida das pessoas com síndrome de Down?
Leo Akio – O maior objetivo da matemática para a vida das pessoas é dar autonomia a elas. Um exemplo: dar autonomia para uma criança com síndrome de Down ir ao supermercado, conseguir realizar as compras sozinha, pagar e saber quanto ela tem que receber de troco. Isso porque as crianças com síndrome de Down tem dificuldade de contagem. A contagem não é trivial.
ASCOM – Quais são as atividades desenvolvidas?
Leo Akio - São duas atividades principais: a abordagem é diferente. As crianças com síndrome de Down tem deficiência na memória de curto prazo. Isso influência na memorização da sequência do número, mas por outro lado, a memória geométrica visual espacial é intacta, normal.
É preciso fazer um trabalho para que a memória visual interaja com a memória verbal.
ASCOM – A partir de qual idade?
Leo Akio – A partir dos 4 anos de idade, que é a idade que as crianças começam a aprender conceitos de números. Mas o trabalho pode ser depois dessa idade, porque até os adolescentes têm problemas com conceitos de números.
ASCOM – Há quanto tempo trabalha nessa área? Aonde? E quais os resultados?
Leo Akio – Desde 2010. Comecei a trabalhar na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) do Rio de Janeiro e hoje junto a um grupo de pesquisas da UFRJ com professores do Instituto Benjamin Constant (do Rio de Janeiro) e especificamente para cegos, com o Instituto Nacional da Educação dos Cegos (também no Rio de Janeiro).
ASCOM – Há um método Leo Akio para o ensino de matemática para a síndrome de Down?
Leo Akio – Só iniciei o método. Espero que outros professores e pesquisadores continuem com o nosso trabalho.
Mais em: Jornada de Estudos em Matemática é bastante prestigiada
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