Programação da Calourada 2021 é aberta com acolhimento de estudantes indígenas e debates sobre inclusão
A VIII Semana de Recepção e Integração dos Calouros Unifesspa (Calourada 2021) começou! Como uma das grandes novidades desta edição, que ocorre totalmente de forma on-line pela primeira vez, estudantes indígenas, quilombolas e com deficiência estão participantes de uma programação especialmente dedicadas a eles.
Abrindo a programação, na quarta-feira (8), no canal da Unifesspa no Youtube foi realizada a palestra “Povos indígenas no ensino superior: conquistas e desafios”. Na oportunidade, os calouros indígenas da Unifesspa foram acolhidos e puderam ouvir depoimentos de outros indígenas.
A palestra foi iniciada pelo prof. Jerônimo Silva, coordenador do Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Nuade), e mediada pela a acadêmica da Unifesspa Mihagerê Gavião, que também trouxe um pouco de suas experiências. Como convidado, Almires Martins Machado, do Grupo de Pesquisa Territórios Indígenas e EtnoEnvolvimento/IFPA-CRMB, falou sobre suas experiências no espaço acadêmico.
A palestra serviu tanto para comunidade indígena sentir-se acolhida, como também para mostrar como universidade vive a diversidade verdadeiramente com equidade. “Este evento é feito coletivamente, pensado para todas as pessoas, todas as divisões de mundo e todas as perspectivas que possam existir e que caibam no mundo democrático. Essa calourada nos traz então, conforme a programação nos diz, toda uma discussão que vai desde os povos indígenas, quilombolas, questão da diversidade de gênero e sexualidade, mas também questões específicas da Unifesspa”, afirmou Jerônimo Silva.
O convidado palestrante Almires Machado, doutor em antropologia, compartilhou sua caminhada como acadêmico e algumas dificuldades que encontrou pelo caminho, não só na universidade, como desde o início da jornada escolar. Devido a preconceitos vivenciados na escola, vindos de colegas, professores e até mesmo o material didático, Almires prometeu a si mesmo superar tudo e conquistar seus sonhos. Mesmo não recebendo uma educação especial, que se adaptasse a sua vivência, Almires chegou à universidade.
“Termos o acesso é o primeiro passo. No entanto, nós começamos a ter outros problemas. Um deles é a distância das universidades para a aldeia, não só fisicamente, como a forma que a maioria dos estudantes vivem, falam e se comportam”, pontou Almires. Ao fazer uma analogia sobre sala de aula, como aquela parte da mata que nunca foi visitada, o antropólogo levantou questões relativas as condições que o indígena vai ter para permanecer na universidade.
Por ter sentido na pele preconceitos em sala de aula, de colegas que o viam como “segunda categoria”, destaca que “é extremamente importante que em todos os âmbitos da universidade tenham pessoas indígenas para que os estudantes possam ser compreendidos quando falam, quando escrevem, quando são avaliados”
Já a estudante Mihagerê contou um pouco sobre sua trajetória. “Quando eu era criança, por muito tempo, estudei na aldeia. Ao estudar na escola da cidade tive uma dificuldade muito grande, porque a gente já é olhada como incapaz. Foi uma transição muito difícil, pois o ensino da aldeia é muito diferente do ensino da cidade”. Já na universidade, Mihagerê sofreu preconceito ao ouvir que sua entrada foi facilitada e ela não teria chances de outra forma.
Na parte final da palestra o público que acompanhava a transmissão enviou perguntas que foram respondidas pelo convidado. Clique aqui e assista a palestra na íntegra.
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