Unifesspa forma 1ª turma do Norte do Brasil em graduação de Direito da Terra
A primeira turma de Direito da Terra, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), colou grau no último sábado (08), no campus de Marabá, unidade 1. A turma que teve início em 2016.1 formou 42 alunos, todos filhos e filhas de assentados da reforma agrária. “Todos têm uma identidade com assentamentos e acampamentos da reforma agrária. Todos são filhos de camponeses e devem atuar na democracia popular, na defesa dos direitos humanos e do direito socioambiental”, informou Jorge Luís, diretor do Instituto de Estudos em Direito e Sociedade (IEDS).
Estiveram presentes no evento familiares e amigos dos formandos, membros da reitoria da Unifesspa e do Instituto de Estudos em Direito e Sociedade (IEDS), bem como representantes dos movimentos sociais: Comissão da Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Fetag), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).
De acordo com Jorge Luís Ribeiro, diretor do IEDS, o número de participantes no evento foi reduzido por conta da pandemia do Coronavírus. Cada formando pôde convidar três pessoas para a colação que foi organizada no pátio da unidade 1, do campus de Marabá. “Foi escolhido o pátio por ser uma área aberta - como medida de segurança por causa da atual situação pandêmica - além disso, foi respeitado o distanciamento social, bem como o uso obrigatório de máscara de todos os presentes no local”, destacou.
Representatividade
Para o formando Cloves Pereira da Silva Júnior, do Assentamento Unidos para Vencer, da zona rural de Rondon do Pará e filho de agricultores familiar, o que o motivou a fazer este curso é poder atuar como advogado popular nos direitos humanos e nos conflitos possessórios para poder resolver conflitos como os que vivenciou. “Vivenciei muitos conflitos agrários e violência no campo. Tive amigos e parentes vítimas de pistolagem. Enfim, ousamos e reivindicamos, então decidi fazer direito para fazer luta na esfera jurídica em defesa dos trabalhadores rurais Sem Terra, por justiça no campo e paz na comunidade”, explicou.
Sobre sua colação de grau, Cloves conta que foi emocionante finalmente ter chegado ao fim de mais um desafio. “De ter conseguido acessar um direito historicamente a nós, filhos de Sem Terra, negado. Mas principalmente, sentir o peso da responsabilidade de representar o projeto de classe ao qual foi me concedido, de defender os e as trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra, de voltar para minha comunidade e fazer a devolutiva, me sentir cheio de responsabilidades e reafirmei meu compromisso com as organizações sociais e com os camponeses”, concluiu.
Turma Frei Henri Burin des Roziers
A turma dos recém formados foi nomeada de "Frei Henri Burin des Roziers" em homenagem ao trabalho desenvolvido pelo frei em causas humanitárias, na defesa e promoção dos direitos humanos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e seus defensores, atuando como advogado na Comissão Pastoral da Terra, nas regiões do Bico do Papagaio e sul e sudeste do Pará, durante três décadas, desde 1980. Ao homenageado também concedido (post mortem) o título de Doutor Honoris Causa em 2018 pelo Conselho Universitário da unifesspa.
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