Medalha de ouro: Regional coordenada pela Unifesspa tem alunos premiados na 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática
A regional da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) coordenada pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), responsável por 39 municípios do Sul e Sudeste do Pará, teve dois alunos premiados com medalha de ouro na 16ª edição do exame, realizado no ano passado e que teve seu resultado divulgado no último dia 18.
Em todo o país, foram inscritos 17,8 milhões de estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, de instituições públicas e particulares. Desse total, 575 conquistaram medalhas de ouro. No Pará, apenas três estudantes, todos de escola pública, conquistaram o ouro. Entre eles, Shauã Reis, de Marabá, e Lenilson Costa, de Dom Eliseu.
Os alunos da regional, que fuciona da Unidade II do campus Marabá, conquistaram ainda cinco medalhas de prata, 15 medalhas de bronze e 218 certificados de menção honrosa. A partir do resultado dos alunos, também foram premiados cinco professores e quatro escolas. A coordenadora da regional, profa. Elizabeth Sabino, destaca que apesar da pandemia houve um empenho das escolas e a prova disso são os resultados positivos. Dentre eles, a medalha de ouro inédita nas cidades de Marabá e Dom Eliseu.
“É necessário que o empenho e o incentivo possam ser cada vez maiores pelos gestores municipais para que nossos alunos, professores e escolas continuem sendo premiadas nas próximas edições dessas olimpíadas. Para isso, sugere-se que os municípios possam desenvolver projetos nas escolas e organizar localmente premiações extras para os professores de matemática e alunos com bom desempenho”, disse.
Premiado no Nível I, que compreende alunos do 6º ou 7º ano, Shauã Reis, de 14 anos, conta que tentou se preparar ao máximo para o exame, mas que se sentiu nervoso no dia da prova. Quando saiu o resultado, mal pode acreditar. “Fiquei muito surpreso no dia e, ao mesmo tempo, muito orgulhoso. Demorei um tempo para entender que fui o primeiro medalhista de ouro de Marabá na OBMEP”, afirma.
Atualmente no 8º ano do ensino fundamental, o jovem estudante se encantou com os números desde logo cedo, no segundo ano da escola. "Para mim, a matemática é uma matéria fácil e divertida de lidar. Apesar disso, hoje a minha [matéria] favorita é ciências”. Não atoa, Shauã sonha em cursar uma faculdade de Ciências Biológicas.
O resultado também vem do incentivo - Foi com ajuda de um professor que Lenilson Costa teve o primeiro impulso por uma paixão que já dura anos: a matemática. Curiosamente, seu professor Valter lecionava a disciplina de artes, mas transformava a matéria também em conteúdo de matemática. "Nas aulas a gente construía cubos com palitos de fósforo, casas com formatos geométricos e tabuleiros. Ele sempre me motivava e acreditava em mim. Foi isso que me fascinou pelo universo da matemática lá no sexto ano e só foi melhorando com o tempo”, revela.
Para Lenilson, a maneira como o professor acreditava em seu potencial e o incentivava fez com ele sentisse que deveria retribuir toda essa confiança. "Queria provar para o meu professor e para minha família que valeu a pena todo o ensinamento que eles me deram". Contudo, a trajetória do estudante não foi fácil. Já no ensino médio, não dispunha de material e recursos suficientes para estudar.
"Eu não tinha um celular bom ou notebook para meus estudos. Novamente, a colaboração de professores foi fundamental. "Ganhei coleção de livros que me ajudaram bastante nesse período". Em 2020, ano em que Lenilson concluiria o ensino médio, o exame da Obmep foi suspenso devido à pandemia. Para ele, o cancelamento foi como um banho de água fria. Contudo, em 2021, foi lançada uma edição extra para os estudantes concluintes que não puderam fazer o exame. Oportunidade que Lenilson não deixou passar.
"Gabaritei as vinte questões da primeira fase. Depois, passei dias estudando por horas a fio. Queria provar que eu conseguia". E conseguiu. O estudante está no seleto de premiados com medalha de ouro no exame, nível 3. “Fiquei bastante feliz que saí gritando pela casa toda tamanha era alegria. Um sentimento que não era só meu. Era pros meus professores, minha família, meus amigos. Foi incrível e às vezes nem acredito. É um sonho realizado”.
Apesar das dificuldades, o agora acadêmico do curso de Engenharia Civil da Unifesspa deixa uma mensagem de otimismo e perseverança. “Quando temos pessoas que acreditam na gente, podemos fazer coisas que achávamos impossível. Hoje, continuo estudando matemática, que de longe é minha matéria preferida. Às vezes também dou aulas de reforço e espero que as pessoas se fascinem por esse universo”, finaliza.
Premiação - Os alunos premiados são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) como incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico. Os participantes recebem uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e têm acesso a encontros semanais para aprofundar o conhecimento matemático.
Os medalhistas que se matricularem em curso de graduação também podem participar do processo de seleção para o Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME). Os candidatos selecionados podem realizar estudos avançados em matemática simultaneamente com sua graduação em qualquer área e recebem uma bolsa de iniciação científica do CNPq. As cerimônias de premiação da 16ª OBMEP serão realizadas em data ainda a ser definida.
Sobre a OBMEP – Criada em 2005 para estimular o estudo da matemática e identificar talentos na área, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) é um projeto nacional dirigido às escolas públicas e privadas brasileiras, realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), e promovida com recursos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Tem como objetivos principais:
- Estimular e promover o estudo da Matemática;
- Contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica, possibilitando que um maior número de alunos brasileiros possa ter acesso a material didático de qualidade;
- Identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso em universidades, nas áreas científicas e tecnológicas;
- Incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para a sua valorização profissional;
- Contribuir para a integração das escolas brasileiras com as universidades públicas, os institutos de pesquisa e com as sociedades científicas;
- Promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento.
Para consultar o resultado completo da 16a OBMEP, acesse: http://premiacao.obmep.org.br/16aobmep/mapa.htm
Foto 1: Reprodução/Correio de Carajás
Foto 2: Arquivo pessoal
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