Xinguara: Docente vence Edital do CNPq com projeto que vai estudar o protagonismo latino-americano nos debates da UNESCO
No fim de janeiro saiu o resultado final do Edital Universal n. 18/2021, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), via Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que confirmou a aprovação de um projeto submetido pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
Na lista definitiva, com mais de 1200 propostas contempladas, consta o nome de professor André Furtado, da Faculdade de História (FHT), do Instituto de Estudos do Trópico Úmido (IETU), que também integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História/Mestrado Profissional (PROFHISTÓRIA) e, atualmente, é coordenador do Curso e Diretor da referida FHT.
O projeto submetido, intitulado “Sob o signo da diversidade: o protagonismo latino-americano nos debates da UNESCO”, objetiva analisar os resultados da inserção internacional latino-americana nos debates promovidos nos decênios iniciais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), fundada em Paris, em 1946. Tal organismo visava fomentar a livre circulação de ideias para estabelecer amplos diálogos entre seus Estados membros, no imediato pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), conflito que atingira em cheio a Europa, levando seus agentes e instituições a depositarem as esperanças planetárias de uma paz duradoura nas experiências do hemisfério Austral.
Foi a partir desta percepção que representantes dos países da América Latina conquistaram poderes decisórios nos encontros anuais do órgão, pois entendia-se que suas formações histórico-sociológicas eram marcadas pela harmonia na fusão de raças e civilizações, tornando-as orientadoras, por excelência, da mútua compreensão entre os povos. Porém, na medida em que as agendas da UNESCO avançavam, parte das avaliações sobre essas realidades sociais se revelavam ilusórias, sendo um dos casos eloquentes o chamado “mito da democracia racial”, atribuído ao livro “Casa-grande & senzala” (1933), de autoria de Gilberto Freyre, embora outras questões reafirmassem o protagonismo latino-americanista justamente por serem temas que estimulavam, há décadas, as inquietações intelectuais, políticas e diplomáticas de suas nações. Portanto, apesar das pautas sobre raça serem conhecidas, pouco se sabe acerca do peso das contribuições latino-americanas nas Conferências Gerais, em áreas como literatura, folclore, meio ambiente, patrimônio, formas de governo e imigração: temas caros ao projeto coletivo.
A proposta corresponde a um consórcio majoritariamente das regiões Norte/Nordeste, com membros diretamente ligados a nove instituições, quais sejam: a Unifesspa (Instituição executora que, além do professor André, na condição de coordenador, conta ainda com a participação da Professora Anna Carolina de Abreu Coelho, igualmente docente na FHT e no PROFHISTÓRIA); e ainda a Universidade Estadual do Piauí (UESPI), com a participação do Professor Valério Rosa de Negreiros; a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com o Professor Marco Antônio Machado Pereira Lima; a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), com o Professor Felipe Azevedo Cazetta; a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com a Professora Márcia Regina Romeiro Chuva; a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), com a Professora Cristina Ferreira; a Universidade Federal Fluminense (UFF), com a Professora Giselle Martins Venancio; bem com, em Portugal, com o Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) e a Universidade de Lisboa (UNL), através da colaboração do Professor Nuno Miguel Ribeiro de Medeiros.
Segundo a Associação Nacional dos Professores de História (ANPUH), que divulgou uma nota da coordenação da área junto ao CNPq, foram ao todo 89 concorrentes da História, sendo que apenas 16 propostas conseguiram a aprovação. Oito delas para a Faixa A, dos grupos de pesquisas emergentes, e outros oito da Faixa B, dos grupos consolidados.
A proposta foi submetida na Faixa A, pois ancorada no Centro de Estudos em Teorias da História e Historiografias (CETHAS), laboratório que o Professor André fundou em 2021 e lidera na Unifesspa. Em sua avaliação, “o feito é extraordinário, sobretudo se considerarmos esses tempos sombrios em todos os cenários” e destacou ainda que “a conquista é fruto de um projeto coletivo e, portanto, de uma construção intelectual conjunta, como não poderia ser diferente nas práticas científicas que pretendem primar pela qualidade e o amadurecimento, de trabalho em equipe”.
A pesquisa viabilizará a realização de evento, compra de equipamento, produção de artigos e livros, apresentações e traduções de trabalhos, além de missões científicas para a realização de pesquisas nos acervos da UNESCO (Biblioteca e Arquivo) em Paris.
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