Lainc: Fragilidade do setor produtivo local e conflitos geopolíticos pressionam alta de preços em Marabá
Contrariando expectativas, os índices de preços permanecem em escalada, mesmo após a retomada parcial das atividades econômicas pós pandemia. E a tendência é o agravamento dessa situação, tendo em vista a conjuntura econômica global, especialmente impactada pelo recente conflito europeu e o aumento na demanda por combustíveis.
Os pesquisadores do Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá (LAINC/MBA) da Unifesspa, no mais recente Boletim Técnico, divulgado essa semana, com dados referentes ao mês de fevereiro, chamam a atenção para o fato de que a inflação em Marabá vem se mostrando mais agressiva, não só pela fragilidade do setor produtivo local, mas também pela alta dependência das importações, sendo um dos principais vetores na formação de preços.
O município fechou o mês passado com a inflação em alta de 0,42%. O IPC/Marabá está desenhado no sentido de revelar o comportamento dos preços de uma cesta de consumo com 151 itens reunidos em 9 grupos de despesas, conforme metodologia do IBGE, dado o convênio com a Fapespa/Governo do Pará, que leva em conta as famílias com rendimento nominal na faixa de um até cinco salários mínimos.
Os grupos de despesas que mais contribuíram para este resultado foram, respectivamente, os seguintes: “Transportes” (+16,86%); “Artigos de residência” (10,42%); Alimentação e bebidas” (+2,27%); “Despesas pessoais” (+2,04%); e Educação (+1,43%). Na contramão, os grupos com maiores quedas nos preços, foram “saúde e cuidados pessoais”, “Vestuário” e “Habitação”. Acesse o boletim completo do mês de fevereiro!
No acumulado dos últimos meses, a inflação local foi de 11,75 pontos percentuais. Os pesquisadores destacando que, tomando como referência a linha de tendência, os resultados apontam para uma possível e esperada estabilização inflacionária. Porém, o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, as incertezas se ampliaram.
Cabe destacar que 2021 foi marcado por uma alta histórica no aumento dos combustíveis, o que impacta diretamente em quase todos os itens da cesta de consumo, especialmente nesta região que é muito dependente das importações. “Aumentos no frete se diluem por praticamente todos os produtos do município. E, ao que tudo indica, essa tendência de alta irá persistir em 2022, podendo ser semelhante, se não pior, que o ano anterior, visto que agora existem ‘motivos plausíveis’ para o aumento dos preços dos combustíveis”, conclui o relatório.
Custo da cesta básica – Seguindo por um sentido contrário a inflação, o custo da Cesta Básica de Consumo Familiar (CBCF), em Marabá, registrou uma pequena queda em fevereiro. É o que aponta o boletim informativo com dados coletados por pesquisadores da Unifesspa. A CBCF registrou um custo de R$ 1.520,63, sendo, em termos absolutos, R$ 12,48 mais barata que o mês anterior. Já em comparação com o mesmo período do ano anterior, a cesta está 7,74% mais cara.
Os grupos de despesa que mais se destacaram dentre os doze que compõem a CBCF, foram: “Despesas Gerais”, “Serviços”, “Carnes” e “Hortifrúti e Granjeiro”. As “Despesas Gerais” continuam apresentando a maior participação em relação ao total dos gastos, sendo responsável, em janeiro, por “27,96%” do custo da cesta, comprometendo R$425,21 do orçamento familiar. Isso corresponde a 35,08% do salário mínimo nominal e 37,93% do salário mínimo líquido.
“Percebe-se que há uma tendência para o aumento do custo da CBCF nos próximos meses. Nesse contexto, a questão da insegurança alimentar da população das famílias do município tende a se agravar na sequência. Isso evidencia a necessidade de políticas públicas direcionadas para o extrato mais vulnerável da população, acompanhados de pacotes de estímulos para a retomada do crescimento econômico”, ressalta o boletim técnico.
Foto: Reprodução/internet
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