VII FIA Cinefront divulga suas sessões especiais de abertura e os homenageados desta edição
O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (FIA Cinefront) é um evento composto por mostra e debates de obras cinematográficas que abordam a realidade amazônica e de outras regiões periféricas que sofrem as consequências dos processos de desenvolvimento pautados pela expansão capitalista. De caráter não competitivo, o festival consiste também em oportunidade de pautar as lutas sociais por direitos, igualdade, justiça e dignidade das populações das regiões periféricas do mundo.
Além de obras selecionadas por regulamento que será lançado em breve, a programação principal do VII FIA Cinefront será composta por trabalhos convidados pela curadoria, levando em consideração sua relevância à temática e homenagens a serem realizadas. Neste ano, o festival homenageia o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organização camponesa que fez da luta pela Reforma Agrária Ampla uma luta contra todas as cercas que privatizam e cerceiam direitos.
Para abrir a programação de exibições ocorrerão três momentos ainda no mês de abril. O primeiro será a exibição do filme "Mulheres em Luta, semeando resistência", produzido pelo próprio movimento, durante o Acampamento da Juventude Sem Terra, na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, no dia 15/04. Logo após, ocorrerão duas exibições abertas e gratuitas, no Cine Marrocos, localizado na Velha Marabá. No dia 22 de abril, com a presença do diretor Vicent Carreli, será exibido o filme documentário "Adeus, Capitão (2022)", que retrata a vida e legado do "Capitão" Krohokrenhum, líder do povo indígena Gavião (PA) falecido em 2016.
Já no sábado, dia 23, o Cinefront apresenta ao público o filme "Pureza (2019)". Gravado na região e inspirado em fatos reais, o longa conta a história de uma mãe, Pureza, que sai em busca de seu filho, Abel, desaparecido após partir para o garimpo na Amazônia. A sessão contará com a participação do diretor do filme, Renato Barbiere e Dira Paes, atriz principal da história.
Desafios - Após uma edição realizada de forma virtual, com a disponibilização de uma plataforma de streaming para exibição dos filmes, o festival retoma suas atividades com os desafios da volta ao formato presencial. Com o arrefecimento da pandemia, a organização decidiu que o festival voltaria ao seu formato original. Tradicionalmente o evento ocorre em abril, mas, excepcionalmente, este ano será entre os meses de abril a agosto.
O regulamento desta edição será lançado nos próximos dias, com a chamada de obras que comporão o catálogo do festival. O Festival está sendo desenhado para ocorrer de modo presencial, de forma itinerante, nas escolas públicas, unidades fora de sede, cinemas e também junto aos parceiros institucionais do evento. Vale destacar que, segundo a organização, algumas atividades ainda vão ser realizadas virtualmente. A culminância está prevista para ocorrer entre os dias 12 e 19 de agosto.
Homenagens - A cada edição, o Cinefront homenageia diretores, personalidades e obras com o intuito de destacar e abrir debates sobre lutas que o festival aborda. "Já foram homenageados Adrian Cowell, Vicente Rios, Van Francarelli, Jorge Bodanzky e Luiz Arnaldo Campos, que trazem nos seus filmes essas pautas e privilegiam os protagonistas dessas lutas", destaca Claudiana Guido, coordenadora de cultura da Proex/Unifesspa e uma das organizadoras do evento.
Este ano, a homenagem vai para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que deveria ter ocorrido em 2021, ano que marca o aniversário de 25 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. "Vamos homenagear e apresentar filmes que trazem as lutas do MST, que valorizem como um movimento de resistência, necessário para que a gente tenha mais justiça social", acrescenta Claudiana.
Sobre o festival - O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (FIA Cinefront) teve sua primeira edição realizado no ano de 2015, fruto de mobilização da comunidade acadêmica (professores, técnicos e alunos) em parceria com os movimentos e organizações sociais envolvidas com a luta pela terra e defesa dos direitos humanos no sudeste paraense, Amazônia Oriental.
O festival tem suas raízes na Semana Camponesa, evento com atividade acadêmicas, políticas e pedagógicas e sessões de cineclube realizadas ao longo da primeira década dos anos 2000, sempre durante o mês de abril, como forma de homenagear os camponeses assassinados no Massacre de Eldorado dos Carajás (1996). Além disso, pôr em debate a luta pela terra e por direitos no campo, a questão agrária e os impactos da mineração e hidrelétricas na Amazônia.
A proposta é realizar mostras de obras fílmicas que expõem a dinâmica social e contradições próprias das regiões de fronteira, envolvendo a vida, trabalho e cultura dos povos que nesta região habitam. trata-se de um evento colaborativo, de caráter não-competitivo, organizado por uma ampla comissão formada por diversas instituições, entre elas, a Unifesspa.
Suas seis edições anteriores contaram com a participação de diretores e realizadores locais e regionais, bem como de nomes com atuação nacional e internacional. As sessões, com filmes de diferentes gêneros e temáticas, sempre tiveram caráter gratuito, e foram realizadas em espaços convencionais (salas de cinema, auditórios), do mesmo modo que em espaços não-convencionais, como acampamentos de movimentos sociais, aldeias indígenas, escolas da cidade e do campo etc.
Entenda como vai funcionar a edição deste ano
Serão apresentadas as sessões especiais no mês de abril, marcado a abertura do festival. Ainda na primeira quinzena de abril será lançado o Regulamento desta edição, onde os produtores das obras audivisuais poderão apresentar inscrição para seleção da curadoria que irá ditar as exibições que irão ocorrer de maneira concetrada no mês de agosto, na culminância do festival.
* Com informações da Proex
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