Pesquisa analisa as barreiras para alfabetização matemática de alunos surdos em escolas públicas de Marabá
Entender o processo de alfabetização matemática de surdos nos anos iniciais do ensino fundamental de escolas públicas em Marabá. Este é o objetivo de uma pesquisa desenvolvida pela estudante de Pedagogia, Maysa dos Santos. Fruto de um projeto de Iniciação Científica (PIBIC), o trabalho recentemente ganhou destaque com a publicação em um periódico nacional e também leva autoria do prof. Dr. Walber Costa, da Faculdade de Ciências da Educação (Faced) da Unifesspa.
Por meio de pesquisas bibliográficas, o estudo busca mapear as barreiras tanto na aprendizagem do estudante surdo em compreender e interpretar os conteúdos e conceitos matemáticos, como por parte do professor em ensiná-los, uma vez que a matemática possui códigos e símbolos muitas vezes de difícil compreensão e que requerem ser traduzidos para a língua natural do estudante.
Na prática, a pesquisa propõe entender, com o auxílio de outros trabalhos já publicados, como estes desafios podem ser superados, contribuindo para o avanço do aprendizado e como os conhecimentos matemáticos podem ser ampliados a partir da compreensão da matemática. Para isso, a partir do uso de textos matemáticos, analisar os processos tradutórios dos alunos surdos nas aulas de matemática e investigar porque o aluno surdo tende a usar a referencialidade quando traduz nas aulas de matemática.
“Pesquisar e escrever sobre a alfabetização matemática de estudantes surdos surgiu do interesse em compreender como este processo pode ser desenvolvido e as suas contribuições para o ensino e a aprendizagem. Nos estudos já realizados percebemos que os surdos encontram algumas barreiras na compreensão e interpretação da linguagem matemática. A partir disso, queremos pensar possíveis formas de minimizar tais barreiras, algo fundamental para o processo de inclusão desses alunos”, explica a discente.
A estudante conta que embora não tenha visitado as escolas, devido à pandemia, o projeto já mostra resultados significativos. “Essa pesquisa me possibilitou novos conhecimentos acerca da surdez, da matemática, da linguagem e da inclusão, assim como contribuiu para a ampliação do debate relacionado à educação matemática para surdos a partir das produções científicas que realizei”.
Membro da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, onde atua no grupo de trabalho “Diferença, Inclusão e Educação Matemática”, o pesquisador Walber Costa destaca a relevância deste trabalho no sentido de propor reflexões sobre inclusão nas práticas escolares, especificamente apresentando alguns apontamentos para o professor da educação básica que tem alunos surdos em sala de aula.
Fomento à pesquisa - Para o professor Walber Costa, mesmo diante do cenário de fortes restrições orçamentárias para instituições de ensino superior e os sucessivos cortes no repasse de verbas para o desenvolvimento da ciência no país, é preciso incentivar e fortalecer a pesquisa científica nos cursos da universidade.
“Estamos sempre incentivando nossos alunos a realizarem pesquisa científica, a participar da iniciação científica, a publicação com qualidade, visando o crescimento do aluno e também valorizando cada vez mais a nossa educação pública de qualidade, baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão”, afirma.
Na Unifesspa, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Propit) é a unidade responsável por programar, orientar, coordenar e supervisionar as atividades de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica. Os projetos de iniciação científica contam da Propit, que disponibiliza à comunidade editais do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (PIBIC, PIBITI e PIBIC-EM), com apoio das agências de fomento Fapespa e CNPq, além de editais de contrapartida institucional.
A diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Unifesspa, Prof.ª Dr.ª Anaiane Pereira Souza, explica que este já ocorreu lançamento de edital e implementação de 51 bolsas apoiadas pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), com a implementação de 42 bolsas Pibic e 9 bolsas PIBITI no mês passado, contemplando entre essas 20% de quotas destinadas para ações afirmativas.
“Atualmente, temos vigentes bolsas da Fapespa e do CNPq até o próximo semestre, com a perspectiva de novas bolsas e o lançamento de edital no início do segundo semestre de 2022. Para o CNPq, a perspectiva é de aproximadamente 55 bolsas PIBIC, 10 para o PIBITI, e 3 bolsas PIBIC – EM (destinadas à iniciação no ensino médio). Já para a Fapespa, temos a previsão de, aproximadamente, 100 bolsas, contemplando os programas PIBIC e PIBITI, além de ações voltadas para atingir também alunos dos cursos contemplados com o Forma Pará”, acrescenta.
Leia, na íntegra, o artigo "Reflexões acerca do processo de alfabetização matemática de surdos".
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