Saiba como se prevenir: Estresse, ingestão de álcool e até vestuário inadequado podem afetar a saúde da voz
A voz é um dos recursos de comunicação mais utilizados pelo ser humano. Desde muito cedo usamos a voz para comunicar, expressar sentimentos e emoções, mas o que muita gente ainda não sabe é que o estresse, a ingestão de álcool e até um vestuário inadequado podem afetar a saúde vocal.
Para discutir os fatores ambientais, comportamentais e sociais que podem afetar a saúde vocal do professor e de outros profissionais que usam a voz como principal instrumento de trabalho foi realizada, na manhã desta quinta-feira (12), a palestra “Sua voz importa”, ministrada pelo professor e fonoaudiólogo César Augusto Paro, da Faculdade de Saúde Coletiva (IESB/Unifesspa).
Segundo o professor, hábitos vocais inadequados como pigarrear, tossir, gritar e sussurrar podem contribuir para o aparecimento de alterações nas pregas vocais por causa do atrito que provoca irritação e descamação do tecido. “O pigarro persistente e o muco viscoso são sinais de hidratação insuficiente e, nesses casos, nada melhor do que fazer uma reposição natural, ou seja, criar o hábito de ingestão de água e de mecanismos de hidratação”, ressaltou.
Uma dica oferecida para evitar esse hábito, realizado geralmente quando há secreção persistente e a grande necessidade de eliminá-la, é inspirar profundamente pelo nariz e deglutir logo a seguir. Esse processo irá auxiliar no deslocamento da secreção da área vibratória das pregas vocais.
Os mitos disseminados em relação aos cuidados com a voz também podem comprometer a saúde de quem utiliza a voz durante muito tempo no trabalho. Quem nunca usou ou recomendou uma bala para o alívio do desconforto vocal? A maçã apontada como excelente opção de alimento para ajudar a limpar a voz é outro clássico entre os mitos disseminados.
César Paro explicou que utilizar balas, pastilhas e sprays locais podem até atenuar sensações desagradáveis, porém acabam por mascarar a dor do esforço vocal, prejudicando ainda mais o estado das mucosas. Além disso, os sprays usados em excesso podem provocar ressecamento e edema nas regiões do trato vocal. Para o professor, a maçã pode até ser uma boa forma de estimular os músculos da boca, mas nenhuma comprovação de que o alimento ajude a proteger ou melhorar a voz.
O ar-condicionado é outro vilão para a saúde vocal. Ele explica que o resfriamento do ar é acompanhado pela redução da umidade do ar, que provoca o ressecamento do trato vocal, induzindo a uma produção vocal com maior tensão e esforço. Além disso, devido ao bem-estar produzido pelo ambiente climatizado, há uma tendência menor de consumo de água, o que piora as condições de hidratação.
A tensão muscular ocorrida em função do estresse pode ocasionar disfonia ou falta de energia durante a fonação, rouquidão e perda da qualidade da voz. O vestuário também pode interferir de modos negativos na produção da voz: por compressão da região do pescoço e abdome causando tensão vocal; pela produção de alergias e por favorecimento de uma postura inadequada.
Ao final da palestra, foi ressaltada a importância do aquecimento e desaquecimento vocal para a prevenção das alterações da voz. Também foram compartilhadas algumas técnicas que podem ser realizadas antes do uso intenso da voz.
“Falar de voz é falar de músculo. A fala nada mais é que vibração de músculo e o uso exigente e abusivo da voz podem formar edemas, nódulos, pólipos. Por isso, pensar a voz é pensar vários aspectos da vida e o mais importante é a prevenção, pode meio de exercícios e hábitos adequados”, concluiu César Augusto.
Confira neste vídeo algumas técnicas a serem realizadas antes e depois do uso intenso da voz, produzido pelo Centro Universitário de Sete Lagoas (https://youtu.be/Xg0SeQjyTbg).
O evento realizado pela Faculdade de Saúde Coletiva e a Divisão de Saúde e Qualidade de Vida (DSQV/Progep) contou com a presença de professores, técnicos administrativos e estudantes da Unifesspa e fez parte do conjunto de ações realizadas pela Unifesspa voltadas à saúde e qualidade de vida do servidor. A atividade também integrou uma prática de ensino com estudantes do curso de Saúde Coletiva, coordenada pela professora doutora Samantha Hasegawa Farias (IESB/Unifesspa).
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