A partir de demanda do povo Xikrin, Unifesspa realizará ações de ensino, pesquisa e extensão em Parauapebas
Na manhã desta quinta-feira (26), representantes dos Xikrin, da Prefeitura Municipal de Parauapebas e da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) selaram uma parceria para viabilizar ações de ensino, pesquisa e extensão no município. As ações ocorrerão no âmbito de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que viabilizará a oferta de turmas de graduação e pós-graduação em áreas diversas, além de formação continuada de professores e, já de início, o diagnóstico sobre a realidade educacional, processos pedagógicos e propostas curriculares de escolas indígenas no município, uma demanda antiga dos povos Xikrin.
A tratativa para realização da parceria teve início em novembro de 2019, porém, por conta da pandemia, entre outros fatores, apenas no final desta manhã foi possível sua conclusão e aprovação do texto-base do Acordo de Cooperação Técnica (ACT).
“A demanda chegou para a Unifessspa pelo Nuade, porque é por onde passam as questões relativas aos indígenas e outras populações tradicionais, na Instituição. A reunião atualiza esse diálogo com os Xikrin e com a Prefeitura e atualiza a proposta que vai agora ser formalizada. A ideia inicial é ofertamos cursos de graduação e formação continuada que atendam imediatamente a demanda dos indígenas e, logo, também ampliar a oferta com cursos que atendam os demais setores da população do município”, explica o coordenador do Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Nuade) da Unifesspa, prof. Evandro Medeiros.
As ações serão contínuas, com previsão para início ainda em 2022. Institutos e Faculdades serão chamados para colaborar a partir de grupos de trabalho específicos propostos no ACT.
Para o representante do Gabinete do Prefeito do município de Parauapebas, Luís Eustórgio Pinheiro Borges, administrador, trata-se de um momento histórico. “Eu fico feliz com esta iniciativa porque acredito que aqui é a constituição de um marco legal para a presença definitiva da Unifesspa na nossa cidade. Temos a provocação dos Xikrin, que está sendo respeitada, e a partir dela, novas ações surgirão. A Unifesspa precisa estar em Parauapebas. A partir da demanda Xikrin estamos conseguindo fazer com que a universidade chegue até as comunidades da cidade e do entorno”.
“É um acordo que a nossa comunidade estava esperando ser concretizado. É formação da universidade é uma necessidade. Precisamos dela para que a gente prepare o nosso povo para atuar nos assuntos da nossa comunidade. Quando a gente vem na universidade, temos dificuldade de linguagem, de compreensão com algumas questões culturais, então, queremos ser atendidos nisso. E precisamos de profissionais indígenas. Desde 2013 eu comecei a fazer parte da luta, acompanhei tudo de perto e estamos agora aqui, realizando esse acordo”, relata Katop-ti Xikrin, liderança da comunidade e egresso do curso de Pedagogia da Unifesspa pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, Parfor.
A Terra Indígena Xikrin do Cateté incide sobre os territórios de Marabá, Água Azul do Norte e Parauapebas. Cerca de 60% localizam-se neste município. Atualmente, cerca de 1.183 indígenas de três etnias fazem parte do território de aproximadamente 440 mil hectares: TI Xikrin do Cateté, Mebêngôkre Kayapó e Xikrin (Mebengôkre).
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