Pesquisadores criam software inovador para laudos de acidente de trânsito
Patente do software já foi registrada no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Produto pode ser baixado em computadores com os sistemas operacionais Windows e Linux; ele permite saber informações importantes como velocidade de veículos envolvidos em acidentes com vítimas fatais ou prejuízos materiais.
O produto, já devidamente registrado no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), desde o último dia02 de outubro, com o nome de "Speed Calculation in Traffic Accidentes”, ou em tradução livre, “Cálculo de Velocidade em Acidente de Trânsito”, propõe-se a ser uma plataforma para auxílio na realização de laudos forenses, com a determinação de velocidade de carros envolvidos em acidentes com vítimas fatais ou prejuízos materiais. O software processa os dados para os laudos forenses sobre acidentes de trânsito com confiabilidade, rapidez e eficiência.
O software, gratuito inicialmente para a comunidade científica e não científica, pode ser utilizado em computadores dotados de sistemas operacionais Windows e Linux – os mais populares no mercado. Num segundo momento, a ideia dos pesquisadores é disponibilizar o software para o Google Play – versão para o sistema operacional Android.
Os pesquisadores Rodrigo do Monte Gester, diretor-adjunto do ICE (Instituto de Ciências Exatas) e o mestrando Walldiney Pedra Gurgel do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) desenvolveram um software pioneiro no Brasil e no mundo. Segundo Rodrigo Gester, a perícia forense tem papel fundamental no sistema judiciário brasileiro, onde viabiliza provas e materiais essenciais à elucidação de crimes contra a vida e o patrimônio. Contudo, as condições físicas e de pessoal que se encontram os centros de perícia criminal não refletem a importância jurídica e até social dos laudos periciais.
A preocupação do pesquisador com a qualidade dos laudos periciais no campo da Física justifica-se porque, no Pará, dos 299 peritos criminais atualmente trabalhando apenas 5 têm formação em Física – 1,68% do quadro de pessoal. Segundo Rodrigo Gester, “isso implica dizer que a perícia básica em acidentes de trânsito muitas vezes é realizada por peritos de outras áreas que não possuem formação sólida em física”. Esta realidade é semelhante em outros Centros de Perícia Criminal espalhados pelo País.
Nesse sentido, o software desenvolvido na Unifesspa, auxilia os peritos na composição dos laudos. Como exemplo, entre as informações que podem ser processadas utilizando o dispositivo estão à determinação de velocidade em colisões; saída ou entrada de pistas em atropelamentos e colisões com veículos ou imóveis, entre outras possibilidades. “Pelos danos do veículo o software calcula a velocidade em que estava o condutor”, define Rodrigo Gester.
No campo teórico, Gester informa que a aplicação de Metodologia de Ensino de Física, com temas contextualizados ao cotidiano, ajuda a disseminar o conhecimento entre os alunos do ensino fundamental, médio, da graduação e da pós-graduação. Este software utiliza conhecimentos avançados de Mecânica Clássica. Inicialmente, o software seria usado apenas para realizar experimentos virtuais em sala de aula, onde seria usado pelos professores do ensino fundamental e médio como ferramenta auxiliadora na fixação de conceitos e conteúdos de física básica – o que é perfeitamente possível.
Teoria x prática
O outro pesquisador envolvido na produção e desenvolvimento do software é o bolsista da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) Walldiney Gurgel, perito criminal com área de formação em Física. Gurgel integra o Instituto de Criminalística do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC), em Marabá.
Por ter familiaridade com perícias em acidentes de trânsito, Walldiney trouxe para o campo teórico as inquietações cotidianas de sua profissão e encontrou na academia um ambiente de pesquisa propício para o desenvolvimento de tecnologias – como o software – e a elaboração de trabalhos acadêmicos para discussão entre os pares e a sociedade, que servem para a formulação de políticas públicas específicas sobre trânsito.
Vale destacar que, no órgão em que Walldiney trabalha como Chefe da Divisão Científica do CPCRC, no ano de 2012, das mortes violentas registradas, 24% foram causadas por acidente de trânsito. No ano seguinte (2013), o número cresceu para 27% das mortes violentas e alcançou 30% em 2014 – últimos dados disponíveis.
Walldiney escolheu trabalhar academicamente com aspectos do seu trabalho profissional, e desenvolveu artigos e debates com outros alunos do mestrado, acompanhado de seu orientador. Provisoriamente com o título “Uma proposta do ensino de Física usando como tema gerador a dinâmica de acidente de trânsito”, sua dissertação em construção, é uma demonstração de que a teoria e a prática do mercado se completam na universidade.
Divulgação internacional
Um artigo já foi publicado sobre o software e a validação em estudos de casos na Revista Brasileira de Ensino de Física (Qualis A1) e apresentação em conferência internacional (SAI Intelligent Systems Conference 2015), este ano. As publicações registraram a descoberta entre outubro e dezembro 2016.
1. GURGEL, W. P.; FERREIRA, F. C. L.; GOMES, L. M.; GESTER, R. M.. Cálculo de Velocidades em Acidentes de Trânsito: Um Software Para Investigação em Física Forense. Revista Brasileira de Ensino de Física (Impresso), 2015.
2. GURGEL, W. P.; GOMES, L. M.;FERREIRA, F. C. L.; GESTER, R. M. Calculation of velocity in traffic accidents: Development of software for forensic physics research. In: SAI Intelligent Systems Conference (IntelliSys), London, p. 1045, 2015.
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