I Encontro com egressos da Educação do Campo da Unifesspa discute a formação de educadores e a mercantilização da educação
No último dia 08 de julho, no auditório da Unidade I do Campus Marabá da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), ocorreu o Encontro com Egressos da Educação do Campo da Unifesspa com o tema: “A formação de educadores do campo no contexto de fronteiras amazônicas e os desafios frente à mercantilização da educação”.
O evento resultou de uma articulação de egressos da Faculdade de Educação do Campo (Fecampo) de diversos territórios da fronteira amazônica (camponeses, indígenas, ribeirinhos, quilombolas) juntamente com movimentos sociais e sindicais do campo.
Entre os objetivos do evento, criar espaço de encontro, interação e diálogo presencial entre os egressos e concluintes da Licenciatura em Educação do Campo e demais cursos no âmbito da Educação do Campo da Unifesspa, proporcionando trocas sobre a situação dos egressos quanto a dinâmicas da vida, formação e trabalho.
Além disso, fazer um balanço sobre a formação de educadores e educadoras do campo a partir dos egressos: sobre como interrogam o percurso formativo vivenciado, considerando avanços, retrocessos, desafios e possibilidades. Buscou, ainda, fortalecer a criação de uma rede permanente de articulação de egressos mobilizando pautas importantes dentre as quais: inserção do perfil de egressos em editais de concursos públicos, diálogo com as redes de ensino estadual e municipal e continuidade da formação.
Estiveram presentes no encontro representação das diversas turmas já ofertadas pela Fecampo e representação de estudantes mobilizados pelo Centro Acadêmico dos Estudantes da Educação do Campo (Caec), totalizando aproximadamente 60 participantes. As atividades do dia foram iniciadas com uma mística “Tecendo Fios” onde se buscou trazer as memórias da formação na Licenciatura em Educação do Campo, seguida de um Café Camponês.
O atual diretor da Faculdade de Educação do Campo, prof. João Pedro Antunes, juntamente com a coordenadora regional da Fetagri Sudeste, Eloina Morais, deram as boas-vindas aos participantes. Em sequência, aconteceu a primeira mesa do encontro discutindo o tema “A formação de educadores do campo no contexto de fronteiras amazônicas e os desafios frente à mercantilização da educação”, sendo coordenada pelos egressos Maria Miriam Ferreira (egressa Pedagogia do Campo) e Eduardo Salazar (egresso Turma 2010).
Compondo a mesa estavam: Claudio Santos, educador do campo na rede de ensino do município de Marabá, integrante da Fetagri Sudeste; Ana Emília Borba, dirigente da Frente Paulo Freire de educação, cultura, formação, gênero e juventude do MST Pará; Maria Suely Ferreira, Diretora do IFPA / CRMB e Maura Pereira dos Anjos, professora da Faculdade de Educação do Campo Fecampo/Unifesspa.
Os colaboradores da mesa realizaram discussões a partir das suas frentes de atuação abordando a situação atual da educação e seus desafios. Destacaram a importância da valorização da memória de luta por direitos pelos povos do campo, dentre os quais o direito à educação. Dentre os desafios atuais, evidenciaram a disputa em torno das finalidades da educação e da formação de educadores.
Segundo eles, nessa disputa diversas empresas que visam ao lucro pelo lucro têm assumido a formação de educadores em busca de uma suposta “eficiência”, isso tende a fragilizar a perspectiva da educação enquanto direito e a perspectiva da formação integral, ameaçando de morte a identidade e diversidade dos povos. Também enfatizaram a responsabilidade na continuidade da luta por direitos e necessidade de retomar políticas públicas voltadas ao fortalecimento dos territórios dos povos do campo e por Reforma Agrária Popular.
No período da tarde, sob a coordenação de Erick Francisco Machado (egresso Turma 2013) e Ana Carla Leite Veloso (Caec), ocorreu os encaminhamentos para os Grupos de Trabalho onde foram propostas reflexões sobre vivências, desafios, memórias da formação, limites identificados na formação após a finalização do curso e as estratégias de organização tendo como referência os egressos da Educação do Campo de forma articulada aos movimentos sociais e sindicais, visando o fortalecimento da formação de educadores e dos territórios dos povos do campo.
Após a realização dos GTs foi feito um momento de socialização das principais discussões. Foram ricas as memórias em torno da formação de educadores vivenciada nos cursos com especificidade da Educação do Campo na Unifesspa, destacando-se sua organização em alternância pedagógica, as pesquisas socioeducacionais nas localidades, as vivências coletivas voltadas à nossa auto-organização no processo formativo. Atuamos nos diferentes territórios e em diversos espaços. Dentre aqueles que estão atuando nas redes de ensino municipais, o vínculo da maioria ainda se dá através de contrato temporário.
O perfil de egresso da Licenciatura em Educação do Campo e suas habilitações ainda não tem sido plenamente inserido nos editais de concurso para cargo efetivo de professor da educação básica (anos finais e ensino médio), o que tem se revelado como uma dificuldade a ser enfrentada com urgência, vinculado com a luta pelo direito à educação e escola do/no campo nos territórios camponeses, indígenas, ribeirinhos, quilombolas.
Questões como a criação de um coletivo de egressos, assim como, pautar uma articulação desse coletivo junto a Fecampo e os movimentos sociais para incluir o perfil de egresso da Licenciatura em Educação do Campo nos editais de concurso nas redes de ensino, articulada à luta por educação e escola do/no campo nos territórios, bem como fortalecer possibilidades de formação continuada nas instituições públicas de ensino superior no enfrentamento à lógica que desloca a formação de professores da educação básica sob orientação na perspectiva empresarial, foram alguns dos encaminhamentos. Uma mística encerrou o evento com entrega de livros a todos os presentes, seguido de um jantar realizado no Tapiri.
Participaram da realização do Encontro: Egressos da Educação do Campo da Unifesspa, Faculdade Educação do Campo (Fecampo), Centro Acadêmico dos Estudantes da Educação do Campo (Caec), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri) e Associação dos Professores Indígenas do Sul e Sudeste do Estado do Pará (APISSPA).
* Com informações e fotos da Fecampo/Unifesspa
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