No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, evento dialoga sobre opressões estruturais e práticas de enfrentamento
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela, a Unifesspa recebeu, nesta terça-feira (25), um debate especial no evento II Julho das Pretas. Espaço para dialogar, socializar experiências e fortalecer as lutas travadas nos mais diversos espaços.
Na roda de conversa, promovida pelo projeto Linguagens e Diversidades Amazônicas, o objetivo foi refletir criticamente sobre sistemas de opressões estruturais da sociedade, que, numa perspectiva interseccional, concentram-se em determinados corpos e espraiam-se em outros no que toca às questões de classe, gênero, raça, sexualidade. Conversas para descolonizar o pensamento sobre o conhecimento e as formas de opressão.
Na abertura da programação, foram apresentados dados alarmantes sobre o cenário histórico que cerca a mulher negra no país. Entre eles, que a violência tem cor: mulheres negras sofreram 73% dos casos de violência sexual no Brasil. Do total de mulheres assassinadas no país, 2/3 são negras e este índice segue em constante aumento. Quando o assunto é violência obstétrica, 61% das vítimas são mulheres negras.
“Apesar de ser importante problematizar esses dados, queremos falar da potência da mulher negra. É muito bom ouvir o que todas essas mulheres têm feito no enfrentamento ao racismo, ao patriarcado e às desigualdades do capitalismo, entre outras lutas”, declarou a professora Flávia Lisboa, uma das organizadoras do evento.
Sobre a data - Comemorada no dia 25 de julho, a data remonta ao ano de 1992 quando, em Santo Domingo, República Dominicana, realizou-se o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas. O encontro, além de propor a união entre essas mulheres, também visava denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também ao redor do globo. Essa importante reunião conseguiu que a ONU, ainda em 1992, reconhecesse o dia 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Em nível nacional, pela Lei 12.987/2014, ficou estabelecido, também no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, que além de compartilhar dos princípios do Dia Internacional estabelecido em 1992, também tem o propósito de dar visibilidade para o papel da mulher negra na história brasileira, através da figura de Tereza de Benguela.
Tereza foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, e, por 20 anos, liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo. Tereza era de tal importância e magnitude que todos a tinham por “Rainha Tereza”. A líder quilombola é um exemplo da importância da mulher negra em nossa história, que muitas vezes é negada ou ignorada pela historiografia tradicional.
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