Xinguara: Estudante indígena do curso de Geografia faz das Bonecas Ritxòkò Karajá tema do seu TCC

O professor Flávio Gatti, docente do Curso de Licenciatura em Geografia da Unifesspa, campus Xinguara, e seu orientando Edinho Pereira Karajá, participaram da oficina de formação de pesquisadores indígenas intitulada “O acervo etnográfico do Centro Cultural Ikuiapá sob olhares de pesquisadores indígenas”, realizada na última semana de setembro, no Centro Cultural Ikuiapá, unidade descentralizada do Museu do Índio, com sede em Cuiabá – MT.

A pesquisa do discente “Cultura Material e Imaterial, as bonecas Ritxòkò Karajá, um estudo na Terra Indígena Maranduba, Município de Santa Maria das Barreiras/PA”, se adequou aos objetivos da oficina e as contribuições que a formação pode oferecer a ele, considerando que o acervo Karajá está sob a guarda do Centro Cultural Ikuiapá (CCI).

O curso faz parte do Projeto 914BRZ4019 que trata da documentação, salvaguarda e divulgação de línguas indígenas. Participaram da oficina, indígenas da etnia Karajá, Terra Indígena Maranduba-PA; Kalapalo, da aldeia Aiha, Terra Indígena Parque do Xingu-MT; Boe-Bororo, aldeia Merure, Terra Indígena Merure-MT; Umutina Balatiponé, Terra Indígena Umutina-MT; Guató, Terra Indígena Baía dos Guató-MT; e, Kurâ-Bakairi, Terra Indígena Bakairi-MT.

Para Edinho, a função da boneca karajá é a de manter a identidade de seu povo. “Participar da oficina foi algo de grande valia, principalmente pelo contato com artefatos de cerâmica, uma das modalidades da produção material dos Karajá, além da cestaria, plumária, adornos e armaria, entre outras que abrangem o campo das atividades culturais”, declarou.

De acordo com Gatti, o foco foi principalmente respeitar a realidade do discente, que é o único indígena do curso e trabalhar a Geografia Cultural, para mostrar a importância de se estudar e apresentar a cultura material e imaterial das bonecas Ritxòkò Karajá para os não indígenas na atualidade.

De acordo com o professor, o estudo centrado nas bonecas permite estender a análise a outras categorias, por se encontrarem associadas às figuras cerâmicas, como a pintura corporal, os adornos e a representação de cenas da vida cotidiana reproduzidas na cerâmica, que sintetizam e documentam, ao seu modo, elementos singulares da cultura Karajá.