Pela primeira vez na região Norte, Unifesspa foi escolhida para sediar o XXIX Encontro Nacional de Economia Política (ENEP)
Pela primeira vez depois de tantas edições, a região Norte foi o palco do XXIX Encontro Nacional de Economia Política (ENEP) e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) foi escolhida para sediar o evento. Entre os dias 10 e 14 de junho, a Faculdade de Ciências Econômicas (Face) do Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR) recebeu o encontro organizado, anualmente, pela Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP) desde 1996.
O evento, que possui caráter interdisciplinar, em seus dois primeiros dias, conhecidos como Pré-ENEP, promoveu Vivências de Campo no XXIX ENEP, em que os participantes realizaram visitas de campo na Terra Indígena Mãe Maria, projeto Quelônios na Praia do Tucunaré e visita ao Assentamento 26 de Março, território em que está localizado o campus rural do Instituto Federal do Pará. Nos outros dois dias, a programação do ENEP, concentrou na Unidade III do campus Marabá, com painéis, palestras, sessões de comunicação, Grupos de Trabalhos (GT´s), mesas com palestras e minicursos.
A escolha da região foi estratégica e o Professor Giliad de Souza Silva, doutor em Economia e Diretor da Sociedade Brasileira da Economia Política, conta que há pelo menos três elementos a serem destacados diante dessa definição. O primeiro é o reconhecimento da SEP de que havia pouco diálogo com pesquisadores da Amazônia, especialmente da região norte. A falta de interação entre os pesquisadores e a sociedade resultava em poucas propostas para sediar o encontro na região norte. O segundo foi a escolha do local, pois o sudeste paraense é uma região amazônica peculiar. O terceiro é o destaque que a Unifesspa, o curso de Economia e o Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Urbano na Amazônia (PPGPAM) recebem. Na opinião do economista, essa visibilidade permite que a instituição seja reconhecida por outras pessoas e forças políticas no campo da economia, conferindo à universidade um protagonismo inédito. “Não se trata de uma parte da Amazônia caracterizada pela floresta preservada e o ambiente idílico, mas sim de uma Amazônia marcada por conflitos. “Desde disputas madeireiras até conflitos com posseiros, a região enfrenta intensos conflitos territoriais.” acrescenta.
Carlos Barriento, liderança guatemala e membro do Comitê de Unidade Campesina (CUC) esteve presente no III Painel que explorou a temática “Futuro da Humanidade: construindo perspectivas a partir de experiências Pan-Amazônicas” e conta que a humanidade deve mudar as narrativas, geralmente se fala de desastres e crise ecológicas mundiais como algo separado entre os seres humanos e a natureza, e afirma que esse não é o caminho. “O problema não é o aumento da temperatura, o problema é o sistema. Com esse sistema não podemos subsistir como humanidade. E se não tomarmos conta disso, não há futuro para a humanidade”, enfatiza.
A presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política e professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Marisa Amaral, parabenizou a comissão organizadora local por proporcionar uma imersão aos participantes e ainda revelou que, realizar o ENEP em Marabá, abre espaço para uma nova perspectiva “A assembleia acolheu essa proposta porque Marabá é um território que nos permite avançar muito além dos nossos propósitos usuais. Esses encontros, geralmente são de caráter mais acadêmico, já a Unifesspa assumiu uma proposta mais dinâmica. Além de ser um território marcado pelo forte avanço do capital, especialmente nas atividades de mineração e agronegócio ", ressalta.
*Por Mirella Carvalho, estagiária de jornalismo
Redes Sociais