No Dia do Professor, estudantes contam como tiveram suas vidas transformadas por esses profissionais
No Brasil, o dia 15 de outubro marca as comemorações pelo Dia do Professor. A data, instituída na década de 1960, tem o propósito de destacar e conscientizar a sociedade sobre o papel fundamental desses profissionais na formação do conhecimento e no desenvolvimento de toda a população. Esses profissionais encaram diversos desafios dentro e fora das salas de aula, reinventam cotidianamente o significado de construir o conhecimento, de trabalhar na formação das futuras gerações e ajudar a lapidar o mundo que almejamos.
Talvez um dos mais memoráveis professores da ficção seja John Keating, interpretado por Robin Williams no longa “Sociedade dos Poetas Mortos”, filme de sucesso nos anos 1990. Ao subir em cima de mesas, declamar poemas e brincar com os alunos em sala, Keating não era apenas uma crítica viva dos métodos ortodoxos utilizados em escolas preparatórias da época — era também um exemplo de que professores transformam vidas.
No mundo real, mestres e mestras inspiradores são aqueles que incentivam, apoiam, transmitem segurança. Para celebrar esta data, buscamos histórias de pessoas incríveis, que tiveram o poder de impactar a vida de estudantes e servidores da Unifesspa. Selecionamos algumas dessas histórias que mostram como a educação pode transformar vidas.
- A aluna Flaviany Sousa, do curso de Engenharia Civil - Campus Marabá, busca as palavras certas para falar sobre a professora Nuria Gallardo. Durante a graduação, a estudante compartilhou com colegas que estava com muitas dificuldades para estudar, devido a problemas na visão. Na época, ela não tinha condições de arcar com os custos de óculos de grau. Então, a professora Nuria a presenteou com os seus primeiros óculos.
“Além disso, ela continuou a acompanhar minha jornada, estando comigo nos melhores e piores momentos da minha vida, como na perda do meu pai, na defesa do meu mestrado, no dia da posse do meu concurso”. Para a aluna, a professora representa a mulher que sempre almejou se tornar: forte, generosa e divertida. Seus conselhos, segundo Flaviany, são como tijolinhos que, aos poucos, ajudaram a construir novamente sua autoconfiança. “A professora Nuria é a mulher mais inteligente do mundo. Você sempre estará marcada no meu coração.Te amo!”, declara emocionada.
- No ensino fundamental o técnico administrativo José de Arimatéia conheceu uma professora que mudou a sua vida para sempre: Dinda. Ele conta que um dia, foi escolhido com outros colegas de classe, pela professora de História para serrem inseridos na arte literária. Segundo ele, a professora viu que eles tinham apetite pelo conhecimento.
“Na época, nem lembro se já tinha lido um livro inteiro. Fiquei maravilhado quando ela nos mostrou a sua biblioteca pessoal e revelou suas obras favoritas, que eram biografias, mitologia, contos e ficção. O encontro com a ficção, revelou algo novo, o deslumbre pelo mundo encantado da imaginação!”, conta.
Rotineiramente, Dona Dinda os levava a ler livros, faziam permuta das obras e comentavam as narrativas com muita veracidade “Parecia que éramos o próprio Dom Quixote de la Mancha. Contudo, nossos moinhos de vento eram reais, ao menos para nós. Essa professora nos marcou tão profundamente que, até hoje, quando encontro meus colegas, lembramos o caminho do conhecimento que ela nos mostrou. “Viva Dona Dinda, em nome de quem homenageio a todos os professoras e professoras!”, comemora.
- Os laços que unem a estudante Janaína Ramos e a professora Érika Rosendo (IETU), começaram a se entrelaçar durante pandemia, ainda que só em 2022, elas tiveram teve a oportunidade de se conhecer presencialmente.
“Firmamos um laço que vai além da sala de aula e tenho o privilégio em poder dizer que ela é muito mais que uma professora/orientadora. A professora Érika por vezes fez papel de psicóloga, mãe, terapeuta e várias outras funções além de ministrar suas aulas e orientar-me nos projetos de pesquisa”.
Janaina conta que, em 2023, teve a prova mais sincera do amor de Érika por seus orientados e alunos. Sua mãe faleceu e a professora deixou todos os seus afazeres e sua família para acompanhá-la até sua cidade natal, garantindo que chegasse em casa com segurança neste momento tão difícil na vida da estudante.
“Durante todo o velório e sepultamento de minha mãe, ela não me deixou sozinha. Neste mesmo momento, ela correu atrás dos profissionais da Universidade para garantir que eu pudesse ser amparada nesse momento tão delicado”, emociona-se.
Para Janaina foi a professora quem não a deixou desistir da faculdade e a incentivou mais ainda a continuar trilhando o caminho maravilhoso rumo a formação em Zootecnia. “A ela toda minha gratidão por todos os ensinamentos repassados e por todas as risadas sinceras que ela arrancou de mim desde que nos conhecemos. Ela tem um coração puro e doce demais. Feliz dia dos professores, querida Dra. Érika Rosendo!” declara Janaína.
- Alessandra Santana é egressa do Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (Profnit) e servidora da Unifesspa. Ela conta que, desde de sua jornada no mestrado, a professora Gilmara Feio esteve ao seu lado, oferecendo um suporte inabalável e palavras de encorajamento.
“Um dia, recebi uma ligação inesperada. Era um convite para almoçar em sua casa. Fiquei espantada. Que orientadora faria um convite tão pessoal a uma orientanda? Apesar da surpresa, aceitei. Naquele momento de vulnerabilidade, eu sabia que precisava de apoio. O que parecia ser apenas um almoço transformou-se em um verdadeiro resgate de alma. A conversa fluiu como um bálsamo, reacendendo em mim a força necessária para continuar a luta, mesmo diante de tantas adversidades”, afirma Alessandra.
Depois daquela reunião e com as palavras encorajadoras que Gilmara lhe disse, Alessandra voltou com uma nova perspectiva. “Foram inúmeras noites sem dormir entre a elaboração da dissertação e os desafios de ser mãe, além de lidar com problemas familiares e cumprir uma jornada de oito horas como servidora pública. Mas, apesar de tudo, eu consegui concluir o mestrado”.
Hoje, Alessandra rende homenagem à professora Gilmara Feio, que foi sua luz em momentos de escuridão e que, com sua sabedoria e empatia, a ajudou a não desistir. “Sem ela, esse caminho teria sido muito mais árduo. Obrigada, Gilmara, por acreditar em mim e por ser o farol que iluminou minha jornada!“
- Natural da pequena cidade de Grão-Pará, no interior de Santa Catarina, a professora Karla Raske (Fahist), foi alfabetizada na escola isolada Rio Pequeno Baixo, numa comunidade do interior, onde conheceu a professora Edeli Uliano Meurer.
“Ela nos colocou em contato com vários desafios do mundo do aprender. Aprendemos a contar com grãos de feijão, fizemos teatro de fantoche pela janela da escola, descobrimos sobre metais e condutores com encenações dos perigos de estar roçando um pasto sem as devidas precauções, bem como o que fazer ao estar num descampado e pegar uma grande trovoada com raios.”, nos conta.
Com esta mulher corajosa, que acreditava nos alunos e na possibilidade de um futuro para eles, ela e seus colegas puderam viver o conhecimento na prática e nos desafios da vida do campo também. “A experiência mais marcante que experimentei, foi quando ela percebeu que eu poderia declamar poemas e então uma relação com as letras e com a ideia de falar em público mudou tudo. Tive oportunidades que me fizeram voar! Ir além da sala e aula, ir além do que era possível”, contou.
Hoje, professora há mais de uma década, Karla não duvida que a mágica está em que acreditar nos alunos pode mudar vidas. “Os desacreditados por esse sistema excludente capitalista e neoliberal são, sim, capazes do incrível! Muito obrigada por tudo, professora Edeli! Obrigada por acreditar em mim e por ser inspiração em minha vida ao longo de três décadas”, finalizou emocionada.
- O aluno Marcelo Geovanni Junior, do curso de Jornalismo, recentemente convidado para comentar a partida entre Estrela e CRV, diretamente do Estádio Olavo Silva Rocha, em Rondon do Pará, é muito grato ao professor Jefferson de Souza Moraes. Foi sua paixão pelo futebol e as aulas de Jornalismo Esportivo, ministradas por Jefferson, que o incentivaram a se apresentar ao radialista Tony Smith, da Rádio Rondon FM, num evento da APAE Rondon. Um fiel bicolor de carteirinha, o torcedor do Paissandu Sport Club, de Belém, Marcelo não cabe em si de tanta felicidade.
“Eu agradeço por todo incentivo, por toda ajuda, peço desculpas se eu fiquei lhe devendo alguma coisa. Sei que o senhor vai torcer por mim para que tudo dê certo na transmissão. Obrigado, professor!”, comemora.
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