Coluna #ComCiência: Mulheres na ciência

O avanço da mulher na ciência tem sido uma conquista gradual, mas promissora. Esse progresso é resultado de anos de dedicação, lutas e da quebra de barreiras históricas por muitas mulheres que vieram antes de nós. Hoje, vemos um aumento do protagonismo feminino em diversos campos, nos programas de pós-graduação, projetos de pesquisa, cargos de liderança acadêmica, entre outros. Esse crescimento abre portas para o desenvolvimento da ciência e da sociedade, pois traz novas perspectivas, amplia o debate e contribui para a construção de espaços mais igualitários.

A Unifesspa apresenta números que reforçam esse avanço. Dos 720 diplomas de pós-graduação expedidos, 384 pertencem a mulheres. No campo da pesquisa, dos 212 bolsistas ativos, 140 são mulheres. Esses dados mostram um cenário animador, onde as mulheres estão conquistando cada vez mais o seu espaço, embora muito ainda precisa ser feito.

A história mostra que, por muito tempo, as mulheres enfrentaram grandes desafios para ingressar e permanecer no meio científico. Muitas delas tiveram, lamentavelmente, suas contribuições apagadas ou distorcidas. Para nossa felicidade, esse cenário está mudando, e a representação feminina na ciência tem sido cada vez mais reconhecida e valorizada.

Uma conquista recente é a alteração na Lei Nº 14.925, de 17 de julho de 2024, que amplia de 120 para 180 dias o prazo de prorrogação de bolsas de estudo concedidas pelas agências de fomento, em caso de afastamento temporário do bolsista em virtude de parto, adoção ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção durante o período de vigência da bolsa. Além disso, a mesma lei concede o benefício pelo dobro do tempo em função de parentalidade atípica, decorrente de nascimento de filho, adoção ou obtenção de guarda judicial de criança ou adolescente com deficiência.

Em meio a conquistas notáveis, ainda existem desafios a serem superados. O acúmulo de funções, especialmente para mulheres que também exercem a maternidade, pode dificultar uma maior dedicação à pesquisa. Questões estruturais, como desigualdade salarial e falta de representação feminina em cargos de liderança, ainda precisam ser combatidas. A pesquisa desenvolvida nesse campo pode contribuir fortemente para a quebra de paradigmas. A ciência precisa de diversidade para crescer. Diferentes olhares, experiências e perspectivas enriquecem a produção acadêmica e promovem visibilidade de conhecimentos.

Outro aspecto que pode ser pontuado neste contexto, é o papel da mulher cientista na popularização da ciência. Muitas cientistas têm atuado como divulgadoras do conhecimento, tornando a pesquisa mais acessível à sociedade. Por meio de redes sociais, palestras e eventos, essas pesquisadoras buscam traduzir conceitos complexos para o público geral, inspirando meninas e mulheres a seguirem carreiras na ciência. Essa aproximação entre a academia e a comunidade contribui com a democratização do conhecimento e com a construção de uma sociedade mais informada, engajada e, principalmente, consciente do seu papel como agente transformador do espaço ao seu redor.

O crescimento da participação feminina na ciência deve ser celebrado, mas também impulsionado com ações concretas. Cada vez mais, é necessário que universidades, instituições de fomento e a sociedade como um todo se comprometam com a inclusão e o reconhecimento do trabalho das mulheres cientistas, afinal, o conhecimento é universal e deve ser produzido de maneira colaborativa, harmônica e sem barreiras de gênero.

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Artigo escrito pela professora Lygia Policarpio, diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Unifesspa.

Originalmente publicado na coluna #ComCiência, do jornal Correio de Carajás, edição nº 4307 - dias 22 a 24 de fevereiro de 2025.