Pesquisadores da Unifesspa criam games educativos
O jogo computacional “História de Marabá e os ciclos do caucho e da castanha” foi apresentado para professores que ministram aulas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Anísio Teixeira, em Marabá, na última semana de março. Os alunos conhecerão o projeto no final do mês abril. O outro game é sobre “Conceitos de Geometria” aplicados ao 9º ano do ensino fundamental. Os dois games foram criados utilizando softwares livres, como o Inkscape, Gimp e Tiled. Foi utilizado também, o Unity 3D.
Em esforço coletivo liderado pelo coordenador do Curso de Sistema de Informação, professor doutor Manoel Ribeiro, seis alunos de graduação e dois de pós-graduação desenvolveram dois games educativos ou jogos educativos computacionais, que devem ganhar as salas de aula das redes públicas e privadas, de forma gratuita, nas próximas semanas.
Os games foram criados nos últimos sete meses na Faculdade de Computação e Engenharia Elétrica (FACEEL), que reúne os cursos de Sistema de Informação, Engenharia de Computação e Engenharia Elétrica, oferecidos pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), na Unidade I, em Marabá. A criação dos jogos envolveu o tripé que constitui a universidade: ensino, pesquisa e extensão.
Os jogos computacionais, ainda em fase experimental, têm as denominações de “Marabá e os ciclos do caucho e da castanha” e “Conceitos de Geometria da Matriz de Referência de Matemática do 9º ano do Ensino Fundamental”. Os jogos fazem parte do novo “Projeto Tecnologias Interativas na Educação” coordenado pelo professor Manoel, e cadastrado junto à PROPIT (Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica) da Unifesspa.
Os dois jogos rodam nos sistemas operacionais Windows e Linux (usado na maioria das escolas públicas do Estado) e na internet. Por possuir tecnologia 2D, o jogo de Geometria, terá uma versão Android para rodar em smartphones, ocupando espaço de memória compatível com a funcionalidade dos aparelhos. O outro jogo utiliza tecnologia 3D. Os dois jogos ficarão disponíveis para os interessados no site da Unifesspa, em momento oportuno.
Game sobre História
O game foi criado a partir de informações históricas contidas nos livros “História de Marabá”, da historiadora Maria Virgínia Bastos Mattos, da Editora Grafil; e “O Sertão: subsídios para a história e a geografia do Brasil”, da professora Carlota Carvalho, da Editora Ética. “Um jogador experiente (que tem muita habilidade em games) demora de 20 a 25 minutos para passar todas as fases e completar o jogo”, explica o professor Manoel. A recepção do público da escola foi muito boa, na avaliação dele.
No game, o personagem principal é inspirado no desbravador maranhense Francisco Coelho da Silva, que em 07 de junho de 1898 inaugurou um barracão comercial, no ângulo formado pelos rios Itacaiúnas e Tocantins, local denominado Pontal, dando-lhe o nome de “Marabá”, em homenagem ao poema do mesmo nome de autoria do poeta maranhense Gonçalves Dias.
Nas fases do game, o jogador assume o papel de “Velho Chico” e luta contra os esqueletos, que representam o espírito de antigos caucheiros. Ele tenta se redimir da exploração desordenada do caucho por ele incentivada o que levou a extinção da cultura, tempos depois. O caucho é uma árvore produtora de látex, de aceitação crescente no mercado internacional na época, sendo usado na fabricação de pneus e aparelhos para laboratórios.
“Velho Chico” é convocado a “matar” na base do facão vários esqueletos, que tentam lhe impedir de replantar os pés de cauchos e ressarcir a flora de suas árvores nativas. A cada esqueleto derrotado, “Velho Chico” ganha uma semente de caucho para plantar, reflorestando a área do Pontal. Ao plantar dez árvores de caucho, o jogador ganha uma bonificação de informação sobre a história contextualizada de Marabá por meio de seus ciclos econômicos. São, ao todo, cinco bônus de informação sobre os índios da região, sobre a fundação da cidade, sobre o Caucho e sobre a castanha do Pará.
Os mesmos esqueletos podem eliminar “Velho Chico”, fazendo com que o jogador perca a disputa e o jogo tenha que recomeçar da fase inicial. O jogo prevê, ainda, recuperação de vida de “Velho Chico” no decorrer do processo, dependendo do número de pontos. Os cenários do jogo foram reconstruídos a partir de vídeos e fotografias dos principais locais.
O jogo completo prevê cinco fases (ou níveis), das quais duas estão prontas pela equipe da FACEEL e sendo testadas em escolas públicas de Marabá.
Game sobre Geometria
O segundo game foi criado a partir da indicação do professor doutor Narciso das Neves Soares do Curso de Matemática da Unifesspa, Unidade II, em Marabá. O jogo, que tem como cenário a Serra Pelada, considerado o maior garimpo em céu aberto do mundo na década de 90, então pertencente a Marabá e localizado no agora município de Curionópolis (PA), está baseado na Matriz Curricular do MEC para o 9º Ano de Geometria do Ensino Fundamental.
O jogo tem como objetivo principal o aprendizado lúdico de geometria da matriz de referência de Matemática do 9º ano do Ensino Fundamental, por meio das aventuras de Marajoara, um paraense miscigenado das culturas indígena, negra e branca, nascido na ilha do Marajó, no Pará. Ele é o herói do jogo. Ele vai enfrentar outros garimpeiros vindos de outras regiões do Brasil.
Inicialmente o Marajoara possui uma barra de vida de 100 pontos. A cada golpe do inimigo ele perde 10. Se zerar o Marajoara morre. Com 3 golpes de faca do Marajoara o inimigo morre e o jogador ganha bônus de informações sobre geometria. Ao se movimentar pela plataforma o jogador vai encontrar 12 inimigos de forma aleatória (entre três tipos) e os mesmos estarão andando aleatoriamente, até que o Marajoara entre no campo de ataque dos inimigos.
Para criar os games foram utilizados os programas Inkscape (software de livre distribuição, similar ao Corel Draw, utilizado para a criação de personagens), Gimp (software de livre distribuição similar ao Adobe Photoshop, utilizado para dar retoques, efeitos e na concepção do cenário do jogo), Tiled (software livre, usado na criação de pequenos blocos para a montagem do cenário), Spriter (software privado utilizado para a criação de sprites, ou seja, para a animação dos personagens) e Unity 3D (Engine utilizada para a programação do jogo em si).
O papel de cada um dos criadores
O “Projeto Tecnologias Interativas na Educação” que produziu os dois primeiros games é composta por dois alunos de Sistema de Informação com bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC); 4 alunos de Sistema de Informação que estão fazendo o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre assuntos correlatados a pesquisa e aplicação dos jogos, em defesa prevista para o mês de setembro próximo; e dois alunos de Mestrado Interinstitucional (MINTER), assinado entre a Unifesspa e a Universidade Federal do Pará.
O aluno do terceiro semestre de Sistema de Informação Dênison Carlos da Silva Resplandes, da Turma de 2014, trabalhou no jogo como programador do jogo de Geometria, utilizando os programas Unity 3D free, Inkscape, Gimp, Spriter Pro e Tiled Free. Outro aluno, Kelton Willian Souza Valente, do sétimo período de Sistema de Informação, utilizou seus conhecimentos com os programas Inkscape, Gimp e Spriter Pro. Kelton teve como função a concepção, criação e animação de personagens dos jogos, além de contribuir na criação do GDD (Game Design Document) ou Documento de Projeto do Jogo.
Ernesto Sampaio Neto aluno do sétimo período de Sistema de Informações trabalhou na concepção, criação e animação de personagens, além de contribuição na criação do GDD e também as telas do jogo com informações matemáticas utilizando os programas Inkscape, Gimp e Spiter Pro.
Gilberto Pinheiro de Oliveira aluno do terceiro período de Sistema de Informação trabalhou no jogo sobre a história de Marabá como responsável pela criação de scripts, interação com o usuário final, usando o motor de jogos Unity 3D e a linguagem C#-C Sharp. Gilberto participou da criação do personagem “Velho Chico” e do cenário da Praça São Félix do Valois.
Outro aluno Lavoizie Carvalho Guimarães trabalhou na modelagem 3D do cenário do Pontal e de algumas ruas e praças do bairro Cabelo Seco. O professor da FACEEL Rangel Filho Teixeira, mestrando de Engenharia Elétrica do MINTER, foi o responsável pelo GDD contendo o roteiro, os personagens e os cenários dos jogos da história inicial de Marabá. A partir do GDD estabeleceu-se que o jogo da história de Marabá terá cinco níveis. Atualmente está envolvido na terceira fase de desenvolvimento do jogo sobre a História de Marabá com a criação de uma personagem denominada “Feiticeira do Tempo”.
Maria Eliane Sobrinho é outra mestranda de Engenharia Elétrica que ficou responsável pelo GDD do game de Matemática. Ajudou a criar os cenários de Serra Pelada e no roteiro da lógica matemática aplicada ao jogo.
O aluno Tiago de Sousa Araúgo trabalhou na arte dos bônus e na gravação (voz) dos bônus e a bolsista Lina Clara Alencar de Souza, aluna do curso de Letras, gravou a voz das narrações de diversas cutscene.
“A ideia do game é apresentar ao jogador desafios matemáticos baseados nas diretrizes do MEC para alunos do ensino fundamental que estejam no 9º ano”, explica. Segundo ela, no game foram trabalhados os assuntos de ângulos e geometria. Na segunda fase do jogo, em construção, serão trabalhados assuntos relativos à área, perímetro e coordenadas. O jogo será testado na Escola Anísio Teixeira.
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