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Pesquisadora da Unifesspa produz biocombustíveis a partir de óleo de cozinha usado e resíduos industriais

Publicado: Sexta, 07 de Junho de 2019, 10h13 | Última atualização em Sexta, 07 de Junho de 2019, 10h13 | Acessos: 1808

Veículo: Correio de Carajás

Data: 30 de maio de 2019

Link da Matéria:https://correiodecarajas.com.br/pesquisadora-da-unifesspa-produz-biocombustiveis-a-partir-de-oleo-de-cozinha-usado-e-residuos-industriais/

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A geração de fontes de energia limpas e sustentáveis tem sido um desafio, cada vez mais recorrente, na atualidade. Os biocombustíveis são uma alternativa aos combustíveis fósseis, como o petróleo, cuja queima libera gases nocivos ao meio ambiente. Em todo o mundo, cientistas trabalham para torná-los cada vez mais acessíveis.

É o que acontece em uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Polímeros, Processos e Transformações de Materiais (LPTM) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Substâncias residuais urbanas e agroindustriais, como o óleo de fritura e sebo bovino, que possuem alto potencial poluente, foram coletadas e transformadas em biocombustíveis.

O trabalho foi desenvolvido pela pesquisadora Jhuliana da Silva Santanna, com a coordenação e supervisão do professor Dr. Silvio Alex Pereira da Mota, do Instituto de Geociências e Engenharias (IGE), campus Marabá. Jhuliana apresentou a pesquisa em sua dissertação de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Química, aprovada no mês passado.

“Coletamos o óleo de fritura doado por uma lanchonete da cidade, que seria descartado inadequadamente no meio ambiente. Agregamos a ele o pó de aciaria elétrica, resíduo que foi cedido pela Siderúrgica Norte Brasil (Sinobras). Por meio de reações químicas, conseguimos obter biogasolina, bioquerosene e diesel verde”, explica Jhuliana.

Segundo a pesquisadora, foi possível produzir biocombustível de qualidade similar ao que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determina. “Para gente isso é uma grande vitória. Esse resultado nos dá a esperança de que tais combustíveis poderão, em um futuro próximo, serem utilizados de forma total ou parcial, como o biodiesel já vem sendo utilizado, por exemplo”.

A pesquisa utilizou a rota de craqueamento térmico catalítico, que permite a obtenção de moléculas menores a partir da quebra de moléculas maiores e tem a vantagem de ser uma rota de baixo custo, uma vez que possibilita o uso de insumos residuais. Jhuliana ressalta que o combustível produzido ainda não é utilizado, mas há pesquisas, inclusive na Unifesspa, para testar sua aplicação em motores.

Para desenvolver sua pesquisa de mestrado, Jhuliana contou com uma bolsa da Capes. Para ela, esse auxílio foi essencial, pois, além de colaborar com o desenvolvimento da pesquisa, ajudou com despesas pessoais. “Com esse dinheiro foi possível pagar aluguel, dentre outras necessidades básicas. O sucesso desta pesquisa ocorreu, em muito, pelo fato de poder me dedicar integralmente a ela. Isso só possível graças ao recebimento da bolsa pela Capes”, revela.

Potencial

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Para o professor Silvio Mota, a pesquisa revela o alto potencial que a região oferece para a produção de biocombustíveis e também demonstra a carência de investimentos nesse sentido.

“Atualmente o Estado do Pará não possui nenhuma empresa que produz biocombustível em seu território, para fins de comercialização, mesmo sendo um dos grandes produtores do óleo de palma, uma das principais matérias primas para a produção de biodiesel. Parte do óleo produzido aqui é utilizado na produção de alimentos ou é exportado para fora do estado, para ser transformado em combustíveis”, destaca o professor.

O professor vislumbra também as expectativas do aumento da inserção obrigatória de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final – hoje em 10% – e os possíveis potenciais que isso implica.

“Até 2020 pode haver um aumento na inserção de biodiesel na mistura com o diesel convencional. Como o Pará vai lidar com todo o potencial que possuímos? Vai gerar emprego e renda local ou vai continuar importando biodiesel de fora? Mão de obra bem qualificada nós estamos formando aqui”, defende o professor doutor em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia.

Passa o a passo do processo de transformação do óleo de fritura em biocombustíveis.

1 – O óleo coleado é posto em um reator e junto com o pó de aciaria elétrica (catalisador) em temperaturas próximas a 350 °C. Nessa fase inicial, são obtidos os produtos líquidos orgânicos (PLOs), também conhecidos como bio-oleos.

2 – Após a obtenção dos PLOs ocorre a etapa de separação. Ela se assemelha a destilação fracionada do petróleo, onde são separadas as frações de combustíveis de acordo com tamanho da cadeia carbônica (ponto de ebulição).

3 – Nesta etapa, os PLOs são aquecidos e os biocombustíveis são coletados de acordo com seus respectivos pontos de ebulição. Primeiro a biogasolina, depois o bioquerosene e, por o fim, o diesel verde.

 

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