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Unifesspa só tem dinheiro para funcionar até agosto deste ano

Publicado: Quinta, 13 de Junho de 2019, 11h31 | Última atualização em Quinta, 27 de Junho de 2019, 09h39 | Acessos: 2361

Veículo: ZEDUDU

Data: 16 de junho de 2019

Link da Matéria: https://www.zedudu.com.br/unifesspa-so-tem-dinheiro-para-funcionar-ate-agosto-deste-ano/

Reitor expõe a delicada situação da universidade, pelo bloqueio de R$ 13,1 milhões, e diz que a instituição, de setembro em diante, depende de decisão do ministro da Educação

Unifesspa s tem dinheiro para funcionar at agosto deste ano

O risco é iminente, mas a esperança é grande. Porém, caso o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não concorde com o desbloqueio de parte do orçamento da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), a instituição paralisa as atividades em setembro. Ou seja, 5.144 acadêmicos de todas as áreas serão prejudicados. Hoje a instituição só tem dinheiro para pagar energia elétrica, vigilância e limpeza para mais dois meses.

 

Em audiência ainda sem data marcada, mas que se espera aconteça em breve, o reitor da Unifesspa, Maurílio de Abreu Monteiro, deve expor a Weintraub a situação da universidade e solicitar que as verbas sejam desbloqueadas.

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira 12, ele mostrou grande preocupação com a situação orçamentária da universidade, que sofreu bloqueio de R$ 6,7 milhões (28%) no orçamento de custeio (contas de luz, água, telefone, pagamento de terceirizados, manutenção etc.), de um total de R$ 24,3 milhões, R$ 9,7 milhões (40%) dos quais já utilizados, restando, portanto, R$ 7,9 (32%) milhões para que a instituição se mantenha até o final do ano.

Quase 70% do orçamento de investimentos foram bloqueados 

Já o bloqueio no orçamento de investimentos (obras, equipamentos, projetos etc.) foi mais pesado ainda. De um total de R$ 9,5 milhões, foram bloqueados R$ 6,4 milhões (67%), R$ 300 mil (3%) já foram utilizados e restaram R$ 2,8 milhões (30%) para serem utilizados até o final de 2019.

Em razão desses cortes profundos nas verbas da universidade, das 263 ações previstas para este ano no Plano de Gestão Orçamentária, 195 foram canceladas e somente 68 serão executadas.  Mesmo assim, caso não haja o desbloqueio para cobrir o orçamento de setembro a dezembro, 15 das ações restantes também serão eliminadas.

“Mesmo que haja o desbloqueio, a universidade já está prejudicada, com o cancelamento de centenas de ações extremamente importantes, que já deveriam estar em andamento”, lamenta Maurílio Monteiro.

Segundo ele é preciso concentrar o orçamento naquilo que é mais importante. O reitor citou como exemplos de ações canceladas a aquisição de livros, o Programa Idiomas sem Fronteiras, 13 programas novos de pós-graduação, apoio a participação em eventos científicos e compra de elementos básicos de laboratórios, como reagentes, equipamentos de proteção, entre outras.

Universidade já contabiliza prejuízos muito grandes   

“Mesmo cancelando essas atividades, ainda há o risco de ficarmos sem condições, em setembro, de honrar compromissos com energia elétrica, transporte, vigilância e limpeza”, prevê Maurílio, que diz, esperançoso: “Estamos confiantes de que vamos vencer, de que vamos mobilizar a sociedade para que esse desbloqueio aconteça”.

Segundo ele, hoje a Unifesspa já contabiliza prejuízos muito grandes com obras de infraestrutura que não serão iniciadas, obras de acessibilidade e a construção do hospital veterinário, por exemplo. “Mesmo com a suspensão dessas ações, ainda há uma necessidade muito grande de o bloqueio ser revertido”, afirma.

Indagado sobre qual a grande preocupação da universidade hoje, o reitor afirma que é imperativo que o bloqueio seja cancelado. “Nossa grande preocupação é que nós somos um produto do desejo da Nação. A Nação entende que precisa reduzir desigualdades. O que nós não podemos é ficar reféns de elementos conjunturais, de um humor de um momento”, afirma.

Maurílio Monteiro é de opinião que um projeto nacional tem de ter regularidade, tem de ter sequência histórica. Então, a preocupação dele é que uma universidade, que é um produto de uma decisão nacional, não pode ficar oscilando se vai ter ou não vai ter como pagar energia elétrica e outros, “em função de um humor de uma conjuntura”.

“Isso não pode depender do bom humor ou do mau humor do presidente”

“Essa é a nossa grande preocupação, uma instabilidade grande que se coloca em função de humores. Nós precisamos de estabilidade, do compromisso da Nação com a região, a Nação tem um passivo histórico com esta região”, argumenta.

Segundo o reitor há quase 5.200 alunos e 700 professores envolvidos com a Unifesspa, mais de 2 mil alunos já formados, outros que estão se formando e também os que estão entrando.  “Isso não pode depender do bom humor ou do mau humor do presidente [da República]. A universidade é um projeto de Estado, de Nação. Mais do que orçamento, precisamos de novos professores, mais 177”, declara.

“Um estudante, quando se forma, muda a vida das pessoas, da família e da região. Em seis anos formamos 2.100 profissionais de todas as áreas. Isso causa um impacto na vida das pessoas e na sociedade”, lembra.

Questionado sobre a possibilidade de o ministro dizer “não” ao desbloqueio, Maurilio Monteiro disse que, caso isso aconteça, não há orçamento para pagar energia nem vigilantes em setembro: “É uma possibilidade remota, mas hoje concreta, porque não temos orçamento, esse é um risco iminente, mas acreditamos que a história é um carro alegre cheio de um povo contente. E nós acreditamos nesse movimento, não só para reverter esse bloqueio mas para incorporar o debate da recomposição orçamentária de 2020”.

Reitor elogia apoio da bancada paraense no Congresso 

Acerca do apoio da bancada paraense no Congresso Nacional, Monteiro elogiou a atuação de deputados federais e senadores do Pará em favor da Unifesspa, que só em 2018, por meio de emendas individuais e de bancada, garantiram mais de R$ 10 milhões para a universidade, viabilizando, por exemplo, a construção de dois prédios em Marabá, um em Rondon e um em Xinguara; energia solar para dois prédios em Marabá e equipamentos do restaurante universitário.

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