Economista da Unifesspa adverte sobre endividamento no fim de ano

Veículo: Correio de Carajás

Data: 27 de Novembro de 2020

Link da Matéria: https://correiodecarajas.com.br/economista-da-unifesspa-adverte-sobre-endividamento-no-fim-de-ano/

O endividamento é um efeito comum na vida dos brasileiros, mas a partir do mês de novembro ele pode extrapolar muito mais do que o esperado, devido a inúmeras despesas atípicas que surgem. O principal são os gastos com as festividades, que trazem no pacote os presentes dos amigos ocultos da família, do trabalho, e de qualquer outro espaço que você frequente.

Sobre esse assunto, o Portal Correio entrevistou o professor Dr. Giliad Silva, economista e docente da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Ele explica que apesar do endividamento ocorrer regularmente nesse período, a previsão é que seja mais catastrófico neste ano, por conta da pandemia do novo coronavírus.

“Muitos estudos apontam que a falta de renda, ocasionada tanto pela crise da pandemia, quanto pelo fim do auxílio emergencial, pode proporcionar um aumento do endividamento total superior ao dos anos anteriores. Por isso, é fundamental prestar atenção nos gastos que virão neste fim de ano”, alerta o professor.

Apesar de muitos encontrarem um equilíbrio com o apoio do 13º salário e demais rendimentos temporários, ainda há aqueles que vivem o pesadelo das despesas superarem até mesmo esses aditivos. Nesse caso, o docente aponta que as pessoas costumam utilizar empréstimos para tentar quitar suas dívidas, o que não é uma má ideia, porém, é preciso ficar muito atento.

“O crédito consignado é o mais utilizado por ser o menos burocrático, mas, pode acabar sendo a saída mais problemática. Então, deve-se observar o valor do montante do empréstimo, por exemplo: se você pegar 10 mil reais, esse valor pode ser parcelado com juros que farão você pagar mais caro”, explica Giliad.

Para evitar essa situação, o recomendado é multiplicar o valor da parcela mensal pela quantidade de meses que o consumidor parcelou a quantia do empréstimo, assim se obtém o valor que será pago no final. Para obter o valor dos juros, deve-se diminuir o resultado pelo valor total do empréstimo. “O recomendado é que seja dada preferência para a forma de pagamento onde os juros serão menores”, indica o professor.

A SABOTAGEM DO IMPULSO

Outro fator que leva as pessoas a caírem no endividamento é o impulso, principalmente na hora das compras, seja de presentes ou de objetos para as festas de fim do ano. A primeira pergunta que deve ser feita é aquela clássica: “Eu realmente preciso disso?”, depois, saber identificar os seus gastos regulares e os temporários.

Os gastos regulares são as despesas mensais, como conta de energia, água, internet, mensalidades de serviços contratados, etc. Já os temporários, são todos aqueles que fogem dessa lista que permanece intacta em quase todos os meses. “O ideal é tentar evitar os temporários, porque, assim você consegue reduzi-los”, diz o Dr. Giliad.

O professor acrescenta que muitas compras temporárias são feitas por conta das vendas a prazo, que é uma opção para quem não pode desembolsar o valor total, dessa forma o valor é dividido em parcelas. Nessas vendas, jamais deve-se olhar apenas para as parcelas do mês, pois “por vezes o consumidor pode acabar comprando um, e sair pagando três”, exemplifica o docente.

E se o cliente possui dificuldades em ter um controle financeiro, a situação pode piorar. A dica do economista é simples: “compre sempre à vista. As compras a prazo são sugeridas apenas para quem consegue controlar seus gastos ou não está em uma situação de sufoco com as despesas”, esclarece.

COMO EVITAR?

De acordo com Giliad, a solução para não se afogar em dívidas é fazer um registro dos gastos, que muitas vezes acaba sendo uma tarefa difícil para os menos organizados, mas, com esse controle, fica mais fácil visualizar o que é necessário e o que não é.

“Há várias formas de produzir esse relatório, seja através do arcaico papel e caneta, ou de planilhas do Excel, ou até mesmo de uma forma mais moderna, usando aplicativos para smartphones”, sugere Giliad.

O Portal Correio pesquisou e encontrou alguns aplicativos que podem ser usados para essa função, como o Organizze Finanças, onde é possível registrar todos os seus gastos, receitas e transferências, criar metas para despesas e acompanhar suas contas e cartões de pertinho.

Há também o Guia Bolso Controle Financeiro, que sincroniza os gastos e receitas com as suas contas bancárias e cartões de créditos. Dessa forma, as transações são feitas automaticamente.

Já o Minhas Economias, além de executar as mesmas funções dos demais, ainda oferece um recurso para quem tem planos para o futuro. Nesta função, basta definir o orçamento total do seu sonho e o aplicativo acompanha seu progresso para chegar ao valor acordado no início.

ME ENDIVIDEI, E AGORA?

Se o endividamento for inevitável ou chegar a acontecer, a saída não será outra a não ser “se controlar” e reeducar-se financeiramente. O professor compara o ato à reeducação alimentar, quando um paciente passa por um nutricionista. “Nessas situações, só uma mudança de hábitos para solucionar o problema, controlar os gastos temporários”, diz Giliad.

Outra opção que ajuda muito é livra-se dos cartões de crédito, que por vezes cria a ilusão nas pessoas de que elas são capazes de adquirir qualquer bem ou serviço. De fato, até podem, porém, isso vem acompanhado muitas vezes da falta de capacidade de conseguir liquidar as faturas destes cartões.

“Também é recomendado optar por aqueles cartões de crédito que não cobram anuidade e outras taxas, como os que bancos digitais fornecem”, sugere o professor.

Por fim, evite as compras a prazo. “Deixe a reforma da casa, a compra do carro ou da moto, para quando você estiver em uma situação financeira estável. Esse momento, é de poupar, para sair do vermelho”, finaliza Dr. Giliad. (Zeus Bandeira)