Em um único de dia ação, um mutirão de limpeza retirou quase nove toneladas de lixo dos rios Xingu e Fresco, em São Félix do Xingu, sudeste do Pará. O trabalhou contou com a participação de 80 voluntários, entre servidores municipais, Câmara de Dirigentes Lojistas e alunos da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) no município. Além de lixo comum, entre os materiais recolhidos havia fogões, geladeiras e pneus.
Batizado de 'CleanUp', o mutirão é realizado há 19 anos e, além de retirar lixo dos rios que banham a cidade, busca promover a consciência ambiental em São Félix do Xingu. "Nosso município é muito procurado nesse período de veraneio por conta das ilhas, que recebem muitos banhistas domésticos e visitantes nas férias", explicou o secretário municipal de Meio Ambiente, Sérgio Benedetti. "Nesse sentido, temos trabalhado em conjunto com a Secretaria Municipal de Turismo. O nosso desafio não é só limpar os rios, mas trabalhar para uma mudança de cultura em relação aos nossos recursos hídricos".
Para além das consequências para o bioma aquático, a poluição dos rios é um problema que tem reflexos diretos na vida da população. É o que defende a professora e pesquisadora da Unifesspa, Andréa Hentz. “A degradação socioambiental é um aspecto presente na realidade amazônica, com implicações para o grau de vulnerabilidade social da região", diz a professora. "O meu olhar de pesquisadora há 20 anos da qualidade de vida dos nossos ribeirinhos e da qualidade microbiológica e física destas águas me preocupa muito. A falta de conscientização da população, quando despejam seus lixos e entulhos no próprio rio, contribui para que nós vivamos surtos de diversas doenças de veiculação hídrica".
O descarte correto de lixo e entulho tem se mostrado uma preocupação não só para grandes metrópoles e já representa um grande problema para municípios do interior. No mutirão realizado em São Félix do Xingu, até restos de um veículo foram encontrados no fundo das águas. "É difícil imaginar como esse material foi parar ali, porque automóveis não fazem travessia para aquela área. E, infelizmente, não conseguimos removê-lo de imediato do fundo do rio, pois isso vai demandar uma outra estratégia", lamentou Benedetti.
Este ano, durante todo o veraneio, equipes estarão a postos nos principais pontos de concentração de banhistas em São Félix do Xingu e conteiners estão sendo disponibilizados para receber todo o lixo gerado pelo lazer dos frequentadores. "Também teremos equipes de limpeza se revezando no recolhimento desse resíduo, além de apostar na educação ambiental dentro das escolas. Nós entendemos que essa é uma questão que deve ser trabalhada desde cedo para um comportamento mais consciente das futuras gerações", conclui o secretário. (Tay Marquioro/O Liberal)Tay
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