“Esse é um dos piores momentos que a Unifesspa já passou na sua história. A Universidade foi criada em 2013 e, até hoje, nós não tínhamos passado por uma situação como essa, de ter que suspender pagamentos de serviços por conta da falta de recursos. E isto se agravou por conta desses cortes que foram feitos no mês de junho de 2022”, desabafou o reitor da instituição, professor Francisco Ribeiro da Costa. “Foram dois cortes que, somados, chegam a R$ 1,7 milhão e que afetou toda a nossa organização”, explicou.
A cada nova restrição financeira anunciada, a Unifesspa se vê diante do impasse de ter que elencar o que é prioridade para não paralisar totalmente as atividades desenvolvidas nos seus 42 cursos de graduação e 13 de pós-graduação. “Tivemos que focar na graduação, principalmente, nas atividades de campo. Nós drenamos todos os recursos para atender às atividades, sobretudo, da graduação, porque entendemos que elas já tiveram que ser represadas durante a pandemia. Então, optamos por atende-las nesse momento”, esclareceu o reitor.
Enquanto os recursos financeiros ficam cada vez mais escassos, alunos, professores e técnicos precisam lidar com mais escassez também de recursos operacionais para seguir com as atividades. Com as limitações impostas por essa situação, a continuidade das ações ensino, pesquisa e extensão estão chegando bem perto do limite, correndo o risco, inclusive, de comprometer os contratos de serviços terceirizados.
“Para se ter ideia, nós temos uma série de equipamentos de laboratório que estão parados precisando de manutenção, mas não temos esse recurso para executar esses serviços ou mandar os equipamentos para o conserto. Nós já não estamos pagando a energia, já suspendemos a viagem de professores a congressos científicos e, no mês que vem, se não recebermos o aporte de recursos necessário para o funcionamento, vamos ter que deixar de pagar os funcionários da limpeza, os funcionários da manutenção e da vigilância”, lamentou o professor Francisco.
Diante das dificuldades, o reitor garante que está sendo feito todo o possível para garantir minimamente o prosseguimento dos trabalhos e evitar que a falta de recursos básicos seja sentida pela comunidade acadêmica. No entanto, as notícias não são muito animadoras. “Este ano, nós já fizemos uma série de comunicações ao Ministério da Educação (MEC). Desde o dia 27 de julho, estamos solicitando recursos. Mas o próprio MEC nos informa que, assim como outros órgãos do governo federal, ele não tem mais limite orçamentário. O último pedido foi enviado no último dia 19 de outubro, onde nós informamos a suspensão do pagamento da energia elétrica, já precavendo que outros pagamentos podem vir a ser suspensos também e que, se nós não recebermos recursos até a próxima semana, vamos ter que parar”, afirmou o reitor. “E isto significa demitir servidores terceirizados e parar a universidade até que nós tenhamos aporte de recursos. Essa é a nossa situação hoje”.
Apesar de todos esses esforços, a comunidade acadêmica já vem sofrendo as consequências da restrição orçamentária pela qual a universidade vem passando. “Não temos mais nem o transporte gratuito que a Unifesspa oferecia aos estudantes que precisavam trafegar entre as unidades de Marabá”, disse o acadêmico de Letras, Carlos Eduardo Alves, integram do Diretório Central dos Estudantes. “O que a gente sente é uma sensação de desamparo e a incerteza se amanhã nós vamos conseguir voltar à universidade”.
“A nossa universidade atualmente se mantém com as portas abertas graças a emendas parlamentares de lideranças políticas que se sensibilizam com a situação. Mas não sabemos até quando vamos poder contar com essa ajuda. Em 9 anos de Unifesspa, esse é o nosso segundo pior orçamento, só é maior que o orçamento do primeiro ano, quando tínhamos 600 estudantes. Só que, hoje, nós temos quase 7 mil discentes”, conclui o reitor, analisando que, desde 2019, a universidade acumula perdas que já somam mais de R$4 milhões.
Unifesspa em números
População acadêmica: 7 mil alunos
População docente: 500 professores
Mão-de-obra auxiliar: mais de 200 técnicos
Área construída: 50 mil m²
Profissionais formados em 9 anos: mais de 4 mil
Cursos: 42 de graduação e 13 de pós-graduação
Cidades onde está presente: Marabá (com três unidades), Xinguara, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu e Rondon do Pará
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